A Ilha do “Seu William” – Artigo de André Luis Mansur

Neste artigo, o jornalista e escritor André Mansur detalha, de forma interessante, fatos históricos sobre a Ilha de Guaratiba através de suas peculiaridades e versões curiosas. Vale a leitura

Publicado originalmente na página Santa Paciência

Urbe CaRioca

A ILHA DO “SEU WILLIAM” – Por André Luis Mansur

Largo da Ilha de Guaratiba

O nome da ilha de Guaratiba até hoje gera controvérsias. A ilha, na verdade, não existe, é uma grande porção de terra sem ligação nenhuma com o mar. A versão mais divulgada para o seu nome é a de que viveu por lá um oficial inglês, William, que teria chegado com a corte de D.João VI, em 1808.

De tanto as pessoas falarem o “seu William, de Guaratiba”, o nome teria sido simplificado, com o tempo, para “Ilha de Guaratiba”. Para Brasil Gerson, no livro “História das ruas do Rio”, esta versão não pode ser aceita, pois ele cita um documento de 1806, anterior, portanto, à chegada de D.João, que já fala no Engenho da Ilha.

Para ele, o nome pode ter sido originado dos muitos canais e valas que existiam na região e que, quando choviam, alagavam e deixavam um bom pedaço de terra realmente cercado de água por todos os lados, tanto que o principal meio de transporte nessas ocasiões era a canoa.

Paróquia São Salvador do Mundo, antiga Igreja Matriz de Guaratiba

A Ilha se formou no sopé da serra da Grota Funda, que era um difícil caminho (hoje asfaltado) usado por tropeiros, que levavam a produção das fazendas para a cidade. Fania Fridman (“Donos do Rio em nome do Rei”) também cita o Engenho da ilha, que em 1806, dois anos antes da chegada de D. João VI, foi vendido a Francisco de Macedo Freire.

Bonde para Ilha de Guaratiba, observem a propaganda do café Capital. Data- Anos de 1950 Acervo- Guaraci Rosa

No livro “Vultos e sombras”, Pedro Goulart Netto fala da “acirrada rivalidade” que havia entre ilhenses e pedrenses, até o início do século 20.

“Naquelas longínquas e atrasadas paragens, com meios de comunicação difíceis, o único entretenimento do povo era mas festas da igreja. Quando havia uma festa em Santo Antônio da Bica, era certo que muita gente da Pedra a ela comparecia. Quando havia festa de São Pedro, na Pedra, lá estaria gente da ilha. E então, nessas ocasiões, surgiam brigas entre ilhenses e pedrenses.”

André Luis Mansur – jornalista e escritor- Escreve semanalmente para página Santa Paciência.

Pesquisa de imagens – Guaraci Rosa

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