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Imagem que circula na Internet critica o Metrô do Rio de Janeiro |
No último sábado o jornal O Globo publicou nas páginas de Opinião dois artigos de interesse para a cidade.
O primeiro, de autoria do arquiteto professor Luiz Fernando Janot, com o título O Exemplo Londrino, discorre sobre o legado urbano e social dos Jogos Olímpicos para Londres, e a escolha, no caso do Rio de Janeiro, pela concentração dos equipamentos dos jogos na Barra da Tijuca, nas suas palavras, “bairro que dispensa incentivos dessa magnitude para continuar se desenvolvendo”.
O segundo, de João Mauro Senise, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Jardim Botânico, chama-se O Provisório Permanente, alerta sobre a precariedade e deficiência de equipamentos urbanos instalados em contêineres e aponta exemplos dessas “estruturas de lata” usadas em diversos bairros, entre outras construções e serviços públicos considerados, pelo autor, igualmente provisórios.
O Blog Urbe CaRioca reproduz os dois textos por entender que os importantes assuntos abordados com muita propriedade devem ser divulgados nas redes sociais, não apenas para os profissionais ligados às questões urbanas, mas a todos os que cuidam da Cidade do Rio de Janeiro.
Que gerem bons debates e ações positivas em prol do Rio!
O EXEMPLO LONDRINO
Luiz Fernando Janot
Passada a ressaca das comemorações esportivas, os londrinos retomaram a sua vida rotineira com a certeza de que o legado olímpico lhes foi extremamente vantajoso. Se Londres já era considerada a principal metrópole europeia, agora, após a realização dos Jogos Olímpicos, esse reconhecimento não poderá ser contestado. Desde as Olimpíadas de Barcelona, em 1992, não se via um processo de planejamento e realização tão bem conduzido.
A intenção de deixar para a cidade um legado urbano e social consistente estimulou a formulação de propostas arquitetônicas inovadoras e de extrema qualidade. Do ponto de vista urbanístico foi louvável a demarcação de espaços na área central da cidade para a realização de algumas competições esportivas. Essa medida propiciou um harmonioso convívio social nas tradicionais ruas do centro histórico. Enquanto a região central recebia as benfeitorias necessárias, outra localidade, distante alguns quilômetros do centro, passava por um extraordinário processo de reabilitação urbana.
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Parque Olímpico de Londres estadão.com.br |
Tratava-se de um bairro degradado, habitado por imigrantes e trabalhadores pouco qualificados. A estratégia de construir nesse local o Parque Olímpico e outras instalações teve como objetivo dotar essa região de infraestrutura urbana capaz de atender aos interesses da população residente e, paralelamente, atrair investimentos para o local. Para facilitar a sua integração com o restante da cidade foi construída uma extensão exclusiva do metrô, com trem de alta velocidade. Trata-se de uma cultura política e empresarial bem diferente daquela com que estamos acostumamos a conviver.
O imediatismo arraigado em nossa cultura tende a favorecer os grandes conchavos onde o poder da grana, quase sempre, fala mais alto. A maneira brasileira de planejar não costuma seguir os mesmos preceitos dos ingleses. No Rio, os altos investimentos públicos para viabilizar megaeventos esportivos priorizam, quase sempre, os interesses do mercado imobiliário.
Em vez de promover a reabilitação urbana de uma grande área degradada, como foi feito em Londres, a opção foi concentrar a maioria dos equipamentos olímpicos na Barra da Tijuca, um bairro que dispensa incentivos dessa magnitude para continuar se desenvolvendo.
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Parque Olímpico do Rio de Janeiro, Barra da Tijuca Conjuntos de edifícios pós-JO |
Perdeu-se uma excelente oportunidade para assegurar a imediata renovação da área portuária do Rio, onde poderia ficar concentrada a totalidade dos equipamentos olímpicos. Infelizmente, o que sobrou para essa área, como prêmio de consolação, foi a Vila da Mídia e dos Árbitros. Não há dúvida de que a falta de transparência na formulação do projeto da candidatura foi a principal responsável pela opção de um modelo que não considera o legado social como prioridade em um evento dessa natureza.
O que nos resta agora é exigir uma legislação urbana e ambiental que controle a ganância do mercado imobiliário nas áreas contempladas pelos corredores de ônibus articulados (BRT). E que se cumpra a promessa de pacificação, urbanização e melhorias habitacionais em todas as favelas no entorno dos equipamentos esportivos.
Só assim conquistaremos, de fato, um legado olímpico para a cidade do Rio de Janeiro.
Artigo publicado no Jornal O Globo, Caderno de Opinião, em 18/08/2012.
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O PROVISÓRIO PERMANENTE
João Mauro Senise
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Imagem: Internet |
Há séculos o Brasil é o país do futuro. Mas até lá devemos nos contentar com muita coisa provisória?
Na cidade do Rio de Janeiro temos um metrô provisoriamente precário, ônibus provisórios, escolas com o ensino provisoriamente deficiente e UPAs provisoriamente instaladas em estruturas de lata. Aliás, não são só as UPAs: a arquitetura oficial dos contêineres – essa praga emblemática do provisório – grassa descontrolada.
Em frente ao Hospital Miguel Couto, no Leblon, uma praça foi ocupada por contêineres da Guarda Municipal.
Na Lapa, em meio a um casario tombado, contêiner da Secretaria de Ordem Pública faz a propaganda de uma marca de caixa d’água. O mesmo ocorre no Jardim de Alah, onde o caixote oficial está fixado em cima de pedras portuguesas. No Largo do Machado, é a Secretaria de Proteção dos Animais que ocupa um puxadinho, e por aí vai.
Mas uma das estruturas provisórias que mais atentam contra a paisagem – e o olfato – dos cariocas são os banheiros químicos. Concebidos para serem instalados esporadicamente, como em festas populares ao ar livre, eles proliferam. Sob os Arcos da Lapa, duas fileiras de retretes e mictórios de plástico azul compõem um cenário urbanisticamente impensável.
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Blog Caos Carioca |
O lindo aqueduto, construído em 1723, joia do patrimônio carioca, parece estar definitivamente condenado a conviver com aquilo. Imagine-se, numa visão medonha, a Torre Eiffel, o Coliseu, o Big Ben ou outro monumento importante cercado por aqueles prismas azuis malcheirosos? Por que não são construídos banheiros públicos permanentes, no subsolo, de preferência, como já ocorre em quiosques na orla?
Certamente, alguém ganha com a disseminação dos monstrengos, mas, com certeza, muitos perdem com tamanha improvisação e feiura. Nas zonas Norte e Oeste, pedestres circulam, há meses, em passarelas provisórias sobre a Avenida Brasil. Por toda a cidade, se depara com o programa Asfalto Liso, cujo nome deveria ser Asfalto Liso Provisório, já que, em diversas ruas, o recapeamento já foi refeito não poucas vezes.
Não seria mais econômico produzir um asfalto de melhor qualidade, permanente, e evitar o retrabalho? É o famoso barato que sai caro. E a conta, como sempre, é paga pelo cidadão, embora ele não tenha nenhum poder de decidir se aquele provisório feito com o dinheiro dos seus impostos é correto ou não. Parece que o Rio se inspira no modelo chinês das décadas de 1980 e 1990, que inundava o mundo com produtos mal acabados, de carregação. Deveria se inspirar na China de hoje.
Em 1973, o pensador e ensaísta francês Alain Peyrefitte publicou um livro chamado “Quando a China despertar, o mundo tremerá”. No caso do Rio, um bom título seria: “Quando o Rio despertar, talvez seja tarde”. Não seria mais econômico produzir um asfalto de melhor qualidade, permanente, e evitar o retrabalho? É o famoso barato que sai caro. E a conta, como sempre, é paga pelo cidadão, embora ele não tenha nenhumpoder de decidir se aquele provisório feito com o dinheiro dos seus impostos é correto ou não. Parece que o Rio se inspira no modelo chinês das décadas de 1980 e 1990, que inundava o mundo com produtos mal acabados, de carregação. Deveria se inspirar na China de hoje.
Em 1973, o pensador e ensaísta francês Alain Peyrefitte publicou um livro chamado “Quando a China despertar, o mundo tremerá”. No caso do Rio, um bom título seria: “Quando o Rio despertar, talvez seja tarde demais”.
Artigo publicado no Jornal O Globo, Caderno de Opinião, em 18/08/2012.
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Rua Nelson Mandela, Botafogo Obstáculo de concreto na calçada em frente à UPA Blog Botafogo em Ação |
Nota: Imagens acrescentadas pelo Blog.
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Silma, concordo com suas observações. Tive vergonha quando li sobre o desrespeito às regras em relação à bandeira. Não importa se acham, por exemplo, que é exagero. São normas internacionais e pronto. Mas, era mais importante "faturar" politicamente. Péssima imagem eles passaram. Quanto às vaias, nada mais do que demonstrar falta de educação geral. Uma pena. Ab.
São dois artigos mt bons… li no jornal. Supondo que todos leram …acredito que as análises ficarão como sugestões e exemplos a serem seguidos. E que comecem, só para começar mesmo, a repensar atitudes, tb matéria de jornais: tocar e flagelar a bandeira olímpica…jogadoras não respeitarem a premiação de outros países…torcida vaiar jogadas e saques das adversárias… A gap entre os dois países e suas culturas é tão grande que fica até difícil "copiar".