Ah! Meu Rio, o que dizer?

Imagem: Urbe CaRioca

Haveria muito a dizer.

O noticiário mostra imagens assustadoras, desde o final da tarde de ontem, quando teve início o temporal fortíssimo que abalou a Cidade do Rio de Janeiro, trouxe morte, destruição, e muitas perdas materiais, estas o menor problema, diante do quadro geral. Quem estava em local seguro, permaneceu abrigado, não foi surpreendido por enxurradas e deslizamentos, e conseguiu chegar à casa, mesmo que de barco do Corpo de Bombeiros, caminhando através das águas enlameadas, ou pendurando-se em grades ao longo das calçadas, pode considerar-se pessoa de sorte.

Haveria muito a dizer.

Sobre erros no planejamento urbano – ocupações  irregulares e irresponsáveis em encostas e margens de rios e lagoas,  ocupações regulares e irresponsáveis decorrentes de leis urbanísticas  permissivas e incentivadoras da especulação imobiliária, ocupações irregulares e regulares no caminho das águas na urbe sabidamente sujeita a enchentes, aterros sistemáticos que impedem o fluir das redes hidrográficas…

Sobre os bueiros entupidos pela natureza, pela população, pelo lixo deixado de forma irresponsável nas áreas planas e nas encostas, sobre a conservação da cidade duvidosa, sobre a falta de mais áreas permeáveis, praças e áreas livres que possam absorver as águas, sobre a ganância imobiliária que encontra eco nas sucessivas administrações e disputa cada metro quadrado a mais que possa ocupar, sobre um novo Código de Obras talhado para atender a essas demandas, sobre as favelas rebatizadas de comunidades que crescem sem parar sobre florestas e áreas de proteção ambiental, sobre as construções de ricos e remediados que também desrespeitam as normas de ocupação do solo, sobre a eterna substituição das edificações por outras de maior porte que levam adensamento aonde a infraestrutura não mais comporta…

Sobre as prioridades olímpicas equivocadas, sobre a ciclovia que nasceu errada, sobre o sistema viário não concluído na Baixada de Jacarepaguá, sobre o Metrô insuficiente que, completo, faria o número de veículos nas ruas diminuir, sobre a precariedade do sistema de trens…

O que haveria a dizer, a mão da Mãe Natureza – mais uma vez pesada sobre a Cidade do Rio de Janeiro, somada a prováveis descaso, abandono e incompetência – cala.

A dizer, apenas a solidariedade deste blog urbano-carioca a todos que, de algum modo, foram atingidos por mais uma das enchentes que assolam o Rio desde sempre, e o desejo que que as águas e o céu da Cidade voltem a ficar azuis trazendo esperança ao carioca.

Urbe CaRioca

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