A Casa de banhos de D. João, de André Luis Mansur

Neste artigo, o jornalista e escritor André Luis Mansur descreve uma curiosa história, entre tantas, envolvendo o príncipe-regente D. João. “Uma das mais pitorescas é a que envolve o carrapato que o teria picado na Fazenda de Santa Cruz, onde hoje é o bairro carioca de mesmo nome. Diante da ferida surgida na gorda e branquíssima perna do príncipe, os médicos da Corte não relutaram em receitar algo que ainda estava muito longe de fazer parte do hábito do carioca”. Vale a leitura !

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A Casa de banhos de D. João

Texto: André Luis Mansur
Fotos: Ronaldo Morais, de 1986, bem antes da reforma

Entre as tantas histórias curiosas que envolvem o príncipe-regente D. João, uma das mais pitorescas é a que envolve o carrapato que o teria picado na Fazenda de Santa Cruz, onde hoje é o bairro carioca de mesmo nome. Diante da ferida surgida na gorda e branquíssima perna do príncipe, os médicos da Corte não relutaram em receitar algo que ainda estava muito longe de fazer parte do hábito do carioca: o banho de mar.

E onde seria este banho de mar? O local mais indicado acabou sendo a praia do Caju, bem pertinho do Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista. Dom João, depois de muitas dúvidas, como era de seu feitio, concordou, mas é lógico que o banho de mar do Rei de Portugal, Brasil e Algarves não poderia ser um mergulho comum, simplesmente se jogar (ou dar uma barrigada) na água. Assim, foi feita uma cesta em forma de tina, assemelhando-se a uma banheira. Levado por seus escravos, o rei era colocado na engrenagem depois da arrebentação das ondas, ficando durante alguns minutos com o corpo coberto até os ombros. dar apoio a esta atividade tão sacrificante, foi oferecido, e prontamente aceito, ao monarca uma confortável casa na Ponta do Caju, de propriedade da influente família Tavares Guerra, que mantinha ótimas relações com a família real e é a mesma que foi dona da Fazenda de Nossa Senhora da Conceição. A casa ficava no interior de uma grande chácara e recebeu acréscimos ao longo do tempo.

Tombado pelo Iphan em 1938, a Casa de Banhos de D. João VI foi restaurada e abriga, muito apropriadamente, o Museu da Limpeza Urbana da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), na Praia do Caju, 385, mas que infelizmente está fechado, com vários problemas de conservação. Moradores do bairro têm se mobilizado pela reabertura do museu.

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