Foi uma grata surpresa assistir ao vídeo de Raul Juste Lores — no canal São Paulo nas Alturas — o qual expõe, com precisão, os inúmeros problemas da região do Porto Maravilha do ponto de vista urbanístico. Tais dificuldades foram gestadas a partir de decisões equivocadas do governo municipal do Rio de Janeiro – Executivo e Legislativo – que, historicamente, priorizam áreas como a Barra da Tijuca e a Baixada de Jacarepaguá, em detrimento de tantos outros bairros carentes de infraestrutura e conservação, abandonados enquanto se incentiva a expansão urbana.
No vídeo, Lores afirma que ninguém contestou esses equívocos durante a concepção dos projetos. Quanto a isso, cabe a este blog comentar: desde o início fomos críticos incansáveis das propostas apresentadas, infelizmente, concretizadas.
São exemplos a localização prioritária dos equipamentos olímpicos e habitacionais na Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes e vizinhança, o excesso de índices construtivos concedidos para hotéis, o condomínio Ilha Pura, a vila dos árbitros, a demolição do Autódromo do Rio, a demolição do Maracanã com inexplicável autorização do IPHAN, a mutilação da Área de Proteção Ambiental Marapendi, o desnecessário Museu do Amanhã (para não mencionar a estética e a aridez do entorno), as milionárias isenções de impostos concedidas ao mercado imobiliário, verbas públicas descartadas, e a bem-vinda demolição do Elevado da Perimetral substituída por uma via expressa (!) ao rés-do-chão.
Os erros, porém, se repetem. Caminham para aprovação novas leis igualmente danosas, como as que envolvem o chamado Parque Olímpico e o combalido bairro do Catumbi — ou, mais precisamente, o que restou dele após ser devastado por vias expressas e pelo sambódromo, a derradeira pá de cal.
