Entrada do Quartel-General da PM, Rua Evaristo da Veiga Foto: Gabriel de Paiva / O Globo |
Na última semana foi noticiado que a Petrobrás desistiu de comprar o terreno onde fica o Batalhão da PM, na Rua Evaristo da Veiga, Centro do Rio de Janeiro em QG da PM: Petrobrás desiste, mas o estado não.
BIGORRILHO Imagem: O Globo |
O Urbe CaRioca havia analisado o assunto nos posts VENDO O RIO, QUARTEL DA PM E BIGORRILHOS (23/5/2012), QUARTEL DA PM, A ENORME PEQUENEZ (29/5/2012) e, na sequência, QUARTEL DA PM, UM BOM COMBATE (01/6/2012).
Quartel-General da PM, Pátio Interno, 1912 Imagem: Internet |
As notícias deram ensejo a que fosse divulgado o primeiro “poeminha” da série criada em 2010 com base na observação de mudanças expressivas na forma e conteúdo das leis urbanísticas da cidade a partir de 2009, já abordadas aqui em outros textos (VENDO O RIO – POEMINHA DA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA, 21/6/2012), em especial RIO + 20 LEIS URBANÍSTICAS.
Em entrevista, ontem, ao declarar que “mudamos parâmetros urbanísticos para ajudar o Estado a fazer a Linha 4 do Metrô”, o prefeito corroborou o viés da política urbana recente praticada no Rio, apontada por este blog, que usa o solo urbano como panaceia, por vezes em detrimento da paisagem, como no caso da Penha.
Embora não se tenha notícia de quanto representou a “ajuda” para a construção da falsa Linha 4, vale lembrar que o Banco do Brasil emprestou R$3,6 bilhões para, entre outras obras de infraestrutura para o Estado do Rio, a construção da Linha 3.
DELEGACIA DO LEBLON – O Globo On Line |
A venda de ativos imobiliários e logradouros públicos basicamente na Zona Sul e Barra da Tijuca, e as declarações do Estado e Município tornam versos de VENDO O RIO ainda mais atuais. Abaixo, o segundo “poeminha”, feito em junho/2010 (V. nota* explicativa abaixo).
VENDO O RIO, OUTRA VEZ
Vendo o Rio, Especulo,
Preservar já é passado.
Gabarito e IAT,
Leva quem é abastado!
Não importa o Grande Centro,
Não importa a Zona Norte.
Vendo a Barra e a Zona Sul,
Deixo o resto à própria sorte!
Desprotejo, desamparo,
Faço outro dicionário.
Demolir é Revisão,
Eufemismo libertário.
No Leblon, em Ipanema,
O retorno é coisa boa.
Ou alguém vai revisar,
Santo Cristo e Gamboa?
De duzentos em duzentos,
Para hotel é lei à parte.
Raio em raio, autorizo,
Espigão por toda parte.
Olimpíada, um pretexto,
Nossa Copa é desculpa.
Se o texto é sem autor,
Quem publica não tem culpa!
Mas o Plano é Diretor
Diz o nome, é Diretriz.
Desvirtuo, modifico,
Aprovar assim eu quis!
Um aparte: é velado,
Apressado, há razão.
Com tal arte muita gente,
Já perdeu a eleição.
…
Ao contrário da tal lei,
Este texto tem autor.
É defesa da cidade,
Ao meu Rio, com amor.
Que Deus guarde o nosso chão,
Ou o que virá depois?
Divulgando o poema,
Não me omito. Somos dois?
*Nota:
Os versos referem-se à venda de gabaritos de altura aumentados em relação aos parâmetros existentes na região da Barra, Recreio, Vargens e Zona Portuária, e à lei chamada Pacote Olímpico que liberou benesses específicas para hotéis.
A menção ao Plano Diretor refere-se à falta de transparência, manobras, modificações sem autoria, e rapidez no processo de aprovação, cuja tramitação fora às regras estabelecidas, conforme vários questionamentos apontaram.
Quanto ao anúncio de “revisão” das Áreas de Proteção do Ambiente Cultural de Ipanema e Leblon para a retirada de imóveis preservados houve um recuo. Até hoje as APACs estão mantidas.