O site Diário do Rio publicou notícia sobre a proliferação de refeições para viagem vendidas em diversos pontos da Cidade do Rio, sobretudo na Zona Sul, a preços muito abaixo da média, levando-se em consideração a subida dos preços dos alimentos nos últimos meses. De acordo com a Subprefeitura da Zona Sul, vários relatos colhidos durante as apreensões corroboram a possível existência de uma teia criminosa, com indícios de que as quentinhas clandestinas podem conter ingredientes obtidos em roubo de cargas, podendo inclusive tratar-se “de uma indústria, que produz grandes quantidades para que pessoas revendam nos pontos pela cidade”. Isso sem contar o perigo da falta de procedência dos ingredientes, exposição a efeitos climáticos e ausência de condições ideais de armazenamento e temperatura.
Enquanto isso, a Vigilância Sanitária vigia bares e restaurantes. Devidamente, conforme lhe compete. Dois pesos e duas medidas.
Urbe CaRioca
“Pessoas não vendem quentinhas nas ruas, elas revendem. É um sistema similar a uma milícia”, alerta subprefeito da Zona Sul
Após ouvir relatos, Flávio Valle, subprefeito da Zona Sul, diz que é necessário entender a “teia” criminosa nas marmitas clandestinas
Refeições para viagem de 12 reais, em média, com direito a frango assado e complementos podem ser suspeitas e são. Em algumas, há até carne, um dos itens mais caros nos mercados. Subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, conta que, ao apreender 200 quentinhas apreendidas este mês, colheu relatos que fizeram entender que, na verdade, há uma teia criminosa, com indícios de que as quentinhas clandestinas podem conter ingredientes obtidos em roubo de cargas. Ou seja, não é apenas o perigo da falta de procedência dos ingredientes, exposição a efeitos climáticos como sol e chuva ou não ter condições ideais de armazenamento e temperatura, riscos que devem ser evitados, se possível.
Segundo Valle, não existe aquela figura imaginária de uma pessoa que vai a um atacarejo, nome dado aos supermercados que vendem por atacados, e que esquentam o umbigo no fogão para, no dia seguinte, vender na Lagoa. “Trata-se de uma indústria, que produz grandes quantidades para estas pessoas, que revendem nos pontos pela cidade. É similar a uma milícia e há a preocupação de que este mercado clandestino seja também criminoso. Olha o preço da carne e calcule se daria para fazer uma quentinha de R$ 12 reais. Procedência deve ser de mercadoria roubada, carga roubada”, afirma o subprefeito da Zona Sul, que atribui a desordem à falta de fiscalização na cidade de cinco ou quatro anos atrás, na gestão Marcelo Crivella.
Para que as operações deem certo, a velha máxima de quanto menos gente sabendo é melhor, segundo Flávio. “Tentamos não acionar muita gente para não vazar que haverá operação. O tamanho do comboio, por si só, já chama atenção. É de suma importância e causa desemprego em bares e restaurantes”, completa. Bairros como Lagoa, Ipanema e Leblon são os que mais têm demando as ações. Porém, uma equipe do Diário do Rio flagrou quatro pontos de venda de quentinhas em Copacabana, bairro que deve atrair turistas em peso, três deles na Rua Rodolfo Dantas, que fica na lateral do Copacabana Palace, e outro com placa grande em um trailer bem na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Inhangá, a poucos metros de um restaurante. “Copacabana também entra no radar, mas precisamos ser discretos, sem comboio grande, pois os vendedores fecham o carro. Então optamos por fazer uma operação menor, porém mais eficaz”, justifica Valle, que alega não acionar a Secretaria Municipal de Ordem Pública para que haja mais flagrantes.