Novo Plano Diretor do Rio: pode ser a pá de cal na Cidade?, de Sonia Rabello

Neste artigo, publicado originalmente no site “A Sociedade em Busca do seu Direito”, a professora e jurista Sonia Rabello destaca que está prestes a ser votada, na Câmara de Vereadores do Rio, a lei que poderá mudar a cara da Cidade nas próximas décadas: o seu novo Plano Diretor. “Periga ser o pior que já tivemos. Optou-se por mudar radicalmente a metodologia do planejamento urbano da Cidade, eliminando todos os detalhamentos dos planejamentos feitos ao longo de décadas para alguns bairros. A população da Cidade do Rio não tem a menor ideia do pacote com mais de mil emendas (!) propostas pelos vereadores, e mais as enviadas pelo Executivo após a primeira votação”, afirma. Urbe CaRioca Novo Plano Diretor do Rio: pode ser a pá de cal na cidade? Sonia Rabello Está prestes a ser votada, na Câmara de Vereadores do(Leia mais)

Antigo Hotel Avenida : o fim de um período cultural rico e vibrante

Fonte: Arquivo Nacional da Cidade do Rio de Janeiro O dia 24 de novembro foi a data da última celebração feita no Hotel Avenida, marco arquitetônico e cultural do Rio de Janeiro, que teve sua demolição iniciada em 4 de novembro de 1957 para dar lugar ao Edifício Avenida Central. Este evento marca o período de rápida urbanização da cidade, marcando também o fim de uma era para os habitantes do Rio. O Hotel Avenida foi inaugurado em 1905, na recém construída Avenida Central (atual Rio Branco), sendo não apenas um estabelecimento de hospedagem, mas um importante ponto de encontro cultural. Sua localização privilegiada, ao lado da estação de bondes, o tornava um centro de gravidade para os eventos sociais e culturais do Rio, como o carnaval. O hotel se destacava não só por sua arquitetura imponente, mas também por(Leia mais)

As batatas

Crônica originalmente publicada na Página Oficinas Literárias Eduardo Affonso em 20/11/2023. As batatas “Ao vencedor, as batatas”(frase do personagem Quincas Borba no romance de mesmo nome) Machado de Assis (1839-1908) O homem saiu em disparada porta afora. Em uma das mãos levava um pacote, a outra apertava algo com força, nas costas a mochila surrada implorava por água e sabão. Ao ouvir o vendedor resmungar, para ela o inusitado passara a ser lugar comum. “De novo, de novo”, o empregado repetia. Resignado, a consolava, a mulher com os olhos arregalados frente ao inesperado. Ela estava acostumada aos pedintes que perambulavam pelas ruas do bairro, a cada dia mais numerosos. Alguns eram figuras permanentes incorporadas à paisagem humano-urbana há anos. Melhor seria dizer desumana. Outros sumiam durante algum tempo e ressurgiam asseados, cabelos aparados, roupas novas, para novamente se entregarem à(Leia mais)

Sobre o Plano Diretor que para nada serve

A quem interessar, segue o link para a quatrocentas páginas do futuro novo Plano Diretor para a Cidade do Rio de Janeiro. Aos que estranharem o título desta postagem, esclarecemos que os PDs em terras cariocas, tal como as leis brasileiras no tempo da Escravidão, são papel “Pra Inglês Ver”. Estabelece maravilhas para a salvação da Cidade enquanto os gestores públicos caminham na direção oposta, sancionando leis perniciosas específicas para determinadas regiões, bairros, setores do mercado imobiliário e até para clubes de futebol, sem nos esquecermos das praças, jardins públicos e orla marítima: ou ao Deus Dará , ou a quem der mais. Urbe CaRioca

Nova série de encontros com Antonio Riserio: Leituras Urbanas

25 de novembro / 2, 9 e 16 de dezembro sempre aos sábados, às 10h da manhã . – 25 de novembro Casa e cidade são palavras do gênero feminino. Mas fazer casa e fazer cidade nunca foram, entre nós, coisa de mulher. À mulher o que sempre coube foi o habitar, não o construir. Ela sempre pousou em ambiente previamente construídos, em prédios masculinos. Já era assim entre nossos índios e nada mudou com a chegada dos portugueses. Tanto no campo histórico, quanto no mitológico. E bem antes de o Brasil vir ao mundo. Na verdade, desde as mais antigas cidades do mundo, como a Babilônia de Hamurábi e a Uruk de Gilgâmesh. Passando por Atenas, Roma, cidades medievais e renascentistas. A mulher-arquiteto é uma invenção da alta modernidade ocidental. 2 de dezembro Chama a atenção uma certa ausência(Leia mais)

Ao clube do coração, tudo, de Roberto Anderson

Publicado originalmente no Diário do Rio, artigo do arquiteto Roberto Anderson, no qual destaca que, salvo algumas intervenções no espaço público exterior, a maior parte dos recursos auferidos pela Operação Urbano Consorciada Vasco da Gama (Projeto de Lei Complementar nº 142/2023) serão usados para a ampliação do estádio do clube, uma entidade privada, e na melhoria do seu parque aquático. “Vale lembrar que, atualmente, o Vasco da Gama é controlado pela 777 Partners, um grupo norte-americano”, afirma. Conforme destacou a professora e jurista Sonia Rabello em suas redes sociais, o artigo mostra como a manipulação dos instrumentos do Estatuto da Cidade vem sendo usada para piorar e deteriorar o planejamento urbano da Cidade do Rio. “O Rio é o símbolo do atraso em matéria de planejamento urbano. Uma das poucas capitais do Brasil que não tem a outorga onerosa do(Leia mais)

Projeto de lei pode retirar estátuas com ligações a escravocratas e violações de direitos humanos

Qual a opinião do leitor? Publicado originalmente no G1 O texto ainda passará pelo prefeito Eduardo Paes para ser sancionado ou vetado. A Câmara de Vereadores do Rio aprovou o projeto de lei que proíbe manter ou instalar monumentos, estátuas, placas e quaisquer homenagens que façam menções positivas ou elogiosas a escravocratas, eugenistas e pessoas que tenham cometido atos lesivos aos direitos humanos, aos valores democráticos, ao respeito à liberdade religiosa e que tenham praticado atos de natureza racista. No parágrafo único, o projeto de lei também determina que as homenagens já instaladas deverão ser transferidas para ambiente de perfil museológico, fechado ou a céu aberto, e deverão estar acompanhadas de informações que contextualizem e informem sobre a obra e seu personagem. Agora , para entrar em vigor a lei precisa ser sancionada pelo prefeito Eduardo Paes – assim que(Leia mais)

Sobre o artigo de Nelson Motta – De volta ao futuro: 1975

O artigo de Nelson Motta, publicado recentemente no Jornal O Globo, traça um panorama sobre a derrocada da Cidade do Rio de Janeiro – e do Estado de mesmo nome – devido a decisões políticas equivocadas. Permito-me recuar ainda mais no tempo. A transferência da capital federal para Brasília, em 1960, foi base para as transformações, inclusive para o esvaziamento do Centro da cidade, movimento  nas ruas, atividades culturais em profusão após o expediente de trabalho. É quando o Rio começa a perder importância. Em paralelo, os códigos de obras vigentes incentivaram o comércio mais forte e a construção de prédios altos com atividades diversas exercidas em escritórios, inclusive consultórios médicos, nas ruas denominadas “Centro de Bairro”, atividades naturalmente necessárias para dar suporte aos moradores locais, mas que, uma vez de maior porte, convidavam ao deslocamento para fora do coração(Leia mais)

Câmara Municipal do Rio: Pauta semanal

Vereadores analisam proposta que expande operação urbana consorciada para São Cristóvão Entre os dias 7 e 9 de novembro, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro começa a debater o Projeto de Lei Complementar 129/2023, que altera a Lei Complementar nº 101/2009 para expandir a Operação Urbana Consorciada (OUC) da região do Porto do Rio de Janeiro para o bairro de São Cristóvão. Segundo a proposta, a expansão significa um acréscimo de 3,7 milhões de metros quadrados para utilização dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), títulos comercializados pela Caixa Econômica Federal. De acordo com a OUC, o investidor compra os certificados e recebe o direito de construir com novos parâmetros urbanísticos e edilícios. Com a mudança sugerida, será possível usar os Cepacs previamente emitidos tanto no Porto como em São Cristóvão. Uma outra mudança proposta pelo Poder Executivo(Leia mais)

O passado favelado do Leblon, de Roberto Anderson

Neste artigo publicado originalmente no Diário do Rio, o arquiteto Roberto Anderson afirma que engana-se quem só conhece tão somente o presente glamoroso do Leblon, na Zona Sul do Rio, cenário das tramas novelescas que retratam a burguesia carioca, destacando que o bairro já teve favelas conhecidas. Urbe CaRioca O passado favelado do Leblon Engana-se quem só conhece o presente glamoroso do Leblon, cenário das tramas novelescas que retratam a burguesia carioca, o bairro já teve favelas conhecidas Ipanema e Leblon se alternam na posição de bairros com o maior valor do m² na Cidade do Rio de Janeiro. Se o primeiro convive com o conjunto de favelas Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, o Leblon é um bairro sem nenhuma comunidade do gênero. Mas, nem sempre foi assim. Engana-se quem só conhece o seu presente glamoroso, cenário das tramas novelescas que(Leia mais)