Artigo: IRRESPONSABILIDADE NO CENTRO HISTÓRICO DO RIO TERÁ CONSEQUÊNCIAS INCALCULÁVEIS! , pela Newsletter Ex-Blog

CENTRO DO RIO
Biblioteca Nacional, Avenida Rio Branco, Cinelândia
Internet



Em 23/01/2014 publicamos CENTRO DA CIDADE: O TRÂNSITO, A AVENIDA RIO BRANCO, E O CAOS, sobre as mudanças previstas pela Prefeitura para a acessibilidade por automóveis, táxis, e, é claro, da população, ao coração do Rio de Janeiro, com especial menção ao proposto para a utilização da Avenida Rio Branco, que o governo municipal justifica como necessário devido à demolição do Elevado da Perimetral.

Ontem a Newsletter Ex-Blog fez a análise abrangente sobre o assunto – que reproduzimos a seguir -, onde considera que “o silêncio de urbanistas, dos departamentos de urbanismo de faculdades de arquitetura, do IAB, a cumplicidade de grandes empresas que têm assessoria e informação de sobra pela experiência acumulada, são inadmissíveis”.

Com a palavra, o leitor do Urbe CaRioca.



  



   
NEWSLETTER EX-BLOG, 04/02/2014



1. Pode-se buscar razões na excitação da idade ou mesmo na busca incontrolável de deixar marcas na cidade. E é provável que tudo isso tenha sido agravado pela conjuntura adversa de opinião pública que excita a adoção de medidas para tentar reverter a situação. Mas o silêncio de urbanistas, dos departamentos de urbanismo de faculdades de arquitetura, do IAB, a cumplicidade de grandes empresas que têm assessoria e informação de sobra pela experiência acumulada, são inadmissíveis.
    
2. É verdade que um vetor – hoje de longe o menos importante – entre urbanistas imaginava que cabia a eles fazer a cidade e convidar as pessoas a vir morar. Brasília foi assim. A Barra da Tijuca foi assim. Mas, independente dos equívocos, nos casos, partia-se de ocupação de espaços vazios sem história urbana e, mesmo no caso da Barra, com uma mínima integração com os demais bairros.
    
3. Os mais importantes urbanistas daqui e do mundo todo nos ensinam que as cidades são organismos vivos, que vão crescendo, ocupando espaços na lógica das necessidades e interesses dos moradores, das empresas, etc. Cabe ao poder público intervir para potencializar os vetores positivos dessas dinâmicas e inibir, ou mesmo reprimir, os negativos. Os bairros são produtos dessa dialética.
    
4. O que está ocorrendo no Centro Histórico do Rio, por obra e arte do poder público, é uma irresponsabilidade. Histórico com H maiúsculo, porque se trata de espaços fundacionais do Rio que cresceram pela lógica das demandas e das necessidades, construindo as ocupações que conhecemos. Intervir potencializando/reprimindo é necessário e tem sido feito desde a Rua do Ouvidor no século XIX, passando por Pereira Passos, Dodsworth, etc.
    
5. A Av. Central/ Rio Branco não teria sido uma prioridade sem a necessidade de um novo porto e sua articulação, com o transporte de passageiros (o avião da época) e de carga. E potencializando o vetor urbano da região, que exigia as mudanças para garantir a dinâmica de sua ocupação comercial e residencial.
    
6. Primeiro articulando com a Zona Sul (Av. Beira Mar) e depois com a Zona Norte (Presidente Vargas e Avenida Brasil de Henrique Dodsworth), na medida em que o trem e o bonde perdiam a exclusividade para o automóvel. E a ocupação do Centro ganhou a dinâmica que conhecemos.
    
7. A lógica das pessoas foi construindo os prédios comerciais, os equipamentos de cultura e lazer, os espaços residenciais, etc. E como ocorre sempre, veio acompanhada da necessária mobilidade que garantisse essa lógica. O bonde primeiro, o trem depois, as barcas, as avenidas, os aviões, o metrô…
    
8. A área portuária – esvaziada por muitos anos – com a mudança da matriz de transportes em direção ao Porto, demanda uma intervenção potencializadora do poder público. É consenso e vem sendo desenhada desde 1978 pela Associação Comercial. Não importa que venham as divergências da forma que se faz essa ocupação. A lógica das necessidades vai definir sua dinâmica. Ou se alguém prefere, também a lógica do mercado.
    
9. Agora, entrar na via central do centro histórico – e, por isso, assim se chamava na sua inauguração – e de um golpe, para facilitar as obras em direção a um espaço em construção que não se pode prever tempo e adensamento, afetando o vetor da mobilidade local e interativa, é algo tão irresponsável, que em qualquer grande cidade do mundo com história produziria uma obstrução na justiça ou mesmo popular.
    
10. Há tempo para a razão prevalecer. Há tempo para os urbanistas falarem. Há tempo para o MP intervir. Como o governador simplesmente se omite, num espaço que é Intermunicipal, interestadual e internacional, há tempo também para as manifestações dizerem não a esta barbaridade.






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