Foi difícil, confesso.
Incentivada pela mentora do Urbe CaRioca, a amiga e jornalista Marilia Martins – que insistia “o assunto é bom, há espaço para opinar” -, eu relutava.
Enquanto relutava conheci o ‘Bloguinho’, o cachorro de um amigo. Ao perguntar o porquê do nome ouvi em um tom carregado de obviedade: “Ora, porque todo mundo tem um blog!” – e o Urbe CaRioca ficou mais longe de nascer… Em seguida veio o comentário de uma amiga, ávida leitora e estudiosa, dizendo: “Não tenho tempo para ler tanta coisa, livros, jornais, textos na internet, e agora cada amigo que se aposenta faz um blog!”. Desânimo total!
Que diferença faria preservar e adaptar galpões antigos da Região Portuária como se faz mundo afora ou substituí-los, indiscriminadamente, para criar torres gigantes de 30, 40 e 50 andares e descartar prédios para habitação; demolir ou não demolir a via elevada chamada Perimetral; ocupar a Marina da Glória – no Parque do Flamengo – e a Floresta Nacional da Tijuca com um Centro de Convenções e estacionamentos para centenas de veículos; construir milhares de apartamentos no lamaçal deGuaratiba; beneficiar de forma desenfreada e perniciosa a indústria hoteleira; criar índices urbanísticos especiais para a Barra da Tijuca e a Região das Vargens; eliminar parte de uma Área de Proteção Ambiental para ao mesmo tempo construir um Campo de Golfe desnecessário e beneficiar o mercado imobiliário; ou questionar as prioridades dos governos do Estado e do Município quanto aos modais de transporte público e a escolha de trajetos?
Por outro lado, o desaparecimento da paisagem urbana mais humanizada e de marcos históricos e culturais acaba por ser assimilado, esquecido, ou lamentado, restando belas imagens e saudade até pelos que não viveram a época anterior.