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Antiga Fábrica de Chocolates Bhering Santo Cristo, Zona Portuária, Rio de Janeiro Blog Informação de Primeira |
Em 02/8/2012 este Blog Urbe CaRioca analisou os decretos que incidem sobre o prédio onde funcionou uma fábrica de chocolates, e apontou os vários acontecimentos divulgados pela imprensa nas últimas semanas em relação à situação do imóvel, à expectativa criada pela Prefeitura, e às ações dos interessados diretamente no assunto.
O primeiro parágrafo do texto ANTIGA FÁBRICA BHERING, UMA CONFUSÃO ACHOCOLATADAdizia: “O título da notícia publicada pelo jornal O Globo em 30/7/2012 foi: “Bhering: dois decretos da Prefeitura garantem presença de artistas no prédio”. Referia-se à decisão do alcaide de (1) declarar de utilidade pública para fins de desapropriação o imóvel onde funcionou a antiga fábrica de chocolates Bhering e (2) determinar o tombamento provisório do mesmo, que fica no bairro do Santo Cristo, Zona Portuária do Rio”.
Em seguida, a longa análise considerou que as brigas jurídicas já existentes conforme matérias jornalísticas seriam agravadas com a edição dos decretos.
A notícia publicada no Jornal O Globo em 11/8/2012 ratifica aquela afirmação. Abaixo, trechos da mesma, cujo texto completo está neste link.
O prefeito Eduardo Paes veio a público garantir que vai manter a fábrica no perfil atual, mas numa parceria público-privada, e publicou um decreto para sua desapropriação. Os donos históricos do terreno e da empresa de doces Bhering, a família Barreto, ainda não entregaram o espaço e prometem brigar na Justiça para anular o leilão, mantendo a fábrica sob seu controle. Já a empresa Syn-Brasil Empreendimentos, que pagou R$ 3,25 milhões no leilão público realizado em maio de 2011, espera ser ressarcida pela prefeitura caso a desapropriação seja mantida, mas com um valor de mercado. Hoje, considerando o tamanho do prédio e sua localização, o preço de venda da fábrica da Bhering pode chegar a R$ 40 milhões.
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— Se a prefeitura mantiver a ideia da desapropriação vai fazer uma besteira grande — afirma Marcelo Rodrigues, diretor da Syn-Brasil. — Nossa intenção para a Bhering já era a de manter o caráter cultural do prédio. Mas todo mundo teria que sair de lá, porque eu não iria correr o risco de deixar alguém naquelas condições em que o prédio se encontra. A gente tiraria todo mundo, e depois iríamos chamar de volta quem nos interessasse. Agora, se houver a desapropriação, a prefeitura vai ter que nos indenizar com o valor que nós achamos devido, que é o preço de mercado. E também vão ter que gastar para reformar o prédio. Contratamos duas empresas para avaliar o imóvel e estamos esperando o resultado.
O subsecretário de Patrimônio Cultural, porém, discorda da visão de Rodrigues. Para Fajardo, o decreto de Paes tornou a fábrica um local de interesse público, e seu valor não pode ser mais enxergado sob um olhar de mercado. A prefeitura espera poder criar na Bhering um espaço inédito no Rio, onde a gestão seria coletiva, de responsabilidade dos artistas.
— Já estamos correndo com os trâmites para a desapropriação. Esperamos chegar a um valor amigável para indenizar o dono. Se não for amigável, será litigioso. É prematuro falar em valores, mas esperamos que a negociação não demore muito — afirma Fajardo.
A família Barreto, por sua vez, discorda tanto da Syn-Brasil, quanto da prefeitura. Primeiro, eles esperam que o leilão seja anulado e que a fábrica seja mantida em sua propriedade, com o perfil que tem hoje. Raphael Barreto rebate, ainda, a acusação de Rodrigues de que o prédio está em más condições.
— A Bhering entende a posição do prefeito. Ele enxerga o prédio como o belo polo cultural que é, e quer preservá-lo. Mas não haverá necessidade de a prefeitura assumir o prédio. Ele vai seguir conosco nos moldes atuais. Já vínhamos tocando projetos para sua restauração, dentro do programa do Porto Maravilha — diz Barreto. — Sobre a fábrica estar em más condições, isso não é verdade. Já tivemos autorização do Corpo de Bombeiros para diversas atividades. Além disso, a estrutura é toda de aço, não há risco algum.
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Note-se que o prédio já era protegido desde a criação da Área de Proteção Ambiental dos bairros da Saúde, Santo Cristo, Gamboa e Centro – o chamado Projeto Sagas – em 1988, ato pioneiro na preservação de conjuntos urbanos cariocas. Portanto, o tombamento, absolutamente dispensável neste caso, tornou-se apenas motivo para a adoção de critérios de intervenção e uso mais rígidos, e aumento dos procedimentos burocráticos que ocorrerão por ocasião dos projetos para reforma do imóvel.
Além de confete para a mídia, os decretos trouxeram a indefinição sobre o futuro do prédio e o destino dos artistas, adiados ao menos temporariamente.
Confete. De chocolate.
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Confete de chocolate Internet |
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