Das dez favelas mais “verticalizadas” do país, oito estão na Cidade do Rio de Janeiro.
São territórios onde Códigos de Obras não existem. Constrói-se à revelia de tudo. O mesmo acontece no resto da cidade, cujos Códigos vigentes são sistematicamente desrespeitados, inclusive com a anuência e o incentivo da Prefeitura, que legaliza o ilegalizável mediante pagamento em espécie.
Urbe CaRioca
Rio tem oito das dez favelas com mais apartamentos do Brasil; Rocinha é comunidade mais vertical
Comunidade da Zona Sul carioca possui 9.443 apartamentos, segundo o Censo 2022
Por Felipe Grinberg e Camila Araujo — O Globo
Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletou dados sobre o estilo de moradias nas favelas brasileiras, como casas, apartamentos e cortiços. O Censo de 2022 para comunidades urbanas mostra que, das dez favelas mais verticais do país, oito estão no Rio de Janeiro. A Rocinha, que também lidera os rankings nacionais de população e domicílios, possui 9.443 apartamentos, o que a deixa em primeiro nesse quesito.
Favela | Total de Domicílios ocupados | Apartamentos |
Rocinha, Rio de Janeiro | 30.371 | 9.443 |
Rio das Pedras, Rio de Janeiro | 23.846 | 9.235 |
Muzema, Rio de Janeiro | 4.794 | 3.814 |
Tijuquinha, Rio de Janeiro | 4.380 | 2.975 |
Amigos de Rio das Pedras, Rio de Janeiro | 3.926 | 2.951 |
Parque Chico Mendes, Rio de Janeiro | 2.340 | 1.854 |
Canal do Cortado, Rio de Janeiro | 2.803 | 1.527 |
Condomínio Village da Prata, Natal | 1.278 | 1.273 |
Canal das Tachas, Rio de Janeiro | 2.596 | 1.246 |
Heliópolis, São Paulo | 20.205 | 1.217 |
Ela é a única da cidade do ranking nacional que é localizada na Zona Sul do Rio. As outras sete favelas estão na Zona Oeste da cidade, que viveu um boom habitacional na última década. A região conviveu desde o início do século uma intensa investida de grupos criminosos que praticavam grilagem de terras para a venda de imóveis abaixo do preço de mercado.
O levantamento do IBGE, historicamente, não agrupa algumas favelas. Rio das Pedras, por exemplo, é dividida em duas pela Avenida Engenheiro Souza Filho. Caso fosse considerada uma só, ela continuaria em 2ª no ranking de mais populosa do Rio, mas ultrapassaria a Rocinha com a favela mais vertical.
Algumas áreas também não foram consideradas favelas, pelo Instituto, como a Cidade Alta, na Zona Norte do Rio. Uma das premissas do IBGE para considerar uma região como favela é a insegurança jurídica da posse dos imóveis, sobretudo se a população ali pode ser removida. Apesar disso, alguns conjuntos habitacionais que tiveram uma precarização de serviços públicos, por exemplo, podem ser reclassificados como favelas.