No final do governo que se fue da Cidade do Rio de Janeiro em dezembro último, o então prefeito “suspendeu a cessão de área para a construção de Centros de Treinamento” (O Globo, Esportes 30/12/2016), segundo a notícia porque os clubes de futebol Vasco e Botafogo não haviam cumprido contrapartidas em 2014! Os clubes foram notificados pela Prefeitura em 2015 porque as obras não haviam começado, consta que devido ao alto custo de necessários aterros e terraplanagem.
Além dos CTs, a vontade de diversos clubes de futebol cariocas terem estádios próprios foi comentada neste blog em algumas postagens, por exemplo, em FLUMINENSE TAMBÉM QUER CONSTRUIR ESTÁDIO: NA BARRA DA TIJUCA – JACAREPAGUÁ, de 01/10/2016:
O terreno do Centro de Treinamento – CT, inaugurado em 22/07/2016 ainda incompleto, foi doado pela Prefeitura. Em buscas na internet verificamos que em 2015 a Prefeitura também cedeu terrenos para CTs dos clubes de futebol Vasco e Botafogo, em Vargem Grande. Já o Clube Flamengo, entretanto, adquiriu o terreno do seu CT em 1984, o chamado Ninho do Urubu. Nesse aspecto, uma curiosidade: se a Prefeitura tem colocado tantos imóveis Próprios Municipais e áreas públicas à venda, seja pela necessidade de fazer caixa ou simplesmente para se desfazer de imóveis que, em tese, são fonte de despesas, porque doar ou ceder tantos terrenos ao invés de também transformá-los em recursos públicos? Talvez haja dinheiro sobrando…
Em FLAMENGO, FLUMINENSE, BOTAFOGO… TODO CLUBE QUER ESTÁDIO!, de 03/11/2016, a grande imprensa já divulgava que os dirigentes haviam procurado os então candidatos à Prefeitura pedindo apoio à construção de novos estádios, de médio porte, cabendo lembrar que a construção de uma arena para o Flamengo, no terreno cedido ao clube que fica no Leblon-Gávea-Lagoa, fora autorizada dois meses antes, em setembro/2016.
Vídeo da TV Globo divulgado na internet
O noticiário mais recente traz novos fatos que necessariamente remetem ao tema. O primeiro trata do abandono do Parque Olímpico, fartamente divulgado também nas redes sociais. O segundo afirma que o Fluminense quer construir uma avenida para garantir acesso ao Centro de Treinamento, e que a Secretaria Municipal de Urbanismo já deu o aval para o Projeto Aprovado de Alinhamento da via que tem até nome escolhido pelo clube (a nomenclatura dos logradouros públicos é prerrogativa da administração municipal, que a define depois que a rua está pronta)!
Saída de CT do Fluminense para evitar Cidade de Deus custa R$ 10milhões
(O Globo, 03/02/2017).
Em comum aos três temas – Centros de Treinamento (os terrenos serão cedidos novamente?), Estádios, e uma nova avenida, soma-se ao futebol a citada questão dos custos elevados. Vale relembrar ainda as dificuldades para conseguir quem o administre o gigante Maracanã, desfigurado e hoje abandonado, e o “Engenhão”, e os novos elefantes brancos na Urbe CaRioca!
Quanto a um dos esperados “legado dos Jogos”, o Parque Olímpico, a administração passou ao Ministério dos Esportes, devido à falta de interesse da iniciativa privada.
Em tempos de séria crise econômica no Brasil, é de se esperar que as despesas com tais obras não recaiam sobre os combalidos governos federal e estadual, nem interfiram nas prioridades do governo municipal recém-empossado, ou seja, no bolso do contribuinte.
Cabe perguntar novamente se cidade precisa de mais estádios e arenas enquanto o Parque de Deodoro está fechado, o Parque Olímpico é uma ilha abandonada – um sorvedouro de dinheiro público -, e a Prefeitura já acena com a possibilidade de salvar a outra “ilha”, a que nem é ilha, nem é pura, um grave equívoco na política urbana adotada sob medida “pra Olimpíada” e para o mercado imobiliário.