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No feriadão o noticiário nos informou sobre novidades urbano-cariocas em bairros distantes um do outro: Madureira, na Zona Norte, e Botafogo, na Zona Sul.
Em Madureira a boa-nova já foi concretizada com a inauguração de uma praia artificial no Parque de Madureira (O Globo, 12/10), este construído em antigo terreno da Light proporcionando aos moradores da Zona Norte usufruírem uma enorme área de lazer desde 2013, ótima ação da gestão municipal, diga-se: afinal algumas há.
Quanto à Praia de Botafogo, a manchete no mesmo jornal, ‘Botafogo ganha projeto do escritório Burle Marx’, causa alguma apreensão. Trecho:
“Uma das ideias da equipe foi dar uma identidade à enseada, a exemplo da Praia de Copacabana. O projeto acaba com a falta de continuidade e de uma cara própria da principal calçada de Botafogo, com 10.500 metros quadrados, usada nos deslocamentos do dia a dia. No lugar, entra o traço característico do arquiteto e paisagista Haruyoshi Ono, considerado o herdeiro intelectual de Burle Marx (…)”.
Lembremos que a Enseada de Botafogo tem fortíssima identidade. Que outro lugar do Rio de Janeiro conta com a moldura do Pão de Açúcar, ícone da cidade? O que prejudica o lugar são a falta de segurança e de limpeza, a poluição de águas e areias, problemas que um projeto urbanístico sozinho não tem o condão de resolver. Some-se o fato de que as distâncias e perigos decorrentes das vias expressas do Aterro – úteis aos deslocamentos de carros e transporte público, mas empecilho ao livre caminhar – impedem o carioca de aproveitar melhor as belezas extraordinárias daquele cenário ímpar que não precisa de maquiagem. E, é claro, o trânsito caótico e insuportável nesse bairro, tanto na periferia quanto nas ruas internas, a qualquer hora do dia.
Cabe lembrar que todo projeto para os jardins, praia e a Enseada, protegidos por leis ambientais e de tombamento, precisa ser aprovado pelo Conselho de Patrimônio Cultural do Município.
Entendemos que a calçada, na orla, deve continuar branca, lisa. A paisagem não requer desenhos.
Sugestões eficazes além de ações pela segurança: demolir a piscina suspensa, um trambolho inexplicável no final da enseada; cuidar das estações de esgoto; eliminar outras construções sobre a areia na ponta da “meia-lua”. Retirar cartazes, aliás, proibidos na orla da cidade. E, quem sabe, pedir para trocarem os vidros do prédio que substituiu a antiga piscina com cobertura ovalada? O edifício foi construído em local onde a altura máxima era de 10,00 que teve o gabarito elevado em manobra para beneficiar o Clube que tem o mesmo nome do bairro.
Aliás, vale lembrar também que shopping não salva clube de futebol. Nem construir arenas. Nem mesmo perdoar dívidas de IPTU.
Urbe CaRioca