A NOVA ORLA DO RIO, 2 – SEM PARTE DAS GRADES!

E, um pouco de poesia.


Fonte: Porto Maravilha

Como já é sabido – pois está em todos os jornais, mídia virtual, e redes sociais – a Marinha decidiu retirar parte das grades instaladas na nova orla marítima do Centro do Rio, aberta ao público durante o período dos Jogos Olímpicos (v. post de ontem – A NOVA ORLA, NO CENTRO DO RIO, COM GRADES – UMA SURPRESA DESAGRADÁVEL!).

 


CISNE BRANCO
Arquivo Marinha do Brasil
Não poderia ser de outro modo.

Intuímos que a Marinha, Força Militar que evoca a poesia do Cisne Branco, provavelmente criou o episódio para pressionar a Prefeitura a concluir a obra de um estacionamento, prevista como contrapartida à liberação dos terrenos.

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Chama à atenção a permanência das grades junto ao mar. Ora, partindo-se da premissa de que era necessário algum tipo de proteção para o público – o que parece razoável – obviamente o projeto de urbanização deveria ter previsto a instalação de um anteparo integrado ao desenho projetado, e de modo a impactar, ao mínimo, a linda paisagem reconquistada. Por outro lado, pode ser interesse da Marinha evitar acessos ao local contra acessos via litoral, apenas uma conjectura.


Quanto à polêmica sobre a área ter sido cedida provisoriamente, ou não, a considerar o trecho do acordo (contrato?) celebrado entre a Prefeitura e a Marinha, mostrado pelo jornal O Globo, a perenidade do espaço conquistado para o público é duvidosa: uma cláusula disponibiliza “a área que servirá para a construção do passeio público, que se tornará bem de uso comum do povo, em caráter irrevogável” na forma de uma servidão de passagem; outra cláusula, ao mesmo tempo, determina que a servidão de passagem “terá validade por prazo indeterminado, somente podendo ser rescindido ou terminado por qualquer razão por acordo mútuo das partes” (v. imagem no final do post).

Para continuarmos com a poesia, vale lembrar o Soneto de Fidelidade*, de Vinícius de Moraes: seja o novo espaço público do Rio infinito enquanto dure.


Urbe CaRioca




Vinicius de Moraes


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes, “Antologia Poética”, Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.


Fonte: Site Projeto Releituras


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