De A a Z, agora letra nenhuma. Depois da polêmica sobre localização de um novo Píer na Zona Portuária – considerado fundamental para abrigar os navios que chegariam com muitos visitantes durante os grandes eventos e ao mesmo tempo os hospedariam – mostrou-se que a solução não era imprescindível. O número de quartos de hotel já é considerado excessivo; o Píer, rejeitado por arquitetos, urbanistas, e responsáveis pelos novos museus na Praça Mauá, foi descartado. Ao menos por hora.
O Vai e Vem das Vilas de Árbitros e de Mídia – da Barra para a Zona Portuária e da Zona Portuária para Curicica – foi criticado por especialistas, que defendiam a instalação dentro do projeto chamado Porto Maravilha, no mínimo para incluir o uso residencial na região, não incentivado pelo Pacote Olímpico 1 – conjunto de benesses urbanísticas e fiscais para o mercado imobiliário com foco nos prédios comerciais e hotéis. O Sr. Prefeito afirma que “o empreendimento (o conjunto de sete edifícios) se transformou em realidade, e o condomínio será construído independentemente das Olimpíadas”. A solução, no entanto, impede os olhares que se voltariam para a região degradada há décadas, e reduz a necessidade imediata de prover infraestrutura para a mesma, pela ausência de prazos. A Newsletter Ex-Blog comentou a surpresa do diretor executivodo COI para os Jogos Olímpicos, Gilbert Felli, com a decisão e afirmou que, nos bastidores, a reação foi de indignação e raiva.
Até hoje o prometido Parque Radical na Lagoa Rodrigo de Freitas não foi construído. Tratamos do assunto em julho/2012 com O HANGAR PARA HELICÓPTEROS E A LAGOA RODRIGO DE FREITAS. O terreno já serviu para estacionamento na época da Copa das Confederações. O que restou da Academia do Corpo continua abandonado. Ou servindo a usos menos nobres do que já deveria ter acontecido há muito: integrar à área ao Parque Público que contorna a magnífica Lagoa. Talvez esteja mais uma vez reservado aos figurões ligados aos grandes eventos, e não à população carioca. Foi o que informou a nota publicada em 17/02/2014 no jornal O Globo, segundo a qual o lugar será utilizado para abrigar as instalações de apoio à provas de canoagem (provisório, então?) e o “QG” de logística da Fifa durante a Copa do Mundo, decisão esta incompreensível por tratar-se de área nobre, tombada e de interesse paisagístico. Porque não em um galpão abandonado na Região Portuária?
Tendo em vista o pouco, ou quase nenhum, conhecimento da maioria dos moradores da região das Vargens a respeito do processo de regulamentação da AEIA DAS VARGENS, nós moradores da REGIÃO DAS VARGENS e de TODA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO, esperamos que seja imediatamente prorrogado por mais 6 meses, ou mais 180 dias, o prazo de validade inicialmente previsto no DECRETO 37.958, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2013, como prevê o PLANO DIRETOR”.
Gostaríamos de saber se nos países dos membros da Federação Internacional de Golfe, e da ‘família’ COI, sacrificariam uma Reserva Ambiental concebida e construída durante mais de meio século e em fase final de consolidação, para criar um Campo de Golfe a ser usado durante 15 dias, em uma cidade cuja paisagem é o seu maior bem, e que, além disso, dispõe de dois campos para o esporte de elite que, inexplicavelmente, voltou aos Jogos Olímpicos depois de 100 anos. Cremos que não. Salvo se lá, como cá, o interesse privado e os negócios imobiliários prevaleçam sobre o interesse público e as leis urbanísticas de proteção mudem de modo nocivo, em condições questionáveis e furtivas.
No próximo dia 14/04/2014 haverá debate no Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB. O tema é “UMA AGENDA PARA AS CIDADES”. O evento ocorrerá junto com o lançamento oficial da revista ARQUITETURA, edição especial sobre o Q+50. Rua do Pinheiro nº 10 – Flamengo. Horário: 18 h 30 min