Em 15/10/2014 publicamos o post LAGOA RODRIGO DE FREITAS – O REMO E OS TRAMBOLHOS PROVISÓRIOS PERMANENTEScom ênfase na cobertura instalada sobre a segunda arquibancada do Estádio de Remo, mais próxima “do Permanente do que do Provisório”. De fato, a última cobertura, para festa VIP da Copa do Mundo, foi retirada só em parte, e reinstalada integralmente em seguida para as comemorações de fim-de-ano, e lá continua!
Conforme afirmamos antes, “leis urbanísticas e de proteção do entorno da Rodrigo de Freitas são ignoradas”: a altura máxima permitida nas margens da lagoa é de 4.00m, apenas para pequenas construções de apoio às atividades de parque público que circunda a orla deste bem cultural tombado pelo município e união. Dirão alguns ‘é só uma construção provisória, vai ficar ali durante pouco tempo’…, a mesma desculpa ou condescendência que planta outros mostrengos, que vão e voltam, em cima do Forte Copacabana – de novo bem cultural tombado, paisagem magnífica, etc. etc – e que já semeou as lonas da Marina da Glória, e outros provisórios-permanentes.
Conforme também já relatamos neste blog, a reconstrução da arquibancada que integrava o bem cultural tombado – e foi demolida irregularmente – não deixava dúvidas sobre a intenção de ocupar posteriormente: mais alta, laje de teto reforçada… Não será surpresa se surgir mais um andar novo ali, de concreto. Afinal, se o monstro branco lá está há muito tempo salvo breves intervalos, por que não construir algo definitivo? A justificativa será igual à da Marina da Glória: “a altura do projeto é igual à do que lá está”. “E no Forte Copacabana, também local de muitos apêndices provisórios-permanentes”, alguém dirá?
No caso da Lagoa a classificação ‘provisório-permanente’ parece superada, fica só o ‘permanente’, afinal, já se passam mais de nove meses desde a última instalação!
Na postagem anterior mais recente mencionamos o projeto para a construção de arquibancadas sobre o espelho d’água da poluída Rodrigo de Freitas, conforme constava da página do Esc. de Gerenciamento de Projetos do Governo do Rio de Janeiro (EGP-Rio). No mesmo tema, cerca de um mês depois transcrevemos o comunicado do movimento S. O. S. Estádio de Remo que pode ser conhecido AQUI.
No início de janeiro/2015 o jornal O Globo divulgou uma nota segundo a qual “Depois de muita polêmica foi reduzido de dez para quatro mil lugares o projeto de construção de uma arquibancada temporária sobre o espelho d’água da Lagoa, palco de competições de remo e canoagem durante as Olimpíadas. Nos Jogos anteriores, estas competições eram afastadas. No Rio, elas se darão num dos cartões-postais da cidade”.
Pode ser um caso típico de “retirar o bode da sala”. Por outro lado, a notícia de que as obras estarão prontas em daqui a 8 meses, também divulgada pela imprensa, não menciona porte da construção nem características de projeto, embora a ilustração da reportagem seja idêntica à anterior.
Vista de como ficará o Estádio de Remo da Lagoa para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, segundo o Dossiê de Candidatura. (Página EGP-Rio)
Vista de como ficará o Estádio de Remo da Lagoa para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, segundo o Dossiê de Candidatura. (Página EGP-Rio)
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Para aumentar a polêmica e as muitas dúvidas, vale conhecer o artigo de Alessandro Zelesco publicado na Tribuna da Imprensa on line no último dia 04 com o título O LEGADO OLÍMPICO PARA INGLÊS VER. Trecho:
A área está afetada em Lei para uso desportivo e não “misto”.
O “uso misto” implantado ilegalmente com a privatização do Estádio faz com que empreendimentos comerciais ocupem hoje 80% da área e empurrem o remo cada vez mais para a marginalidade, em um espaço (público) que deveria ser 100% dedicado ao esporte, ainda mais depois de acolher provas oficiais de uma Olimpíada.
Pode estar a caminho mais um trambolho permanente ‘para carioca ver’ eternamente depois que os estrangeiros forem para casa.
Estádio de Remo da Lagoa, segunda arquibancada. Com trambolho. Festas pós-Copa do Mundo. Foto: Urbe CaRioca |