O centenário sobrado eclético, construído no século XX, localizado na Rua da Assembleia, n° 13, nas proximidades do Palácio Tiradentes, no Centro do Rio, será demolido pela Prefeitura, segundo a Veja Rio e o perfil Rio Antigo, do advogado e memorialista, Daniel Sampaio.
O imóvel, de quatro andares, segundo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), órgão subordinado à Prefeitura do Rio de Janeiro, não estaria localizado nos limites da Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC), Corredor Cultural, e não seria alvo de qualquer tipo de proteção por parte do poder público. Isso, entretanto, não impede que a Prefeitura reconsidere o assunto e, em novos estudos, inclua o imóvel na proteção do tombamento.
“Que interessante explicação para justificar uma tragédia injustificável. Mais uma ofensa à nossa alma carioca, à nossa memória. Mais um apagamento. Menos um sobrado que fez parte da minha vida…mais um prédio espelhado horrendo será erguido às custas do nosso coração. O apagamento dos lugares onde estão a nossa memória afetiva e de tantas gerações é um projeto”, destaca o memorialista.
Urbe CaRioca
A absurda demolição de um sobrado histórico na Rua da Assembleia
Por Daniel Sampaio – Revista Veja
Confesso que o jeito da nossa cidade lidar com a sua história me dá, por vezes, um desânimo muito grande. Parece que nunca aprenderemos com os erros do passado. Nossa arquitetura antiga já foi tão massacrada ao longo das décadas pela sanha demolidora e modernizante. Não podemos acreditar no que ficamos sabendo hoje: a demolição de mais um sobrado antigo do Centro, na Rua da Assembleia, no 13.
Mas você pode estar se perguntando: o que o pobre do sobrado eclético do início do século XX fez para merecer tal destino? Segundo o IRPH (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade), órgão de patrimônio cultural da Prefeitura, o problema é que o coitado do sobradinho está fora dos limites da APAC (Área de Proteção do Ambiente Cultural) do Corredor Cultural. Ele também está “em trecho já bem renovado (Rua da Assembleia) e a legislação permite a renovação neste caso”.
Que interessante explicação para justificar uma tragédia injustificável. Mais uma ofensa à nossa alma carioca, à nossa memória. Mais um apagamento. Menos um sobrado que fez parte da minha vida…mais um prédio espelhado horrendo será erguido às custas do nosso coração. O apagamento dos lugares onde estão a nossa memória afetiva e de tantas gerações é um projeto.
E todos os envolvidos, desde quem aprovou, até quem vai demolir, certamente já devem ter ido passar férias em cidades históricas europeias e lá admiraram o resultado de políticas públicas rigorosas feitas para preservar sempre.
NÃO ACEITAMOS NENHUMA DEMOLIÇÃO A MAIS! Esses dispositivos legais precisam mudar. É a minha luta diária nesta coluna e no Instagram @rioantigo. E é a sua luta também. Não vamos ficar quietos!
Por favor, você que está lendo, divulgue este absurdo para a maior quantidade de pessoas que puder. Quem sabe nosso barulho não faz a diferença e conseguimos reverter esse ABSURDO a tempo?
Alô, Prefeitura, Eduardo Paes e IRPH – SALVEM O SOBRADO DA RUA DA ASSEMBLEIA 13! Não deixem esse ultraje ser perpetrado. Dá tempo ainda! Ele ainda está de pé!
Ao proprietário, Sr. Tammo Nikolas Schlottke, eu digo: use essa joia da nossa Belle Époque que você adquiriu, de forma sábia e respeitosa. Refaça o projeto de forma que o sobrado continue com a gente!
*Daniel Sampaio é carioca do Grajaú. Advogado, memorialista e ativista do patrimônio. Fundador do perfil @RioAntigo no Instagram.
Atualização em 26/7/24
Nota do IRPH:
O Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) informa que a demolição do imóvel localizado na Rua da Assembleia, número 13, foi autorizada pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro e pelo IPHAN, considerando que “a proposta não interfere na ambiência consolidada dos bens tombados existentes na área”. O prédio não é tombado nem está em Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC). Além disso, a Prefeitura do Rio vem trabalhando para recuperar prédios icônicos, por meio de projetos que incentivam a construção de unidades residenciais, espaços culturais e cervejarias, para citar somente a região do Centro, contribuindo para a preservação do patrimônio cultural carioca.
Comentário de Daniel Sampaio
Explicação ultraburocrática, protocolar e fria. Não é possível que a gente aceite perder mais uma joia da arquitetura da Belle Époque só porque outros imóveis antigos estão sendo recuperados. Não podemos aceitar mais nenhuma demolição do Rio Antigo! O Conselho Municipal, que deveria PROTEGER, é um demolidor. Se existia a possibilidade de deliberar pela preservação, por que autorizaram demolir? Nossa história está desprotegida! Uma vergonha.
É um absurdo!!!!