OPINIÃO DO MOVIMENTO GOLFE PARA QUEM? DIRIGIDA À REVISTA EXAME

Ontem, 28/10/2014, a Revista Exame publicou artigo intitulado Um equipamento esportivo cria ou reage à uma demanda?

O Movimento Golfe para Quem? divulgou a matéria do jornalista Ricardo Araújo nas redes sociais e também a resposta à mesma, que reproduzimos abaixo. Sem questionar e também sem entrar no mérito dos números e avaliações financeiras apresentadas – por fugirem ao perfil das análises do Blog – comentamos a reportagem no próprio site da revista:

“Prezado jornalista: “Para conhecer o assunto a fundo – muito além do dilema do biscoito, sugiro conhecer histórico, análises, questões urbanísticas, de meio ambiente, do sistema viário, supressão de áreas públicas, e muitos outros aspectos necessários para compreender a dimensão dessa questão. Estão apresentadas no Blog Urbe CaRioca (…). Concordará, por certo, que se trata de um gigantesco negócio imobiliário travestido de golfe dito olímpico e que traz apenas perdas e prejuízos para o Rio de Janeiro, que nada recebe e nem quer receber em troca, pois nada compensaria aquelas perdas”.

Mesmo considerando a observação do autor de que se ateria a apenas um aspecto, esperamos ter contribuído para evitar a simplificação do tema, diante das ameaças que o mesmo representa para a cidade do Rio de Janeiro. O Blog está à disposição da Exame para esclarecer os aspectos urbanísticos mencionados, caso seja de interesse.

NOTA: Notícia no Globo Esporte de 27/10 – “Campo de golfe: juiz nega suspensão de processo e mantém prazo até sexta”.


Urbe CaRioca


                      


Opinião do Movimento Golfe para Quem?

Prezado Ricardo, faltou identificar no texto quem é a líder e qual é o movimento a que você se refere, o que, com todo respeito, compromete a validade do argumento de sua tese.
Com efeito, o mais ingênuo dos argumentos é o citado por você em seu artigo e, observado apenas por este ângulo, pouco contribui ou acrescenta ao debate.

A oposição que se faz contra a construção do Campo de Golfe Olímpico na área de Reserva Ambiental de Marapendi, envolve argumentos bem mais nobres e elevam a causa a um patamar de superior de importância, sobretudo, quando se sobressai a legítima atuação popular contra os graves indícios de uma negociata que causa imensos danos ao patrimônio público travestida de um pomposo projeto olímpico. Ou seja, falando abertamente, de uma tremenda picaretagem com o patrimônio público.
Explicando melhor a quem não se inteirou sobre os fatos, o Projeto do Campo de Golfe envolve a devastação de uma das principais áreas de Mata Atlântica da Cidade do Rio de Janeiro, protegida pela Constituição Federal e por uma série de leis federais e estaduais.

Por iniciativa do Prefeito, no apagar das luzes do exercício legisltativo de 2012, foi aprovada uma Lei Complementar (125/2013) de efeitos concretos, que não observou o devido processo legal, suprimindo os estudos de impacto ambiental e as audiências públicas.

No bojo da aprovação da absurda lei foi maliciosamente inserida a doação de uma parte do Parque Marapendi, isto é, de uma área de 58.000m2 que vale mais de 300 milhões de reais.

Dentro do mesmo pacote de bondades, travestido de Lei Complementar, foi outorgado ao suposto dono do terreno, um conhecido grileiro do Rio de Janeiro, o benefício de construir 22 prédios de 23 andares na parte edificável do terreno, atribuindo-lhe uma sobrevalorização no terreno na ordem de 1 bilhão de reais!

A soma dos benefícios, portanto, atinge a impressionante cifra de 1,3 bilhões de reais!
Evidencia-se desta forma que a iniciativa do Prefeito Eduardo Paes acarretou o enriquecimento injustificado de seu escolhido parceiro de uma significativa quantia, não havendo contrapartida razoável para a Cidade do Rio de Janeiro.

Em verdade, a risível contrapartida propalada pelo Prefeito se constitui no empréstimo do Campo de Golfe a ser construído por 60 milhões de reais para a realização das Olimpíadas e, depois, ria-se mais ainda, a permissão de acesso público ao equipamento.

 Ou seja, o de acordo com o Decreto assinado pelo próprio Prefeito, o campo nunca será público, senão somente o seu acesso, o que significa dizer – em outras palavras – que qualquer cidadão que queira jogar golfe, terá que pagar o valor a ser fixado pelo administrador do Campo.

Será que teremos biscoitos torradinhos (jogadores de golfe) com esse modelo?

Para se ter ideia da promiscuidade entre o Público e o Privado, bem como a evidência de interesses pessoais do Prefeito e de seu grupo político neste nefasto projeto, a licença de instalação do Campo foi concedida pelo próprio Prefeito (que não tem competência para tanto) contrariamente aos pareceres técnicos dos biólogos da Secretaria de Meio Ambiente e da Procuradoria Geral do Município.

E não foi só. Além de conceder uma licença ilegal – que se configura em verdadeiro crime de improbidade administrativa – o Sr. Eduardo Paes isentou a empresa de pagar uma multa de R$ 1.860.312,00 por ter removido vegetação sem prévia autorização da Secretaria de Meio Ambiente.

Como se tudo isso não bastasse, deve ser levado em linha de conta que a Sociedade Civil vem protestando desde antes da aprovação da absurda e inconstitucional Lei Complementar 125/2013 e vem travando uma verdadeira batalha contra o Prefeito na busca de informações e esclarecimentos, tais como a informação sobre o processo de escolha desta área.

Diante de tais fatos e evidências, concluímos que o que está em jogo não é o Golfe e nem a realização das Olimpíadas. O que está em jogo é um esporte pouco exercitado pelo povo brasileiro, o jogo da Cidadania, em que nos cabe exigir dos agentes políticos ou administradores públicos o cumprimento à lei. E nesse jogo, a sociedade do Rio de Janeiro está dando um belo exemplo.

Nós não somos contra o Golfe ou contra a realização deste nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Nós somos contra o flagrante desrespeito à Lei, que, em última análise, se configura em verdadeiro atentado ao Estado Democrático de Direito.



  1. Prezada Andréa, comentário claro e objetivo, é acho importante que o movimento tenha muitas lideranças, mas "a tal líder do movimento" que nobre colunista Ricardo Araújo da Revista Exame não teve o trabalho de citar, seja por desconhecer, seja por não querer comprometer ninguém ou por não ter interesse em divulgar, seja quem for, merecia ao menos um nome melhor que "tal"…

    Abraços!
    Eduardo Cotrim

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