Nada parece coibir os contantes episódios criminosos contra o patrimônio histórico na Cidade do Rio. Os registros atravessam os anos diante da posição cabisbaixa e passiva das autoridades e gestões não tão competentes.
Dessa vez, publicação de O Globo, pasmem, cem metros de gradil histórico fundidos foram furtados no bairro imperial de São Cristóvão. Mas o ocorrido não se deu do dia para noite. Segundo testemunhas, os criminosos agem em doses quase que homeopáticas desde o ano passado ! Estariam os responsáveis por efetivamente agirem contra esse quadro lastimável que atenta contra o patrimônio público aguardando fechar a medida certa de um quilômetro ?
Ironia à parte, vale destacar que a Prefeitura, recentemente, através da Secretaria de Ordem Pública (Seop) e a Subprefeitura da Grande Tijuca, iniciou ações de interdição e demolição de ferro-velhos ilegais, prováveis redutos de compra de peças roubadas, pois se tem gente roubando, evidentemente, existe comprador.
Está mais do que na hora de incrementar essas fiscalizações de forma ampla e contínua. Os locais de “desova” das peças roubadas, leia-se patrimônio público, ficam nas redondezas. Isso parece ser lógico. Não é necessário esperar que novos crimes sejam cometidos para que algo seja feito para evitá-los.
Urbe CaRioca
Cerca de cem metros de gradil histórico em ferro fundido foram furtados em São Cristóvão
Testemunhas afirmam que os furtos vêm acontecendo desde o final do ano passado. Último ataque aconteceu neste fim de semana
Por Geraldo Ribeiro – O Globo
Os sucessivos furtos, que segundo testemunhas vêm acontecendo desde o final do ano passado, foram responsáveis pelo sumiço de cerca de cem metros do gradil de ferro fundido de uma mureta no Campo de São Cristóvão. O último ataque aconteceu neste fim de semana. No trecho alvo dos vândalos estão situadas duas unidades de ensino: a Escola Municipal São Luiz Gonzaga e o Colégio Pedro II. As peças levadas servem de guarda-corpo de uma das pistas que fica numa altura de cerca de dois metros acima do nível das demais. Os riscos de acidentes preocupam quem transita por ali.
Marconi Andrade, da ONG SOS Patrimônio vem denunciando os furtos desde novembro do ano passado. Segundo Andrade, as peças furtadas são históricas, do século 19, e instaladas durante a gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906), inicialmente no Cais Pharoux, no Centro, indo da Praça Quinze até a Avenida Beira-Mar.
— São lindas. É um absurdo o que estão fazendo – lamenta Marconi, que calcula entre 30 e 35 quilos o peso de cada peça furtada.
De um total de 19 peças em ferro fundido, apenas oito continuam no lugar, ainda assim incompletas. As partes superiores já foram levadas, assim como algumas luminárias que ficavam sobre a mureta.
Pai de um aluno de 6 anos do Colégio Pedro II, o motorista de aplicativo Jian Silva da Cunha, de 44 anos, disse que se surpreendeu com a ausência das peças de ferro em frente a instituição de ensino nessa manhã, quando foi levar o filho para a aula. Ele chama atenção para o risco de acidentes.
— É um perigo para os alunos e as pessoas que circulam por aqui. A gente fica abismado com uma situação dessas — afirmou.
Maria Eliene Pereira, de 44 anos, que há 15 trabalha como ambulante em frente ao Pedro II contou que os furtos vêm acontecendo aos poucos. Ela também teme pela segurança dos estudantes e falou que na sexta-feira alertou um casal de alunos para o perigo de ficar namorando num local onde já não havia mais o guarda-corpo.
— Representa risco para todo mundo e principalmente para os alunos, que ficam conversando perto de onde havia um gradil que servia de proteção e agora não tem mais. Pode acontecer um acidente, porque do outro lado é a rua.
Pela manhã uma guarnição com agentes do programa Segurança Presente esteve no local, onde permaneceu até por volta das 10h. Procurada a PM informou, por meio de nota, que o comando do 4° BPM (São Cristóvão) vem empregando policiamento na sua área de atuação, inclusive com reforço do policiamento através do Regime Adicional de Serviço (RAS).
A Corporação recorreu a dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) para apontar queda de 26% no total de furtos e de 53% nos roubos de rua na região no comparativo entre os cinco primeiros meses de 2023 com o mesmo período do ano passado. Mas não faz nenhuma referência aos furtos do gradil no Campo de São Cristóvão.
Veja a íntegra da nota da PM
“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que o comando do 4° BPM (São Cristóvão) vem empregando policiamento na referida área de atuação, inclusive com reforço do policiamento através do Regime Adicional de Serviço (RAS).
De acordo com os últimos dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), houve queda de 26% no total de furtos e de 53% nos roubos de rua na área de atuação da unidade num comparativo entre os cinco primeiros meses de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado.
A Polícia Militar ressalta ainda a importância da colaboração da população realizando denúncias – o telefone do Disque-Denúncia é (21) 2253-1177 – e acionando nossas equipes pela Central 190 ou via Aplicativo 190RJ. Os registros em delegacias da Polícia Civil também são essenciais para que procedimentos investigativos sejam iniciados e para a análise da mancha criminal.”