A reconstrução do Campanário da Velha Veneza, de Claudio Prado De Mello

Neste artigo, o arqueólogo e incansável defensor do patrimônio cultural, Cláudio Prado de Mello, descreve interessantes detalhes sobre a história de um dos símbolos mais conhecidos de Veneza, o Campanário de São Marcos. Vale a leitura !

Urbe CaRioca

A reconstrução do Campanário da Velha Veneza

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Era entao uma segunda-feira … 14 de julho de 1902, e parecia uma manhã comum na Velha Veneza …Mas depois de mais de mil anos passados após sua fundação, as 09h47 da manhã, o campanário de São Marcos começou a ruir e colapsou, virando uma montanha de entulho.

Mas e os escombros do campanário?

Com as massas de alvenaria provenientes do campanário desmoronado, foi erguida uma colina nos Jardins de Castelo. O material arquitetônico foi levado para a ilha de São Jorge e outros tijolos para de Santa Maria da Graça, o resto foi jogado no mar Adriático. O Campanário de São Marcos é o campanário da Basílica de São Marcos em Veneza, situado na praça do mesmo nome. É um dos símbolos da cidade de Veneza.

A torre tem 98,6m de altura e fica num canto da praça, perto da entrada da basílica. As suas formas são simples, e o seu corpo principal é uma coluna de tijolos, de 12 m de lado e 50 m de altura, sobre a qual assenta o campanário com arcos que aloja cinco sinos.

O campanário tem no topo um cubo, em cujas faces estão representados leões (o símbolo do Evangelista São Marcos) e a representação feminina de Veneza (la Giustizia: a Justiça). A torre é coroada por uma agulha piramidal, no extremo da qual se encontra um cata-vento dourado com a figura do Arcanjo Gabriel.

O campanário, de cuja construção inicial do século IX nada resta hoje, tem a forma atual desde 1514. A torre que se observa atualmente é uma reconstrução, que foi terminada em 1912 depois do colapso ocorrido em 1902.

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A construção foi iniciada no século XI durante o dogado de Pietro Tribuno sobre fundações de origem romana. Foi terminada no século XII durante o dogado de Domenico Morosini. Seriamente danificado por um relâmpago em 1489 que destruiu a cúspide de madeira, assume o aspeto definitivo no século XVI graças aos trabalhos de reconstrução para reparar os danos causados pelo sismo de março de 1511.

Estes trabalhos iniciados pelo arquiteto Giorgio Spavento foram depois executados sob a direção do arquiteto bergamesco Bartolomeo Bon. Nos séculos que se seguiram houve muitas intervenções, várias vezes para reparar estragos provocados por raios.

Em 1653, foi Baldasarre Longhena que continuou a restauração. Outros se seguiram, depois de em 13 de abril de 1745 um raio provocar uma grande fenda. Finalmente, em 1776, o campanário foi dotado de um pára-raios. Em 1820 substituiu-se a estátua do anjo por uma nova, feita por Luigi Zandomeneghi.

Em julho de 1902, sobre a parede norte da construção, foi descoberta uma perigosa fenda que nos dias seguintes aumentou de tal modo que na manhã de segunda-feira, 14 de julho, às 9h47 o campanário se desmoronou. Não houve vítimas e, dada a posição da torre, os danos foram limitados em extensão.

Durante a tarde, o conselho comunal, reunido de urgência, decidiu a reconstrução com 500 000 liras para contribuir para os trabalhos. O sindicalista Filippo Grimanim, durante o discurso na ocasião da colocação da primeira pedra, em 25 de abril de 1903, pronunciou a famosa frase “dov’era e com’era” (onde estava e como era) que se converteu no lema da reconstrução. Os trabalhos duraram até 6 de março de 1912.

O novo campanário foi inaugurado em 25 de abril de 1912 por ocasião da festa de São Marcos. Ainda bem que a Itália sabe preservar e respeita seu Patrimonio !

Aqui no Brasil, monumentos que sofrem sinistros são aviltosamente violentados e muito pouco sobra deles ! Mas estamos na LUTA para defender nosso Patrimônio Histórico que mais que Artistico, Arquitetonico ou Histórico é AFETIVO e esse realmente não tem preço !!!!!

Estamos preparando o ambiente para o grande movimento que se relacionará e mudará os rumos do projeto que esta sendo executado no caso do prédio do Museu Nacional / Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista.

Fontes:

https://pochestorie.corriere.it/

http://home.giandri.altervista.org

AA. VV., Il campanile di San Marco riedificato – Studi, ricerche, relazioni, Venezia, Comune di Venezia (a cura di), 1912.

Giulio Lorenzetti, Venezia e il suo estuario, Trieste, Edizioni Lint, 1963, ISBN 88-86179-24-3.
Giuseppe Tassini, Curiosità veneziane, Venezia, Filippi editore, 1988.
AA.VV., Il campanile di San Marco – Il crollo e la ricostruzione, Milano, Silvana editoriale, 1992, ISBN 88-366-0399-8.
Christian Bonomi, Gabriele Perlini, Martina Pesenti, Rino Tinelli, Domenico Vescia: “una fiaccola nella notte –Il campanile e la chiesa prepositurale di Trezzo sull’Adda”, Trezzo sull’Adda, Rino Tinelli, 2020.
Marco Boscolo Bielo, Crollo e ricostruzione del Campanile di San Marco, Roma, Legislazione Tecnica Editrice, 2012, ISBN 978-88-6219-118-0.

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