Mais Metrô 8 – Linha 1 + Linha 4 + Praça + Árvores = Mistura Confusa

UtilitáRio

Mais Metrô 8 – Linhas 1 + Linha 4 + Praça + Árvores = Mistura Confusa                       

O Urbe CaRioca foi à manifestação na Praça Nossa Senhora da Paz, ouviu discursos e comentários; pesquisou sobre o histórico dos projetos; conversou com interessados; recebeu pedidos de explicações; e concluiu: (1) há desinformação e confusão gerais sobre o Metrô; (2) a propaganda forte do Governo Estadual  – inclusive promovendo visitas à obra na Barra sem definir a ligação com a Zona Sul – trocou o nome da Linha 1; (3) a mídia impressa, virtual e televisiva absorveu a estratégia e já se refere à Linha 1 como Linha 4, inclusive o RJTV, noticiário local de enorme audiência; (4) o Mais Metrô 8 é necessário e entra na categoria UtilitáRio.
O assunto inesgotável não cabe em uma postagem. Por isso os pontos principais estão apresentados em tópicos. A quem se interessar, vale dedicar paciência e um pouco de tempo à leitura “ping-pong”, através de links incluídos ou indicados que são úteis e fundamentais para o entendimento. O Rio merece.
Bons estudos CaRiocas!
1.     O Urbe CaRioca deu início à série sobre o Metrô com o texto O Metrô e a Praça, seguido por Mais Metrô, e Mais Metrô 2 a Mais Metrô 7. O primeiro é texto de uma página. Os demais são postagens pequenas, explicativas e opinativas. Os links estão neste blog, à direita;

2.     A Linha 1 não é a Linha 4– A Linha 1 começa na Tijuca, Estação Uruguai, desenvolve-se em arco pelo Centro e Zona Sul até o Jardim de Alah. As Estações Nossa Senhora da Paz e Jardim de Alah não foram construídas. Portanto, o que se anuncia é o prosseguimento da construção Linha 1.

a.       Linha 1 : Projeto Original – Linha circular. Incluiria Estação Álvaro Chaves (Botafogo), Rua Uruguai (Tijuca), General Osório (Ipanema), Praça da Paz (Ipanema), Jardim de Alah (Ipanema), Praça Antero de Quental (Leblon), Praça Santos Dumont (Gávea) e túnel através do maciço da Tijuca para unir Zonas Sul e Norte.

b.      Linha 4: Projeto Original – Estação Alvorada, Barra Shopping, Parque das Rosas, Shopping Downtown, Estação Barra Point, Jardim Oceânico, Praia do Pepino, Fashion Mall, PUC, Praça Santos Dumont, Jardim Botânico, Hospital da Lagoa, Maria Angélica, Humaitá, Largo dos Leões, Botafogo, Laranjeiras e Carioca
 (Fonte: Blog Metrô do Rio em Metrô paraTodos, que descreve as alterações).

3.     A Linha 2 não é a Linha 1 – A Linha 2 começa na Pavuna e termina na Praça XV. Cruza a Linha 1 na Estação Carioca. Não foram feitas as Estações Catumbi e Cruz Vermelha (esta chegou a ser escavada e depois tampada). A plataforma da Linha 2 na Carioca foi construída. Porque a ligação não foi feita, a plataforma foi alugada para uma universidade (!): funciona dentro da Estação Carioca, aonde deveriam chegar os moradores da Zona Norte e Baixada, via trem, que trabalham no Centro. Ali e no Estácio seria feita a baldeação da Linha 2 para a Linha 1.

4.     A Praça em Ipanema – A Estação Nossa Senhora da Paz está prevista desde os anos 1970. A Linha 1 terminaria no Jardim de Alah. O Governo do Estado aumentou o trajeto até a Praça Antero de Quental para dali continuar até a Gávea, batizando a continuação da Linha 1 e sua ampliação, de Linha 4 (V. Breve História do MetrôFluminense).

5.     A Praça e as Árvores – A Praça é linda. Tem muitas árvores centenárias. É tombada desde 1993. O tombamento, entretanto, nem sempre impede que se façam intervenções, muito pelo contrário. Basta que os órgãos responsáveis pela proteção do Patrimônio Cultural limitem-se à análise técnica e autorizem o que entenderem ser compatível com o bem tombado, tenha sido o tombamento instituído por decreto ou por lei. Dá no mesmo.
Praça N. S. da Paz e Monumento a Pinheiro Machado, bens culturais tombados desde 1993.
Imagem: Wikipedia
6.     Ter ou não ter a Estação na Praça – Embora a preocupação com a destruição da Praça e o corte das árvores tenha razão de ser, o discurso, às vezes fraco, dá margem a muitas interpretações e contestações: “Não somos contra o Metrô, mas queremos que a praça fique como está”; “Já temos Metrô em Ipanema e haverá Jardim de Alah, aqui não precisa”; “Criei meus filhos aqui”; “Deixem a praça em paz”.Há quem seja a favor: “Vamos minimizar os impactos”; “Já conseguimos benefícios do Estado” (quais?). Argumentos pouco consistentes são facilmente taxados de elitistas. A necessidade da estação é decisão técnica. A distância entre as Praças General Osório e N. S. da Paz é de aproximadamente 850m. Entre a primeira e o Jardim de Alah, 2000m. Basta consultar Distâncias Entre Cada Estaçãoda Linha 1 para  verificar que a Estação é necessária, assim como o são as Estações  Morro de São João, abandonada entre Botafogo e Cardeal Arcoverde, e Cruz Vermelha, também abandonada e parte da Linha 2. Quanto às árvores e ao uso da praça só restaria buscar alternativas de projeto. As distâncias:

General Osório <—> Cantagalo: 900 metros.
Cantagalo <—> Siqueira Campos: 1.100 metros.
Siqueira Campos – Cardeal Arco Verde: 750 metros.
Cardeal Arco Verde <—> Botafogo: 1.500 metros.
Botafogo <—> Flamengo: 1.400 metros.
Flamengo <—> Largo do Marchado: 750 metros.
Largo do Machado <—> Catete: 500 metros.
Catete <—> Glória: 650 metros.
Glória <—> Cinelândia: 1.100 metros.
Cinelândia <—> Carioca: 400 metros.
Carioca <—> Uruguaiana: 600 metros.
Uruguaiana <—> Presidente Vargas: 500 metros.
Presidente Vargas <—> Central: 600 metros.
Central <—> Praça XI: 1.000 metros.
Praça XI <—> Estácio: 800 metros.
Estácio <—> Afonso Pena: 1.300 metros.
Afonso Pena <—> São Francisco Xavier: 700 metros.
São Francisco Xavier <—> Saes Peña: 1.000 metros.

7.     Consequências do prolongamento da Linha 1 até Leblon e Gávea – Fazer um “puxado” na Estação General Osório, adaptando-a à segunda plataforma, não prevista; obra mais cara; fechamento das estações G. O. e Cantagalo; escolhas feitas em detrimento da verdadeira Linha 4, trajeto menor para ligar a Barra da Tijuca ao Centro, objetivo primordial dessa Linha; estação Gávea – parte da Verdadeira Linha 4 – seria feita em dois níveis para permitir as ligações Barra-Centro e Gávea-Tijuca, por baixo do maciço: o Governo do Estado quer agora fazer um nível só.

8.     Prioridades e questões administrativas – É o uso do correto do Poder Discricionário? É possível rebatizar da Linha 1 de Linha 4 e não realizar licitação para a obra, conforme afirmam algumas notícias que ocorreu? Não é assunto para o Urbe CaRioca, que deixa as perguntas para Juristas, Procuradores, Controladores e o Ministério Público.
Para elaboração deste texto foi inestimável a colaboração do Blog Metrô do Rio. Lá, à direita da página, estão os links listados e separados por cada Linha do Metrô com todas as explicações, projetos, traçados, mapas, o que foi e o que deixou de ser feito, e as modificações projetadas ao longo dos anos.

                    Imagens da manifestação na Praça N. S. da Paz, sábado, dia 12/05/2012 – Acervo Urbe CaRioca

O casal simpático autorizou a divulgação da foto na internet

  1. PT FAZ CRÍTICA DURA A CABRAL NO DEBATE NA PUC SOBRE LINHA 4 DO METRÔ!

    (AM-JCM) 1. Dep. Gilberto Palmares do PT. Não há planejamento por parte do estado; / – Estado vai a reboque dos interesses políticos das concessionárias; / – Pressão em cima do estado para maior diálogo com a população; / – Pesquisa do IBGE mostra que o que se gasta com transporte é o mesmo que se gasta com comida; / – A linha é uma gambiarra.

    2. Dep. Alessandro Molon do PT. Pior trajeto que poderia ter sido escolhido; / – É um trajeto ilegal, pois foi alterado sem licença devida; / – Prorrogação da concessão foi feita no dia 31 de dezembro: "um absurdo com a população"; / – Fundamental que Gávea seja construída em 2 níveis; / – Espera-se que um próximo governo, com o mínimo de responsabilidade, dê prosseguimento a Linha 4 original; / – Governo concorda com a empresa e não com o povo e seu interesse; / – Licença ambiental é lamentável; / – Governo quer bifurcações, o que aumenta consideravelmente o risco de acidentes; / – Em qualquer lugar do mundo, metrô é em vários níveis; / – Metrô foi muito bem planejado, originalmente, pensado no interesse público e não no lucro; / – "A insensatez do governo continua firme!"; / / – "Vamos aproveitar que é ano de eleição e ver o que o Prefeito diz sobre isso".

    3. Eng. Fernando McDowell (Ex-diretor do Metrô). – Nos anos 80, etc., o intervalo era de 3 minutos e hoje chega a 6 minutos e meio; /- Há prejuízos até mesmo para a rede pública de saúde, pois causa estresse e as pessoas passam mal; / – BRT no lugar do metrô é um absurdo; / – "A mentira acerca do BRT é irritante!"; / – Em 30 anos, nunca houve um acidente, no metrô do Rio, mas está tudo pronto para que isso aconteça. E se continuar, vai acontecer; / – Tentou falar diversas vezes com Sérgio Cabral e nunca houve retorno; / – O legado a ser deixado é a capacidade do metrô reduzida.

  2. Obrigada pelo comentário. Concordo que faltou destacar o silêncio da Prefeitura, inexplicável. Tratei disso no texto O Metró e a Praça, que está aqui no Urbe CaRioca. Há pouco havia postado o mesmo no twitter, de modo informal: A Prefeitura não pia.
    Ab.
    Andréa

  3. Muito boa a abordagem do tema.
    Detalhada análise e bem fundamentada.
    O conceito e a importância do sistema metroviário estão baseados no modelo de malha, o que não é o caso do metrô na cidade do Rio de Janeiro.
    Outra consideração que merece ser destacada é a ingerência do ente Estado numa questão que envolve a mobilidade na cidade do Rio de Janeiro e, portanto, deveria ser tratada pela Prefeitura.

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