Uma gota positiva no mar de barbaridades urbano-cariocas

A reação do prefeito Eduardo Paes diante de mais uma intervenção urbana que interfere na paisagem carioca expõe a tensão permanente entre interesses privados e a preservação do patrimônio visual do Rio. Após a polêmica das placas instaladas na Lagoa, Paes voltou às redes para denunciar e ordenar a demolição de um anexo construído em um quiosque no Mirante do Leblon — estrutura que bloqueava uma das vistas mais emblemáticas da cidade.

A ofensiva do prefeito, marcada por tom indignado e promessa de ação imediata, recoloca no centro do debate a falta de transparência nos processos de autorização e o impacto de decisões administrativas que comprometem a relação histórica entre o Rio e seu conjunto urbanístico.

Neste caso, os dois exemplos de filigranas, facilmente removíveis, foram oportunidades para o Chefe do Executivo apregoar, outra vez, sua (pseudo) eficiência para com a defesa de aspectos urbanos como a identidade visual, o patrimônio cultural e o meio ambiente.

O caráter positivo das ações jamais apagará dezenas de barbaridades urbano-cariocas protagonizadas pelo chefe do Executivo ao longo de seus vários mandatos. São episódios danosos a autorização para desfigurar e construir em praças e áreas públicas – como no Jardim de Alah e no Pão de Açúcar -, o destombamento de bens culturais protegidos, a demolição do Autódromo do Rio, as inúmeras benesses concedidas “pra Olimpíada”, os gabaritos de altura e potencial construtivo permanentemente aumentados, as famigeradas mais-valia e mais-valerá, e a perda do espaço conhecido por “Buraco do Lume”.

Coroa o mar de equívocos a panaceia anunciada como salvadora da área central, o Programa Reviver Centro que, tal como as olimpíadas, o porto dito maravilha estendido para bairros vizinhos, e as mais valias, faz a alegria do mercado imobiliário e aumenta exponencialmente o número de construções na Zona Sul e na Barra da Tijuca.

O promissor menudo de alto gabarito na equipe César Maia tornou-se o Prefeito dos Gabaritos Altos. O Estado do Rio que se cuide.

Urbe CaRioca

Paes ordena demolição em quiosque no mirante do Leblon; “não sei quem foi o gênio da prefeitura que autorizou essa obra”

Felipe Galeno – Tempo Real

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Segundo prefeito, quiosque estaria obstruindo vista do mirante do Leblon – Foto: Reprodução/TV Globo

Após as placas nas margens da Lagoa neste domingo (07), o prefeito Eduardo Paes (PSD) se “revoltou” nas redes sociais com outra construção que obstrui a vista na Zona Sul. Nesta segunda-feira (08), ele usou o X para anunciar que ordenou a demolição de uma estrutura em um quiosque no Mirante do Leblon.

Na postagem, o prefeito disse que vai demolir o anexo do estabelecimento até esta terça (09). Ele disse que não sabe se os proprietários tinham autorização do município para construir no mirante, que conta com uma das vistas mais conhecidas do Rio. O quiosque fica na Av. Niemeyer, no fim da praia do Leblon.

“Não sei quem foi o gênio da prefeitura que autorizou essa obra no Quiosque do mirante do Leblon com direito a um banheiro tapando uma das vistas mais incríveis da cidade. O fato é que a demolição desse absurdo não passará de amanhã! Estou partindo do pressuposto que os caras tem autorização para isso. Se não tiverem o custo será mais alto ainda”, disse Eduardo Paes.

Antes de quiosque no Leblon, prefeitura vai remover placas na Lagoa

Neste domingo (07), Paes determinou a retirada imediata de placas de metal instaladas na Avenida Epitácio Pessoa para o lançamento da Árvore da Lagoa. A decisão veio após críticas de moradores e vídeos que mostravam a ciclovia isolada da pista. Ele reconheceu o risco à segurança e ordenou a remoção das estruturas. O motivo para a instalação não foi divulgado.

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