RODOVIÁRIA EM SÃO CRISTÓVÃO, MAIS OPINIÕES: PRESIDENTE DO IAB E EX-BLOG

Projeto da Coderte para revitalização do Terminal Rodoviário Novo Rio,
construção de terminal de barcas e de 3 torres comerciais de 150 m de altura.

Fonte: Skyscrapercity, 2011
No último dia 08 publicamos UMA RODOVIÁRIA EM SÃO CRISTÓVÃO E UMA TEORIA: 50 ANDARES NO LUGAR DA ‘NOVO RIO’ sobre a proposta de instalar um terminal de transportes de ônibus – dito provisório, talvez definitivo – em terreno situado ao lado de bens tombados, entre os quais a Quinta da Boa Vista, o Museu Nacional e o Jardim Zoológico do Rio, vizinhos imediatos da área.

A ideia gerou polêmica rapidamente, conforme notícia veiculada na imprensa. A intenção da Prefeitura pode ser verdadeira ou, então, é apenas mais um dos atos comuns de gestores que pautam a mídia para conhecer as reações populares.

A confirmar-se a primeira hipótese será em mais uma solução-gambiarra para suprir as mais do que conhecidas deficiências do sistema viário carioca e metropolitano, a exemplo do que fez o governo estadual sob a complacência do governo municipal: considerou prioritário ampliar o Metrô na Zona Sul criando estranhas bifurcações e plataformas novas (ex. General Osório), obras mais caras em detrimento da Zona Norte, ao invés de concluir a Linha 2 e construir a Linha 4 verdadeira Botafogo-Barra via Humaitá e Jardim Botânico; optar por um VLT de Primeiro Mundo exibicionista em vez de levar o Metrô ao Porto dito maravilhoso; ou pelos estranhos BRTs que nasceram ineficientes, dão prosseguimento ao modelo rodoviarista e descartam o transporte sobre trilhos.

Se for a segunda hipótese, as reações da sociedade já surgiram e foram negativas.

Reproduzimos a análise da Newsletter Ex-Blog divulgada em 09/12/2013 – RIO: A IRRACIONAL NOVA RODOVIÁRIA NA QUINTA DA BOA VISTA e a entrevista concedida em 10/12/2013 pelo presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Pedro da Luz, à TV Brasil.

Urbe CaRioca
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NOTA: O Jornal O DIA noticiou hoje que o projeto de construir a nova rodoviária em São Cristóvão foi “por água abaixo”. A notícia não invalida a pertinência dos comentários reproduzidos neste post. Ao contrário, demostra a precipitação e o voluntarismo dos nossos gestores, para usar a expressão de Pedro da Luz.
Globo Esporte, 11/12/2013Estádio Maracanã chuva alagamento (Foto: Severino Silva / Agência Estado)


Newsletter Ex-Blog
      1. A prefeitura anunciou uma nova Rodoviária na região da Quinta da Boa Vista. No setor de transportes da prefeitura do Rio existe uma equipe cujos objetivos são adotar medidas para desintegrar a mobilidade no Rio e levar ao limite a impopularidade do prefeito e do governador (se isso for possível, nos patamares em que estão).  O Globo divulgou a maquete dessa nova Rodoviária e a foto de cima do local, separado do Maracanã pela linha férrea. E a afirmação dos responsáveis que ficará pronta para o Natal de 2013. –  2. Para não dizer que não há algo por trás, talvez esvaziar a Rodoviária Novo Rio para ajudar –e valorizar- a ocupação da área portuária seja o foco. Uns dias atrás divulgaram que a nova rodoviária seria na “esquina” da Avenida Brasil e Washington Luis. De repente, a inacreditável equipe muda de ideia. Mas a que preço? Não serão poucos os problemas que tamanha improvisação acarretará. Vejamos. – 3. A Rodoviária Novo Rio é abastecida por variadas linhas de ônibus, consolidadas e que fazem parte da rotina de milhares de pessoas. Quantas dessas linhas –e quais- serão transferidas para a nova rodoviária? As pessoas que chegam na Novo Rio e se deslocam para as zonas norte e oeste do Rio, que transporte usarão? Linhas deslocadas? Trens, levando as malas até a estação mais próxima? Metrô, idem? – 4. Se a Novo Rio desqualifica a área portuária, por que desqualificar a região da Quinta da Boa Vista? Tanto faz? Com o PEU de São Cristóvão veio uma revitalização da região, anos atrás, com novos empreendimentos no entorno da Quinta da Boa Vista. Tanto faz? – 5. E ao tempo que se aprova uma lei de interesse imobiliário na Barra da Tijuca com a justificativa de se criar um grande parque ali, se desqualifica um Parque histórico já existente – o mais importante da cidade ao lado do Parque do Flamengo. Na Quinta da Boa Vista estão o Palácio Imperial, o Jardim Zoológico, lagos, áreas livres para piquenique muito usadas nos fins de semana e feriados… – 6. E por falar em Jardim Zoológico, a concentração de ônibus produzirá uma inevitável poluição do ar e poluição sonora, estressando os animais, que imaginavam estar livres do estande de tiro do exército. Três questões muito graves para uma decisão dessas tomada pelo “mauricinho” de plantão. – 7. E será que consultaram os padrões urbanísticos que autorizam –ou não- uma rodoviária ali?  E como essa nova rodoviária fica ao lado de uma área tombada, como é o caso da Quinta da Boa Vista e do Palácio Imperial, sem dúvida tem que ser liberado pelos órgãos de Patrimônio Cultural devido à vizinhança e, em primeiro lugar, pelo IPHAN. – 8. Pelo jeito parece que só os que venham assistir jogos no Maracanã, vindos dos caminhos de S. Paulo, Belo Horizonte e Região dos Lagos, poderão –quando seus times jogarem- achar bom. Pelo jeito.

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Nova rodoviária provisória em São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro


Gravei hoje entrevista no programa Repórter Rio da EBC, sobre a iniciativa da prefeitura do Rio de Janeiro de construir uma rodoviária provisória em São Cristóvão, perto do Maracanã. Mais uma vez, o poder público municipal demonstra um certo voluntarismo, e uma incapacidade de se antecipar aos problemas da cidade de forma mais aprofundada e articulada. O desmonte de estruturas como o IPP, que pensavam a cidade de forma mais articulada, planejada e com certa antecedência começa a ser sentido, nestas atitudes apressadas do Prefeito. Há muito, que se discute um lugar mais adequado para um Terminal de Ônibus da cidade, que em algumas hipóteses, não deveria ser único, mas subdividido como em São Paulo. O que defendi na entrevista é que estes terminais rodoviários ou aeroportos devem ser pensados nas proximidades de estações de modais de transporte de alta capacidade (Metrô, Trem ou BRTs) para se evitar o acontecido no último grande feriado, quando para se chegar a Rodoviária Novo Rio levou-se mais de duas horas.

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