Presevarcionistas propõem transformar Colônia Juliano Moreira em parque público

Fechada em 2022, a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, abriga importantes tesouros arquitetônicos tombados pelo Iphan, que atualmente enfrentam degradação devido à falta de restauração.

Urbe CaRioca

Grupo propõe transformar último manicômio carioca em parque público

Por Victor Serra – Diário do Rio

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Foto: Reprodução

Fechada desde 2022, a Colônia Juliano Moreira, considerada o último manicômio carioca, voltou recentemente à pauta após uma proposta de preservação do espaço. Moradores de Jacarepaguá e grupos preservacionistas sugeriram a transformação da área em um parque municipal, no modelo dos parques de Madureira, Realengo e Oeste. O local segue em total abandono e possui grandes exemplares da arquitetura antiga do Rio, inclusive prédios tombados.

Com uma área de 7.000.000 metros quadrados – o equivalente ao tamanho do bairro de Copacabana – e vizinho à Transolímpica, foi originalmente um engenho de cana-de-açúcar e, na década de 1920, foi convertido em um núcleo psiquiátrico, com a criação do hospital que daria origem à Colônia. O local, repleto de construções históricas, como a sede do antigo núcleo, a Capela de Nossa Senhora dos Remédios e algumas ruínas de edificações, além do sistema de aqueduto e canaletas tombados, está completamente degradado. O DIÁRIO DO RIO vem denunciando a situação de abandono desde 2021.

Aqueduto histórico corre sérios riscos

A situação da Colônia é um reflexo do descaso com o patrimônio. Após uma vistoria do Iphan em 2016, foi exigido da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a recuperação da estrutura do antigo Aqueduto dos Psicopatas — talvez o ponto mais conhecido do local. A construção tem estilo romano e lembra os Arcos da Lapa. Até hoje nenhuma ação foi realizada. O grupo “S.O.S. Patrimônio” que defende a preservação do espaço, se viu motivado a intensificar o pleito após o anúncio do prefeito Eduardo Paes, durante sua eleição em 2024, de transformar a Fazenda da Baronesa, também em Jacarepaguá, em um novo parque público.

De acordo com os integrantes do grupo, a Fazenda já recebe a devida atenção, com manutenção regular pelos seus proprietários, e o Centro Cultural de Jacarepaguá promove visitas guiadas para divulgar a história da região. Eles argumentam que a Colônia Juliano Moreira, além de ter um valor histórico inestimável, possui um potencial de revitalização e valorização cultural e ambiental, que poderia beneficiar toda a comunidade de Jacarepaguá e bairros vizinhos.

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios e núcleo Rodrigues Caldas

A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, tombada pelo Inepac e datada da segunda metade do século XVII, também está nas imediações da Colônia. A igreja, que celebra missas aos domingos, é um símbolo de resistência, tendo sido reaberta em 2014, após uma campanha de reforma liderada pelos próprios fiéis. No entanto, a preservação de outros imóveis históricos da área, como o antigo núcleo Rodrigues Caldas, é uma preocupação crescente entre os moradores. O prédio está em avançado estado de deterioração, com o reboco caindo e mato brotando de dentro para fora, o que coloca em risco a estrutura, que muitos temem possa desabar a qualquer momento.

O último núcleo da Colônia Juliano Moreira a ser desativado, o Franco da Rocha, foi rebatizado em outubro de 2022 como Espaço Maria Rosenda, em homenagem a uma ex-interna. Atualmente, o local funciona como um centro de convivência e aprendizado, atendendo não apenas pacientes psiquiátricos, mas também a comunidade do entorno.

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