Menos poluição visual: Prefeitura do Rio inicia operação ‘caça fio’

A Prefeitura do Rio anunciou que a partir desta semana dará início a uma operação que visa diminuir a poluição visual representada pela excessiva quantidade de fios elétricos expostos pelas ruas da cidade, fora do lugar e do tempo, diga-se de passagem.

Três caminhões da Rioluz rodarão com a finalidade de retirar material inútil de circulação. A projeção inicial da intervenção é de que cerca de uma tonelada de fios por mês seja removida. A iniciativa é louvável, apesar de chegar com algumas décadas de atraso, já que a polêmica é antiga. Entretanto, toda iniciativa que amenize o impacto visual promovido pela fiação suspensa e valorize a paisagem da cidade será bem vinda.

Urbe CaRioca

Prefeitura do Rio inicia ação ‘caça fio’ nos postes da cidade

Operação começa nesta semana, com três caminhões da Rioluz circulando pelas ruas para coletar material sem uso e levá-lo a um depósito

Por Luiz Ernesto Magalhães — O Globo – 23.10.2022

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Rua São Luiz Gonzaga, em Benfica: concentração de fios emaranhados e abandonados Fabiano Rocha/Agência O Globo

É só olhar para o alto: ao longo de várias ruas do Rio a expressão “tudo junto e misturado” se traduz em poluição visual. Para combater o caos de fios sem uso pendurados nos postes, a prefeitura anunciou que, a partir desta semana, três caminhões da Rioluz vão rodar pela cidade com a finalidade de tirar material inútil de circulação. A intervenção começa pelo bairro de Benfica, na Zona Norte, com a meta de remover uma tonelada de fios por mês. A intervenção pode ocorrer durante o dia ou à noite, para evitar transtornos no trânsito.

‘Rede abandonada’

Ao todo, são 48 as empresas de telecomunicações autorizadas a instalar fios, dividindo espaço nos postes da Light. A multa para quem faz o procedimento sem autorização e abandona material degradado nesses locais é de R$ 102,14 por ocorrência. O problema é que nem sempre se consegue identificar a empresa infratora. A operação “caça fio” foi antecipada pelo colunista de O GLOBO Ancelmo Gois.

— Existe uma rede abandonada. O prefeito tem reclamado muito disso e resolvemos criar a operação para retirar essa sucata. Esse é um problema que atinge toda a cidade, principalmente as Zonas Norte e Oeste — diz Paulo Cezar dos Santos, presidente da Rioluz, a Companhia Municipal de Energia e Iluminação Pública.

A polêmica sobre a bagunça nas alturas é antiga. Historicamente, as concessionárias aproveitam para enterrar a fiação durante grandes intervenções, como as obras do Rio Cidade nos anos 1990 e do Porto Maravilha, na década passada. Em 2016, parte da infraestrutura na Avenida Salvador Allende, na Zona Oeste, tornou-se subterrânea, mas o equipamento desativado seguiu pendurado por meses.

—Na Tijuca, só a fiação da Rua Conde de Bonfim é subterrânea. No entorno há vias com fios expostos — observa o presidente da Rioluz, antes de acrescentar: — Os fios retirados serão levados para um depósito. Se o responsável aparecer, são devolvidos e a multa é aplicada. Caso contrário, trata-se de um material com pouco valor comercial e será descartado.

A ação não combaterá ligações clandestinas, tarefa que cabe à segurança pública. A instalação dos fios em postes mantidos pela Light segue regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em nota, a empresa afirmou que mesmo antes da operação desta semana tinha parceria com a prefeitura para retirada de cabos abandonados ou irregulares. Em uma das ações foram retirados 317 postes e 2 toneladas de cabos, fios e cordoalhas que ofereciam risco.

“Como a Light não tem autorização para retirar os cabos de outras concessionárias, ao identificar ligações irregulares, a distribuidora notifica as empresas para que a devida adequação seja executada’’, diz a nota.

Ex-secretário de Planejamento Urbano da prefeitura, Washington Fajardo destaca o impacto visual da fiação suspensa em uma cidade que busca valorizar sua paisagem:

—Uma fiação mal instalada ou caída provoca até mesmo desvalorização imobiliária por esconder a beleza da cidade em meio a tanta feiura.

Nota:

Tema semelhante foi abordado pelo geógrafo Hugo Costa no artigo “Futuro sem tecnologia, de Hugo Costa” publicado neste blog em 29 de novembro de 2018. Confira aqui.

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