CAMPO DE GOLFE: MUITO ALÉM DE CAPIVARAS E TACADAS

Área suprimida do Parque Municipal Ecológico Marapendi


Mesmo com os Jogos Olímpicos em curso as reportagens sobre o caso do Campo de Golfe construído sobre parte de um parque ecológico – o Parque Municipal Ecológico Marapendi – e em evidente conflito com a proteção do Meio Ambiente, continuaram a repercutir nos meios de comunicação internacional. A beleza do espaço, a curiosidade sobre capivaras, corujas, preguiças, jacarés, e as muitas tacadas olímpicas e certeiras não foram suficientes para apagar a estranha história da modalidade que não estava prevista quando da candidatura do Rio de Janeiro a sediar o evento.
O título da vasta matéria publicada ontem, 17/08, pelo site Vice Sports é direto e categórico: RIO DIDN’T NEED AN OLYMPIC GOLF COURSE, BUT THEY BUILT ONE ANYWAY. Em tradução livre: O Rio não precisava de um campo de golfe olímpico, mas, ainda assim, construíram um.

Segundo uma nota no site, Aaron Gordon, o responsável pelo artigo, “is trying to experience the real Rio”. Neste quesito pode-se afirmar que o autor estudou o processo a fundo, produzindo a cronologia dos fatos com precisão e clareza, destaque para as afirmações incoerentes sobre a recuperação do meio ambiente e incrementos na fauna e flora. Parte inicial:


Last week, in the office of Rio de Janeiro’s public ministry, two biologists and a lawyer for an environmental-investigation division called Ambiental GATE patiently listened to me read from a recent Golf Digest article about the new Olympic Golf Course’s positive environmental impact.

They had an intentionally blank expression, as one does when trying to keep it together when you know you’re hearing nonsense.

“Opponents were certain a swamp, known as Marapendi Lagoon, was being despoiled by the course, but the environmental-impact report established the opposite.”

Rodrigo Ventura Marra and Simone Mannheimer De Alvarenga, the government biologists, and Tatiana Moraes, the lawyer, neither nodded nor frowned. They slightly pursed their lips almost in unison.

“Native vegetation has increased by 167 percent, and the number of animal species in the locale has more than doubled since June 2013.”
They had just spent two hours carefully explaining to me in detail why the exact opposite is true: that the Olympic Golf Course destroyed protected land, reduced biodiversity, and was built in violation of Rio’s environmental laws.

I asked them what they thought of Golf Digest’s assessment. Alvarenga politely smiled.

“We have heard these words before. Those words are from the city and the developers.”


O artigo de Aaron Gordon acima reproduzido, e o artigo de Alex Cuadros publicado na revista The AtlanticThe Broken Promise of theRio Olympics – How a chance to remake the city for ordinary Brazilians ended uplining the pockets of the rich instead, devem ser lidos por todos que quiserem conhecer outras faces de algumas decisões tomadas em nome dos Jogos, especialmente aquelas voltadas para beneficiar o mercado imobiliário, dando prioridade ao interesse privado sobre o público, e que, ainda, descartaram as questões ambientais.

Nota: Infelizmente nenhuma das reportagens menciona a supressão também de parte da Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso, em fase final de implantação, como foi mencionado e explicado diversas vezes por este blog, desde 2012, inclusive em várias entrevistas concedidas a jornalistas.

Boa leitura.

Urbe CaRioca


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