O TRAMBOLHO NA LAGOA


Da série ‘Trambolhos no Rio’:
ESTÁDIO DE REMO X LAGOON



Evento da Heineken – março, 2013
Foto: SOS ESTÁDIO DE REMO




Parece que há um complô nesta Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro quando o assunto é barco, água, paisagem cultural, bem tombado, área pública, área de proteção ambiental… Contra a cidade, deve-se logo esclarecer.




Enseada de Botafogo
Foto: Pousada Rio Sol



O QUE SERÁ?
Foto: SOS ESTÁDIO DE REMO
Não bastando a polêmica sobre a Marina da Glória – e muita água ainda vai rolar – mal passou o réveillon, período durante o qual fomos obrigados a conviver durante dias com um monstrengo branco plantado às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, em cima da construção do Estádio de Remo que abriga os barcos, eis que o alvo elefante (não o da Marina, aquele continua caminhando a passos largos em direção ao Parque do Flamengo) retorna.




Note-se que a altura máxima permitida nas margens da lagoa é de 4.00m, apenas para pequenas construções de apoio às atividades de parque público que circunda a orla deste bem cultural tombado pelo município e união. Nem perguntem sobre os cinemas. Será que o IPHAN esteve por lá, também?



Dirão alguns ‘é só uma construção provisória, vai ficar ali durante pouco tempo’…, a mesma desculpa ou condescendência que planta outros monstrengos, que vão e voltam, em cima do Forte Copacabana – de novo bem cultural tombado, paisagem magnífica, etc.etc –, que já semeou as lonas da Marina da Glória, e outros provisórios-permanentes.



Laje de cobertura dos cinemas, atrás da segunda arquibancada, transformada em terraço para eventos. Local do novo trambolho, maior do que o da primeira foto.
Foto: Blog Cabresto



A reforma da laje que cobre as garagens de barcos não deixava dúvidas: aumentar a altura só um pouquinho, reforçar a laje de cobertura… Que não se estranhe caso em breve surja mais um andar ali. Afinal, se o monstro branco ficar, for embora, e voltar, sistematicamente, por que não fazer algo definitivo? A justificativa será igual à da Marina: “a altura do projeto é igual à do que lá está”. E, quem sabe, também no Forte?


O mesmo acontece em relação à segunda arquibancada. É nova. A antiga foi demolida irregularmente, na calada da manhã, enquanto a liminar judicial estava a caminho. Reconstruída, mais alta (para que os cinemas coubessem , é claro) – com a laje que se vê na imagem acima, nada inocente.


No código de obras há um artigo interessante, apelidado ‘o da finalidade lógica’. Ora, qual a finalidade lógica daquelas lajes? Por enquanto, receber trambolhos de lona. Mais adiante… aguardemos.


Art. 122 – Para os efeitos do presente Regulamento, um compartimento será sempre 
considerado pela sua utilização lógica dentro de uma edificação. 

Parágrafo único – Essa utilização far-se-à de maneira privativa, pública ou semi-pública


Não podemos desprezar a importância de eventos que movimentam a economia e promovem a nossa cidade. São bem-vindos, desde que  as instalações provisórias sejam inseridas corretamente na nossa magnífica paisagem e que não causem impactos negativos. Se assim não for possível, que aconteçam nos edifícios, clubes, estádios, hotéis e centros de convenções existentes.



E que deixem as áreas públicas… públicas, e em paz.




NOTA: O trambolho que aparece na primeira foto já foi retirado. Outro foi instalado sobre a laje atrás da segunda (e agora única)arquibancada, sobre os cinemas. O blog providenciará a imagem e acrescentará aquiem breve.



Arquibancada principal (hoje desativada), segunda arquibancada e garagem de barcos, sem o trambolho.
Foto: AAGR, 2008

Segunda arquibancada reconstruída mais alta, ainda sem s cinemas e garagem de barcos, sem o trambolho.
Foto: AAGR, 2008
Área nobre às margens da Lagoa, usada para estacionamento. Ao fundo, o prédio da garagem de barcos sem a cobertura de lona, o elefante branco.
Foto: AAGR, 2012
Arquibancada principal desativada – área nobre, vista espetacular de 360º – uso atual de serviço: máquinas.
Foto: AAGR, 2012

Orla da Lagoa – área nobre usada para estacionamento.
Foto: AAGR, 2012

Marina da Glória – Lona ‘provisória’ para eventos.
Foto: flickr

Forte de Copacabana –  Evento nov. 2010. 

Foto: O Globo

Forte de Copacabana – Evento 2012
Imagem: uol

Enseada de Botafogo – Boate flutuante, 2013.
Foto: JB

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *