Há alguns dias foi noticiada a substituição de um edifício relativamente novo, inaugurado em 2001, a ser demolido, por um espigão que promete ser um dos mais altos de Ipanema, com 19 unidades, cada uma com aproximadamente 300 m², uma por andar. O empreendimento nada mais é do que a continuação do constante movimento de renovação urbana (muitas vezes sinal de atraso) ao qual a cidade é submetida. Natural ao longo dos séculos, com a procura e crescimento das áreas urbanizadas, também propiciado pelos avanços tecnológicos, o processo transformou-se em indústria.
A indústria da construção civil, ao menos no Rio de Janeiro, é alimentada pelo aumento desenfreado do potencial construtivo dos terrenos. É o que explica a ampliação sem limites da mancha urbana na Baixada de Jacarepaguá e adjacências (Guaratiba que se cuide) e a demolição de prédios altos para serem erguidos outros ainda maiores em seu lugar.
Há cerca de dez anos a primeira modalidade explodiu em nome dos Jogos Olímpicos, o que gerou, por exemplo, o gigantesco conjunto denominado Ilha Pura (“Ilha Pura: Nem é Ilha nem é pura”), financiado pelos governos, empacado, e agora relançado com a intervenção de um grande Banco e negociação de dívidas.
A segunda modalidade recebeu novo impulso há pouco tempo, com o projeto chamado Reviver Centro que, conforme já explicado, revive outros bairros do Rio, em especial na cobiçada Zona Sul, que vê os gabaritos estabelecidos em lei aumentados como bônus para as empresas que se dedicam a construir e reformar no Centro da Cidade.
Este ano tivemos a cartada final. Ou, melhor, sempre a penúltima. O novo (velho como o Diabo) Plano Diretor somado ao novo (também pernicioso) Código de Obras, foram o tiro de misericórdia na combalida urbe carioca. Entre outras barbaridades, é possível atingir alturas correspondentes à altura média dos prédios existentes em cada quarteirão. Ora, leis supervenientes que sempre aumentam as alturas, em vários casos disseram “basta”. E estabeleceram limites conforme as características dos bairros.
Esses critérios caíram por terra, tal como os muitos edifícios que serão demolidos em nome da ganância e benesses para o mercado imobiliário.
O exemplo da reportagem é apenas um. Muito mais virá. Sem nos esquecermos das famigeradas Mais-Valia e Mais-Valerá que tudo liberam. Até a transformação de garagens e áreas de recreação em apartamentos e salas comerciais.
Os dois próximos anos, prometem. Depois, o Estado que se cuide.
Urbe CaRioca
Nem os mais novos escapam: fundo imobiliário derruba prédio moderno para erguer espigão de luxo em Ipanema
Com poucos terrenos disponíveis e preços exorbitantes, o fundo Opportunity optou por transformar o espaço, abrindo caminho para um novo empreendimento que contará com 19 unidades, cada uma com aproximadamente 300 m²
Por Victor Serra – Diário do Rio
O fundo de investimento imobiliário Opportunity está movimentando o mercado de luxo do Rio com um novo projeto audacioso em Ipanema. Em uma das localizações mais cobiçadas da Zona Sul, na quadra da praia e dentro do Quadrilátero, será lançado um espigão que promete se tornar um dos edifícios mais altos do bairro, na Rua Prudente de Morais, 1050. Atualmente, os trabalhos se concentram na demolição do Edifício Visconti Residence Service, uma construção relativamente nova, que foi inaugurada em 2001 e operava como um flat.
O fundo de investimento imobiliário Opportunity está movimentando o mercado de luxo do Rio com um novo projeto audacioso em Ipanema. Em uma das localizações mais cobiçadas da Zona Sul, na quadra da praia e dentro do Quadrilátero, será lançado um espigão que promete se tornar um dos edifícios mais altos do bairro, na Rua Prudente de Morais, 1050. Atualmente, os trabalhos se concentram na demolição do Edifício Visconti Residence Service, uma construção relativamente nova, que foi inaugurada em 2001 e operava como um flat.
Paulo Cezar Ximenes, diretor da Sergio Castro Ouro, comenta sobre a tendência de “rebuilding” que já alcança imóveis sob a legislação de varanda: “Penso que seja proficiente para o mercado imobiliário essa renovação dos imóveis, substituindo, por exemplo, dois por andar para um por andar. Você está elevando o local, dando nível e entregando um produto encorpado para a cidade.”
O novo projeto, que ainda não foi divulgado, promete impactar significativamente o chamado pelos corretores “Quadrilátero de Ouro”, área que vai da Rua Joana Angélica até o Leblon. Ximenes também enfatiza a diferenciação de preços entre as unidades: “Com certeza, pela altura, as unidades mais baixas – sem vista para o mar – terão uma faixa de preço diferente das mais altas, com vista total para a orla. Ele será erguido no melhor trecho da Prudente, no chamado ‘Quadrilátero de Ouro’, sendo paralela à Praça Nossa Senhora da Paz.”
De acordo com o especialista do mercado de luxo carioca, as unidades podem começar em torno de R$ 10 milhões e chegar até R$ 16 milhões. O grupo ainda trabalha no lançamento de três outros espigões no bairro, em pontos diferentes, mais concentrados na região da Praça General Osório. Apesar da tendência de verticalização de Ipanema, que é conhecida por edifícios mais baixos e antigos, o projeto tem todas as licenças exigidas pelos órgãos municipais.