ATERRARAM A BAÍA! UM ATERRO SALVO PELO PARQUE, de Sonia Rabello

PARQUE DO FLAMENGO, RIO DE JANEIRO – Em primeiro plano, o parque integrado visualmente à Praça Paris, o Monumento aos Mortos na II Guerra e a pista de aeromodelismo. À esquerda, o terreno da Marina da Glória com edificações de apoio às atividades náuticas. Ao Fundo, Praia do Flamengo, Baía de Guanabara,  Morro Cara de Cão, Pão de Açúcar, Morro da Urca e Morro da Babilônia. À direita as construções dos bairros da Glória e Flamengo, destaque para o prédio do Hotel Glória, inaugurado em 1922, demolido internamente pela empresa EBX. A imagem mostra com clareza a separação entre área urbana edificável – os bairros – e a área pública non-aedificandi, o Parque do Flamengo, bem de uso comum do povo.

Prezada Sonia Rabello,

Quando trabalhava na Prefeitura, em meados dos anos 1990 um escritório de arquitetura apresentou-me, em audiência, uma proposta salvadora para acabar com os problemas financeiros e de conservação do Museu de Arte Moderna, na época, precisando de reformas. Atenta, ouvi primeiro a lista de vantagens que o MAM teria se aprovada a tal proposta redentora.

Quando, finalmente, o arquiteto mostrou-me a solução, encerrei a audiência: um prédio de 22 andares no Parque do Flamengo, ao lado do museu modernista.

Levantei-me e expliquei a ele que uma linha delimitava o tecido urbano edificável no Rio de Janeiro, e que o Parque do Flamengo situava-se fora desse limite. Sugeri que procurasse um local na cidade para erguer o edifício comercial de escritórios pretendido.

Parabéns pelo artigo.


Andréa Redondo/Urbe CaRioca


O aterramento da Baía da Guanabara (Blog Sonia Rabello)



Sonia Rabello


A foto mostra o aterramento da Baía da Guanabara, nos anos 50.  Se fosse hoje, seria um crime ambiental, óbvio. Lota salvou a cidade desta vergonha ambiental, e fez do Aterro (como alguns ainda insistem em chamar a área) em um Parque: o Parque do Flamengo.

Vê-se, com clareza, o tamanho do que foi tomado das águas, para fazer pistas de rolamento. Isto porque a primeira proposta da obra era tão somente a construção de 8 pistas rodoviárias, para viabilizar a ida da zona sul da cidade do Rio para o centro.

Felizmente, o sonho visionário de Lota de Macedo Soares determinou que esta pedisse ao amigo, o então Governador Carlos Lacerda que lhe “desse” o trabalho, gratuito, de transformar aquela aridez em um excepcional Parque urbano – o Parque do Flamengo.

O projeto do Parque do Flamengo foi desenvolvido por uma equipe de profissionais excepcionais, capitaneada, no projeto urbanístico, por Affonso Reidy, e no projeto paisagístico por Burle Max.

Quando se luta para se conservar o projeto original do Parque tombado, se está lutando para escapar do obscurantismo de transformar áreas verdes em áreas construídas, como está sendo executado na área do Parque denominada Marina da Glória, por um projeto privado da BR Marinas, aprovado pela Prefeitura do Rio e pela presidência do IPHAN.

(…)


NOTAS:

*Artigo publicado originalmente no site Sonia Rabello – A Sociedade em busca do seu Direito em 17/09/2015.

Textos neste blog sobre o caso da Marina da Glória, publicados desde 2012 têm marcadores ‘Marina da Glória’, ‘Parque do Flamengo’, ‘Tombamento’, ‘Áreas Públicas’ e ‘Áreas de Lazer’, entre outros. Os mais recentes foram Marina da Glória, Licença para Matar Árvores, artigo de Canagé Vilhena. Marina da Glória, Obras Desautorizadas – Polêmica Antiga, Capítulo Novo, e Marina da Glória, uma obra bumerangue.

Rio, 50 graus
Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras – Marina da Glória, Parque do Flamengo. 
Foto: Valéria H. Goldfeld, 
09/01/2015



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