Descaso oficial condena Palacete da Praça da República à ruína

O caso do Palacete da Praça da República é mais um retrato da inércia e da falta de compromisso do poder público com a preservação do patrimônio histórico. Apesar de o imóvel ter sido cedido ao Iphan em 2012 para sediar o promissor Centro Nacional de Arqueologia, o projeto jamais saiu do papel. Em vez disso, a promessa se converteu em abandono, infiltrações, risco de incêndio e ameaças estruturais que o Ministério Público Federal alertou há anos — sem que medidas efetivas fossem tomadas. Agora, pressionado por determinação judicial, o Iphan realiza obras emergenciais mínimas, com a única finalidade de impedir o colapso até devolver o prédio à UFRJ.

O que se vê não é um esforço de restauração, mas um paliativo para corrigir, às pressas, anos de descaso administrativo e negligência institucional. Desde o fim do prazo de 48 meses para as obras — que expirou em 2016 — o imóvel, protegido no âmbito municipal por integrar o Corredor Cultural, tornou-se símbolo de promessas não cumpridas, disputas burocráticas e desrespeito à memória arquitetônica do Rio de Janeiro. O poder público, que deveria zelar pela preservação, agora se limita a “tapar buracos”, entregando um patrimônio debilitado e mutilado pela omissão de quem tinha a obrigação legal e moral de protegê-lo.

Urbe CaRioca

Obras emergenciais do Iphan no Palacete da Praça da República são paliativas; imóvel vai ser devolvido à UFRJ

Em 2012, o prédio foi cedido ao próprio ao órgão, que prometeu instalar ali o Centro Nacional de Arqueologia. O projeto nunca saiu do papel e o jeito foi devolvê-lo

Por Victor Serra – Diário do Rio

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Os trabalhos, iniciados no fim de julho, devem seguir até novembro

Depois de anos no centro de um imbróglio envolvendo promessas de restauro, abandono e um interminável jogo de empurra entre órgãos públicos, o Palacete da Praça da República, número 22, finalmente deu início às obras. Mas, apesar da placa do Governo Federal na fachada, o que está em andamento é um serviço emergencial para manter o prédio de pé até que ele seja devolvido à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Investigações conduzidas pelo MPF alertaram, há pelo menos dois anos, para o risco de incêndio e desabamento, além de indícios de invasões.

Os trabalhos, iniciados no fim de julho, devem seguir até novembro e incluem escoramento de uma parede do segundo pavimento, troca da tela de proteção da fachada, manutenção pontual da concertina, limpeza interna, retirada de entulhos e vegetação, instalação de tampa na cisterna, colocação de escada provisória, vedação do vão de entrada com porta temporária e fechamento de aberturas no térreo, segundo informações enviadas em nota oficial ao DIÁRIO DO RIO.

O histórico do imóvel explica o clima de urgência. Abandonado há quase 15 anos, o prédio foi alvo, em 2024, de determinação da Justiça Federal para que o Iphan realizasse obras emergenciais, após ação do Ministério Público Federal alertar para o risco de desabamento e incêndio. Apesar de não ser tombado pela União ou pelo Estado, o palacete tem proteção municipal por integrar o Corredor Cultural.

O prédio já teve dias mais movimentados. Depois de pertencer à União, passou para a UFRJ em 1978, abrigando o Instituto de Eletrotécnica e a Escola de Comunicação. Em 2012, foi cedido ao próprio Iphan, que prometeu instalar ali o Centro Nacional de Arqueologia. O projeto nunca saiu do papel e o jeito foi devolvê-lo.

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