Ah! Meu Rio… Mais uma tragédia, agora na Muzema

Antes que as águas que varreram o Rio de Janeiro na última segunda-feira secassem, mais uma tragédia acontece, agora em local repleto de construções irregulares, em especial edifícios de cinco, seis, sete ou mais andares, conhecido por Muzema, em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade: dois prédios foram abaixo nas primeiras horas de hoje.

Outra vez, mortes, dor, perdas materiais. Desta feita, tragédia anunciada. O que falta acontecer para que as construções irregulares cessem?

Há quase três décadas, um deslizamento de terra levou muitas vidas na Favela Santa Marta. A tragédia no Morro do Bumba, em Niterói, é lembrança mais recente. São apenas dois exemplos entre muitos, no Rio, e Brasil afora.

Mas… “Somos pobres”. “Não temos outra opção”. “Falta Política Habitacional”. “Não há transporte público, precisamos morar perto do trabalho”. “Juntei dinheiro a vida toda para construir a minha casa”. “Posso pagar o aluguel”. “Minha família mora aqui há décadas”. “Melhor aqui do que na roça”. “Ofereceram um terreninho”. “O governo não faz nada por nós”. “Aqui é seguro”. “Estava barato”. “Não vamos sair, temos direitos”.

Em quase dez anos, a Muzema foi tomada por construções Foto: Satellite image / O Globo (Link)

E o outro lado… “São pobres”. “Não têm outra opção”. O governo anterior não tratou da Política Habitacional”. “Vamos melhorar o sistema de transportes públicos”. “Muito esforço e trabalho para juntarem dinheiro e construírem suas casas”. “Só lá podem pagar aluguel”. “Estão ali há décadas”. “A vida no campo é dura”. “É difícil conter a expansão”. “É obrigação do Município… É atribuição do Estado… É dever da União”. “Sentem-se seguros”. “É mercado imobiliário paralelo”. Política de remoção foi um erro, é passado”.

Nenhuma das frases acima será consolo para as famílias e pessoas atingidas.

O vídeo abaixo mostra que durante as enchentes de 1966 todos os moradores da favela da Rocinha precisaram ser retirados, por questão de segurança.  Em 1993 foi oficialmente reconhecida como bairro.

Segundo o Censo 2010, a Rocinha tinha quase 70.000 habitantes. No mesmo levantamento, totalidade de moradores do Rio de Janeiro, nessas condições, foi de 1.443.773. (Confira “Favelas na cidade do Rio de Janeiro: o quadro populacional com base no Censo 2010”)

As favelas cariocas, rebatizadas de Comunidades, cidades dentro da Cidade, são a realidade irreversível. Os riscos e as perdas, até aqui, também.

Urbe CaRioca

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