O arqueólogo e incansável defensor do patrimônio cultural, Cláudio Prado de Mello, fez um levantamento detalhado dos principais bens históricos e mobiliário público furtados ou vandalizados no Rio de Janeiro nos últimos anos.
“Estamos tendo o verdadeiro desmonte dos monumentos urbanos de forma silenciosa , continua e sem fiscalização”, destaca, acrescentando que a falta de ações efetivas imediatas ratificarão ainda mais o inaceitável estado de abandono em relação ao patrimônio publico, “que é único, frágil, não renovável, de alta sensibilidade e uma vez destruído estará inexoravelmente perdido”.
Urbe CaRioca
LISTA DO SAQUE
Listagem dos principais Bens Históricos e Mobiliário Público furtados ou vandalizados no Rio de Janeiro
E seguem os roubos dos monumentos da Cidade Quase Maravilhosa …
De acordo com a Prefeitura foram registrados sete furtos a monumentos do Rio pela Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente do mês de janeiro até julho. Mas calcula-se que o número seja muito maior, pois a maior parte nem conta com registro de ocorrência na Policia.
Os últimos casos registrados foram na Avenida 13 de Maio, no Centro, com o furto parcial da face da Princesa Isabel em bronze, e na Quinta da Boa Vista, em maio, onde o busto de José Bonifácio foi integralmente furtado.
Outros alvos, em abril, foram o hidrômetro do Chafariz do Monroe, na Praça Mahatma Gandhi, no Centro, e a espada de bronze do Monumento João Caetano, na Praça Tiradentes. O hidrômetro do Chafariz Dança das Águas, na Cidade Nova, foi furtado em março. Já a mão da ‘menina dos balões encantados’, em Ipanema, e o busto Raymundo Correa, em bronze, no Passeio, no Centro, foram em janeiro.
O Patrimônio Edificado é o símbolo de uma sociedade. Em um mundo globalizado no qual a arquitetura, os comportamentos, as vestimentas, os gestos e tudo mais caminham para uma massificação e planificação, o único traço que consegue manter a identidade e os traços de uma dada cultura ou sociedade são as formas de seu passado. Essas formas podem ser vistas nos museus públicos, nas coleções particulares, nos guardados familiares e nas edificações que conseguem se manter apesar do tempo.
Dessa forma, preservar as características culturais de um povo deixou de ser uma preocupação e se tornou uma luta de muitos Ativistas do Patrimônio em todo o Mundo.
Esta lista foi elaborada em Agosto de 2018 e não é um estudo completo e abrange os casos mais conhecidos.
Segue então a lista de bens que carecem de atenção urgente dos bens do Patrimonio a nível Municipal, Estadual, Federal e incluindo os Privados, considerando o que é Tombado ou não tombado, mas que por ser histórico merece a nossa atenção.
Rio de Janeiro, 30 de Agosto de 2018.
Claudio Prado de Mello ( Prof Ms)
Arqueólogo e Historiador Conselheiro do Conselho Estadual de Tombamento SEC RJ
Conselheiro Municipal de Cultura do Rio de Janeiro
Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do RJ Museu da Humanidade – IPHARJ
(21) 96554 5855, 9188 4880 Sede: 21 3358 0809
LISTA DO SAQUE
1) Área Central
1.1.) Cinelândia e Passeio
A Cinelândia é o nome popular da região do entorno da Praça Floriano, no centro da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, englobando a área desde a Avenida Rio Branco até a Rua Senador Dantas, e da Evaristo da Veiga até a Praça Mahatma Gandhi, onde outrora ficava o Palácio Monroe.
Prédio do Automóvel Clube do Brasil, no Passeio Público. Apesar de ter sido feita uma pintura da fachada o interior do prédio esta acabado, inclusive roubaram todo o madeiramento que sustentava os assoalhos de madeira. BEM DO MUNICÍPIO
1.2) Praça Paris e Glória
1.3) Catete e Glória
Furto das 10 estátuas de bronze do Palacete São Cornélio em 2011, tendo seis sido recuperada pela Policia Federal em 2011. Por último, os ladrões levaram as calhas de cobre causando um dano ainda maior ao telhado
1.4) Praça XV – Centro. Desmonte do Monumento ao General Osório na Praça XV. Monumento do final do século XIX, o gradil era feito com o bronze derretido dos canhões da Guerra do Paraguai e foram roubados um após o outro. As decorações em bronze do monumento a cada dia são mais depredadas e as pedras vandalizadas. Os gradis foram vistos em um ferro velho na Rua Baraão de São Félix, atrás da Central do Brasil, na época. BEM DO MUNICÍPIO
1.5) Centro – Campo de Santana e ruas do Centro em frente à Central do Brasil , oito metros de grade ( em trechos diferentes ) foram furtados do Campo de Santana há quase 60 dias e a Fundação Parques e Jardins só registrou a ocorrência 11 dias após o crime na 4ª DP (Praça da República)
1.6) Quinta da Boa Vista e São Cristóvão
1.7) Centro – Largo de São Francisco
1.8) Ipanema
1.9) Floresta da Tijuca
1.10) São Gonçalo – Fazenda Colubandê está abandonada desde 2012 por ordem de Sérgio Cabral. Já sofreu vários atentados em outubro de 2017. Em 21 de janeiro roubaram o seu retábulo de madeira dourada de 1750 e levado para São Paulo pelo ladrão. Bem de 122.000 m2, desapropriado dos herdeiros do Barão de São Gonçalo nos anos 1960, mas não foi paga a desapropriação. BEM DO ESTADO. Neste caso, fizemos denúncias ao MPF e Polícia Federal. O último abriu investigação e fomos depor meses atrás .
1.11) Nova Iguaçu – Fazenda São Bernardino. Em 2016 , uma equipe da CEDAE precisando de material de entulho para cobrir uma área alagada, destruiu toda a lateral da Fazenda que estava de pé. Porte de Iguassu. Compartimento de aporte de passageiros desmoronou e não teve atenção do poder público até hoje.
1.11) Duque de Caxias – Igreja Nossa Senhora do Pilar. Marco da arquitetura colonial religiosa fechado e abandonado por mais de 10 anos. Teve suas colunas e estatuaria furtadas. Uma parte foi recuperada pela Policia por ação do INEPAC.
1.11) Quissamã – O Palacete da Mandiquera tem sido sistematicamente roubado. Seus elementos de bronze, vasos ornamentais e elementos arquitetônicos estão progressivamente desaparecendo. Elementos de ferro e bronze têm desaparecido sistematicamente. Por último, em final de agosto 2018, tivemos a informação que as portas da Fazenda estavam sendo comercializadas a R$ 500 o par. Em um site dos Estados Unidos encontramos uma escultura similar a venda por mais de U$ 40 mil, mas não sabemos se é a mesma.
1.12) Outros
Parabéns pela denúncia e lamento o aumento da lista. Fruto de um descaso de nossos políticos que deixaram a economia,, a educação e a cultura do Rio de Janeiro sem nenhum investimento. Lamentável o que eståo fazendo com a cidade maravilhosa.
Ficou faltando aí nessa lista os bens furtados e vandalizados na área de Campo Grande, Paciência e Santa Cruz.
COMO professora de história, bibliotecária e arquivista, lamento a devastação cultural no BRASILl e principalmente, onde nasci, RIO DE JANEIRO. aos 74 anos, assisto, sob protesto, o abandono da cidade ao longo dos anos pelas prefeituras e governos estaduais.SE nenhuma providencia for tomada, perderemos nossa memória cultural A PERDA DO ACERVO E PRÉDIO DO MUSEU NACIONAL, REPRESENTOU UM ALERTA GERAL—- CULTURA NÃO É MERCADORIA.!!!
Dá tristeza ver o que foi feito para embelezar a cidade, se perder e vandalizar pelo abandono de quem deveria cuidar, o próprio cidadão. Certo é que o Prefeito, sendo síndico da cidade, deve cuidar e zelar pelos patrimônios, mas cada cidadão deve vigiar e ajudar nos cuidados das benfeitorias, pois eles próprios são os principais beneficiários das belezas de suas cidades.
Tão importante fazer
Esse
Inventário com denúncia e triste perceber que a
Maioria desses objetos acaba nas mãos e paredes abastadas, mesmo que se insista em dizer que são vendidas
Como sucata. Exemplo: cocares e demais adereços indígenas que apesar da proibição de comércio migram pra todo lado na eterna justificativa que já eram de acervo do morador, oras oras. Casas novas que nunca tiveram nada indígena passam a ter paredes inteiras de diversos adereços, por sugestão de decoradores e arquitetos.