Nosso, vosso prefeito fashion ataca outra vez. Em grande estilo apenas na quantidade. Mais de 300 imóveis municipais serão colocados à venda. Dinheiro que irá para o caixa aparentemente sem fundo, saco de filó – como dizia a avó – que nada retém. Peneira a ser preenchida com impostos voadores porque dispensados, gabaritos voadores inexistentes que são atirados e se materializam na Zona Sul e na Barra da Tijuca, nesta, em especial, no trecho rebatizado de Sudoeste em busca de algum glamour e destaque dentro da Oeste tão maltratada.
A lista é vasta. Em vários deles funcionam departamentos regionais de diversas Secretarias, que atendem a população vizinha mais próxima e dispensam o deslocamento até o Centro da cidade.
Há mais barbaridades urbano-cariocas. O conjunto apresenta dezenas de “Lote x do PAL y”. Significa o lote (parte de uma área maior cuja divisão foi aprovada pela prefeitura para vendas posteriores, ainda sem numeração de rua) do respectivo Projeto de Alinhamento e Loteamento. Para a aprovação a lei obriga o loteador a destinar parte da terra a ruas, jardins, praças, e doar ao município lotes que receber escolas públicas e outros equipamentos urbanos comunitários. Foi o modo pelo qual o legislador quis garantir a infraestrutura necessária à população e aos bairros em questão, os terrenos passando a configurar áreas públicas livres ou Próprios Municipais que receberão os citados equipamentos: escolas, postos de saúde, e setores administrativos, por exemplo.
A dispensa elimina a possibilidade de dotar as regiões de construções de apoio básicas e necessárias, e provoca mais adensamento, novos gabaritos onde nada deveria ser construído ou onde haveria construções pequenas, menos áreas livres permeáveis, mais sobrecarga às redes de água, luz e esgoto.
Caro leitor, é essa a solução de que o Rio de Janeiro precisa? Intuímos que não se trata de solucionar coisa alguma, apenas tapar o sol com a peneira por onde os recursos logo se esvairão, enquanto o prefeito, outra vez, faz a alegria do mercado imobiliário, tal como o Reviver Centro, a Mais-Valia e a Mais-Valerá.
Urbe CaRioca
Passando nos cobres: Prefeitura do Rio pede autorização da Câmara para vender 324 imóveis públicos municipais
Berenice Seara – Tempo Real RJ
A Prefeitura do Rio encaminhou à Câmara de Vereadores o projeto de lei complementar 93/2025, que autoriza a venda de 324 imóveis públicos, incluindo bens vinculados ao Fundo Especial de Previdência do Município (Funprevi). Segundo o executivo, a ideia é dar destino ao que é considerado ocioso, atrair investimentos e gerar novas receitas.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) já havia avisado aos vereadores, em agosto, que passaria nos cobres centenas de prédios e terrenos, mas a lista só chegou agora, no fim do ano.
Apesar do potencial impacto financeiro, o projeto não detalha quantos imóveis públicos pertencem ao Funprevi nem apresenta estimativas sobre o valor que poderá ser arrecadado com as vendas. Também não há demonstração de que os recursos obtidos seriam suficientes para reduzir o déficit previdenciário, indicando que o efeito sobre o fundo pode ser apenas pontual, sem solucionar seu desequilíbrio estrutural.
O texto do PLC deixa a avaliação dos imóveis públicos para etapas futuras, após a aprovação da lei. Ou seja, os vereadores foram convocados a autorizar a venda de patrimônio sem saber qual o retorno financeiro esperado.
A distribuição dos imóveis é desigual. A maior concentração está nas zonas Oeste, com destaque para Campo Grande e Santa Cruz, e Sudoeste, incluindo Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio, além do Centro da cidade. Nessas regiões, os impactos urbanos tendem a ser mais significativos, com possíveis efeitos sobre ocupação do solo, trânsito e serviços públicos.
Saiba onde ficam os 324 imóveis públicos que a prefeitura quer vender, e seus respectivos bairros:
Área de Planejamento 1 (AP1):
Catumbi: 15
Centro: 30
Cidade Nova: 25
Estácio: 9
Gamboa: 24
Lapa: 8
Rio Comprido: 2
Santo Cristo: 1
Saúde: 3
Vasco da Gama: 1
Área de Planejamento 2 (AP2):
Botafogo: 2
Catete: 1
Jardim Botânico: 1
Laranjeiras: 1
Tijuca: 12
Vila Isabel: 2
Área de Planejamento 3 (AP3):
Braz de Pina: 1
Cachambi: 4
Colégio: 1
Costa Barros: 1
Del Castilho: 3
Encantado: 1
Engenho de Dentro: 4
Guadalupe: 1
Ilha do Governador (Jardim Carioca): 2
Ilha do Governador (Tauá): 1
Inhaúma: 1
Irajá: 3
Madureira: 1
Méier: 1
Olaria: 2
Pavuna: 1
Penha: 1
Piedade: 1
Pilares: 1
Vila da Penha: 1
Área de Planejamento 4 (AP4):
Barra da Tijuca: 35
Barra Olímpica: 2
Curicica: 1
Jacarepaguá: 22
Recreio dos Bandeirantes: 15
Taquara: 4
Vargem Grande: 1
Área de Planejamento 5 (AP5):
Bangu: 6
Campo Grande: 38
Cosmos: 3
Guaratiba: 9
Realengo: 1
Santa Cruz: 12
Santíssimo: 3
Senador Camará: 2
Senador Vasconcelos: 1