Sob o risco de desabar, prédio da escola de teatro mais antiga da América Latina é interditado

A Defesa Civil interditou nesta semana o imóvel da Escola de Teatro Martins Penna, a mais antiga da América Latina, devido a problemas com cupins, ratos, mofo, rachaduras, entre outros; alunos cobram do Governo, da Faetec e Iphan – o imóvel é tombado desde 1930 – reformas e comprometimento com a história do edifício que tem mais de um século.

O imóvel sofre com com o abandono e o prédio corre risco de desabar. Os estudantes iniciaram um movimento para cobrar reformas na instituição centenária, e já existe, inclusive uma petição online exigindo providências pelo poder público. Mais uma retrato do descaso com o patrimônio, com a educação, com a cultura e com o futuro das novas gerações.

Urbe CaRioca

Alunos da escola de teatro Martins Penna ficam sem aula após interdição de casarão

Estudantes apresentaram diversos problemas de estrutura na unidade que fica no Centro do Rio

Romulo Cunha – Publicado originalmente no O Dia

Foto: Reprodução/Redes sociais

Rio – Estudantes e ex-alunos da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, localizada no Centro do Rio, começaram um movimento para exigir do Governo do Rio melhorias na estrutura do espaço centenário ligado à Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec). A escola foi interditada pela Defesa Civil nesta terça-feira (7) no segundo dia após o retorno do ano letivo.

De acordo com os alunos, a Martins Penna está com problemas estruturais graves que põem em risco a segurança e a vida da comunidade escolar e da comunidade externa. O Teatro Luiz Peixoto, espaço dentro da unidade, está interditado por conta de um problema com cupins na estrutura de seu mezanino. A preocupação dos estudantes é que o mezanino ceda e caia.

Outro problema ainda mais antigo e sério, segundo os estudantes, é a estrutura do casarão do século XIX que compõe os espaços da escola. Há registros de infiltrações, desníveis no assoalho e mofo em diferentes locais.

A sala Claudinete, no segundo andar do casarão, apresentou problemas em sua estrutura, com o aparecimento de uma rachadura em uma das paredes e a interdição de sua sacada, que tem iminência de cair. Segundo o Grêmio Estudantil da escola, a rachadura na parede só aumenta e as portas da sala já começaram a empenar, o que mostra que há uma movimentação da estrutura que pode ceder.

A estudante Lorena Araújo, de 24 anos, que está cursando o segundo ano, revelou que apenas dois espaços da escola são seguros no momento, mas, como são dez turmas, fica impossível a continuidade do ano letivo no local. A aluna ainda contou que não há previsão de obras na estrutura e os alunos não tem para onde ir.

“Há anos o casarão vem apresentando problemas estruturais. Temos relatos de alunos de 20 anos atrás que apontam os mesmos problemas. Porém, problema agravou no pós-pandemia. É cansativo para todo mundo passar por isso. Pensando que a Martins Penna é a escola de teatro mais antiga da América Latina, é inacreditável pensar que estamos implorando por um espaço seguro para estudar. A Martins para mim é a possibilidade de ter acesso ao teatro de maneira pública e de qualidade. Acredito que essa escola seja um polo de fomento cultural e de qualificação técnica no Brasil inteiro. Aqui nós não só aprendemos sobre teatro, mas aprendemos sobre pertencimento, sobre coletivo, sobre grupo”, disse Lorena.

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