VENDO O RIO – QUARTEL DA PM E BIGORRILHOS

BIGORRILHO
Foto: Eduardo Paes – Fonte: Jornal O Globo

Enquanto a Itália chora perda do seu Patrimônio Histórico, aqui destroem o nosso.

No Rio de Janeiro a venda dos terrenos de vários Batalhões da PM vem sendo anunciada há alguns anos. Tijuca, Leblon, Centro… As notícias sempre causam polêmica, seguida de silêncio – ao menos o assunto sai da mídia, temporariamente.
Nos últimos dias a venda da área enorme que fica na Rua Evaristo da Veiga voltou à berlinda. Diz a notícia de 21/5 no O Globo que o terreno será comprado do Governo Estadual pela Petrobrás por R$ 336.000.000,00. Ontem, 22/5, a pretendente disse que o negócio ainda não está fechado.
O terreno fica no coração do Centro da cidade, entre os Arcos da Lapa e a Cinelândia, e é limítrofe com o Corredor Cultural, área considerada patrimônio histórico do Rio.
Domingos Peixoto / Agência O Globo
Fonte: Pesquisa Globo on Line
Para aumentar o imbroglio, há a legislação urbanística.
Atenção, Petrobrás!

O Urbe CaRiocadá uma aula grátis: as áreas militares são classificadas como Zona Especial 7 (ZE-7). Significa que não existem índices de construção e que os vereadores devem aprovar uma lei estabelecendo o que pode ser construído. Além disso, os órgãos de patrimônio cultural precisam concordar com a proposta devido à existência de uma capela tombada, parte do imóvel. Isto, porém, deve ser o menor problema: já aprovaram a construção de uma Torre na Lapa e a demolição da marquise do Maracanã…

A Petrobrás não deve comprar o terreno, a não ser que já esteja tudo acertado quanto à aprovação de mais uma leizinha especial.

E O “BIGORRILHO”?
Justamente ontem, em meio às notícias sobre o terreno do Batalhão, foi apresentado o modelo do novo “Bigorrilho*” – apelido das placas que ficam no teto dos táxis – com foto de autoria do Prefeito.

A proposta ilustra com perfeição uma das marcas desta gestão municipal, talvez a  mais forte: o aumento de índices construtivos por toda a cidade, desde a sanção do novo Plano Diretor até uma lista específica de benesses urbanísticas, algumas ainda a caminho.

Inconsciente ou subliminar, tudo está lá: são sete edifícios altos competindo com o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, precioso patrimônio cultural e paisagístico do Rio de Janeiro. Só Freud explica.
A série de poeminhas VENDO O RIO, cada vez mais atual, é assunto para os próximos posts. 
Centro do Rio: Mapa Cultural
Fonte: Pesquisa Internet
Opinião e História
Abaixo, publicação da Newsletter de 22/5/2012 (Boletim de Notícias Ex-Blog).
MAIS UM MONSTRENGO NO CORREDOR CULTURAL DO CENTRO DO RIO!
1. E não fica nisso. Precisa de lei municipal para autorizar e definir altura e ocupação do terreno, pois esta é uma ZE 7 – área militar. E, se não bastasse, a Petrobras é uma empresa em mercado e com acionistas e qualquer valor deve ser resultante deum leilão. Da mesma forma o governo do Rio. Tudo ilegal. Se Petrobras pagar, vai ficar com um mico e sua direção terá que responder na justiça e junto à CVM pelo valor gasto. O governador da mesma forma.
2. (Lauro Jardim – Radar Online, 21) O maior negócio imobiliário da história do Rio de Janeiro está prestes a ser fechado. A Petrobras está comprando o terreno onde está localizado hoje o Quartel-General da Polícia Militar por 336 milhões de reais. Ali, será erguida uma nova super-sede da Petrobrás, bem ao lado da atual.
O QUARTEL GENERAL DA PM NO RIO!
(MPC) 1. Ali é um pedaço da história do Brasil. O que ele representa não tem preço. Dali saíram as mudas de café que fizeram a economia do final do século 19 e início do 20. Dali saíram tropas que lutaram na guerra do Paraguai. Ali serviu o pai de Olavo Bilac. Naquele pátio Dom Pedro II foi recebido entre outros chefes de estado e outras figuras históricas. Duque de Caxias teve como seu primeiro comando aquele quartel. Floriano Peixoto ali também comandou antes de ser presidente do Brasil. Da mesma forma que General Sampaio, patrono da Infantaria.
2. Naquele quartel, por anos, foi abrigada a sede da Associação Brasileira de Imprensa. E ninguém está dando a mínima… Vão vender para uma empresa, tudo por causa de dinheiro. Demolido ou engolido pela presença avassaladora de um desses prédios modernosos, na prática terá o mesmo destino do Palácio Monroe, ou do Convento da Ajuda, seus irmãos fantasmas na mesma área.
3. Basta lembrar a presença avassaladora do prédio Cândido Mendes, no que era a área do Convento das Carmelitas, onde ficaram as mulheres da comitiva de D. João VI ao chegar ao Rio e com história multissecular. Olhem bem para lá. Nem precisa demolir.
4. Depois do espigão da Eletrobrás, querem mais este espigão. Bem, até aqui o espigão da Eletrobrás ainda não foi feito, pela mobilização de tantos. Seria ocaso de um “OCUPE” cultural, através das Redes Sociais.
Nota – *Bigorrilho – Para saber o significado, consultar o dicionário.

Comentários:

  1. Quando li a notícia no jornal sobre a venda do quartel para a Petrobras, veio na minha cabeça: querem vender todos os quartéis, onde ficarão alojados os policiais desta instituição tão desacreditada entre nós? Pura ingenuidade minha! Isso é o de menos! Após ler os esclarecimentos do blog, de toda a ilegalidade para a venda que irá beneficiar… quem?…especulação imobiliária?… será que isto tudo é tratado em restaurantes do Alain Ducasse com os guardanapos na cabeça? Ou nas Bahamas? Em tempo, vi o significado de bigorrilho no dicionário, acho que os taxistas não vão aprovar.
    Doris Schor

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