Artigo: BOLA FORA DA PREFEITURA, de Renato Cinco


Desenho – Urbe CaRioca



O artigo sobre o inaceitável Campo de Golfe construído em reserva ambiental, no Rio de Janeiro, cidade prestes a completar 450 anos de fundação, reproduzido a seguir, foi publicado no jornal O Globo em 30/12/2014. O autor, vereador Renato Cinco, traça um bom panorama sobre o assunto.

Infelizmente o texto não menciona a supressão da Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso, mais um aspecto urbanístico sério entre tantas decisões equivocadas, conforme analisado em várias postagens neste blog. O assunto, de fato, tem muitas faces!

Por outro lado, o site G1 de notícias divulgou a manifestação ocorrida no último sábado contra a falta d’água em diversos bairros da Zona Oeste  – relatada no post de ontem neste Urbe CaRioca – enquanto, segundo os manifestantes, milhares de litros são gastos diariamente para irrigar o terreno onde o campo de golfe, dito olímpico para os jogos 2016, está em construção, parte dele sobre área de reserva ambiental às margens da Lagoa de Marapendi. E, ontem, mais uma entrevista, com a falácia de sempre por parte da prefeitura, foi publicada no site Bloomberg.


Boa leitura.

Urbe CaRioca




Renato Cinco


Município atropela legislação para construir campo de golfe

Passada a Copa, a lógica dos megaeventos persiste na preparação para as Olimpíadas: atropelo e violação de parâmetros urbanísticos e ambientais em prejuízo da população. O local escolhido pela prefeitura para construir o Campo de Golfe Olímpico, às margens da Lagoa de Marapendi, na Barra, é um raro reduto de Mata Atlântica, de restingas e manguezais com espécies ameaçadas de extinção.
Com a proximidade dos Jogos, a prefeitura celebrou um acordo com Pasquale Mauro, transferindo a responsabilidade pela construção do campo. Em contrapartida, ele receberia o aumento do gabarito para construção de prédios na área.
As licenças ambientais foram concedidas em tramitação acelerada e anormal, mesmo com manifestações de técnicos da prefeitura contrárias ao projeto. Diante das ilegalidades detectadas no licenciamento e do avançar da devastação no local em função das obras, uma ação civil pública foi ajuizada.
Segundo o Ministério Público, o projeto “não atende aos objetivos de criação da Área de Proteção Ambiental, já que aniquila por completo todos os atributos ambientais e funções ecológicas daquele ecossistema”.
Recentemente, o juiz do caso afirmou que são justas as dúvidas sobre a legalidade do licenciamento e que a devastação ambiental causada pela obra olímpica é inegável, e ainda maior do que ele mesmo imaginava.
A prefeitura e a Fiori Empreendimentos (responsável pela construção) afirmam que a área já estava degradada. Contudo, tal fato não retira seus atributos ambientais. Segundo biólogos que visitaram o local, ela estava em processo de autorregeneração. Ademais, o próprio “proprietário” é apontado como responsável pelos danos ambientais anteriores.
Curiosamente, em vez de exigir a recuperação da área, o poder público optou por autorizar a implantação de um campo de golfe, atividade de luxo e bastante lucrativa ao “proprietário”, considerando a valorização da região e a contrapartida oferecida, com aumento do gabarito para construção de prédios residenciais.
A prefeitura alega ainda que o acordo significou grande economia aos cofres públicos, já que a construção ficará a cargo do setor privado. Mas o valor global das vantagens econômicas oferecidas a Pasquale Mauro constitui um montante até agora incalculável. Muito provavelmente este pode ser um dos campos de golfe mais caros da história.
Além disso, enquanto a prefeitura atropela a legislação para garantir a construção de um novo campo de golfe em uma reserva ambiental, comunidades inteiras, estabelecidas há dezenas de anos na própria região da Barra, sofrem com as tentativas de remoção sob a justificativa de proteção ambiental.
Essas são apenas algumas das razões que nos levaram a apresentar na Câmara Municipal do Rio um requerimento de CPI para investigar o processo de construção do chamado Campo de Golfe Olímpico. Esperamos, assim, que o Poder Legislativo cumpra sua função fiscalizadora, tão necessária no caso em questão.
Renato Cinco é vereador no Rio pelo PSOL
O Golfe dito “Olímpico” na Urbe CaRioca
Devastação da APA e Parque Municipal Ecológico Marapendi – Janeiro 2015

Foto: Divulgação movimento Golfe para Quem?


NOTA:
A quem interessar, repetimos o vídeo abaixo.


Começar aos 6 min. O trecho de interesse dura 6min 26 seg, tempo suficiente para inverdades, sofismas, e um passeio fora do campo de golfe para ir ao campo pessoalLamentável, pois o que estava em discussão eram ideias e não os proponentes.

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