Véspera de Natal 2022, na Urbe CaRioca

CrôniCaRioca

Cartinha para Papai Noel, 2022. Crédito: E., cinco anos

E. (5 anos, dois dias antes da Véspera de Natal): – Mamãe, vou fazer uma cartinha para o Papai Noel – A mãe, ocupada, assente, nem se lembra de que E. não sabe escrever.

Papai Noel é aguardado ansiosamente. Vamos cantar para que ele escute e encontre a nossa casa. “Botei meu sapatinho, na janela no quintal…”. _Nada. De novo. Quem sabe mais alto? Ele é velhinho, vai ver não escutou. “BOTEI MEU SAPATINHO, NA JANELA DO QUINTAL”!

Na terceira tentativa ouve-se um sino soando. _É ele!! Chegou!

Palmas, alegria! _Entre, sente-se aqui, deve estar cansado. _Obrigada, crianças, estou só um pouquinho sim.

B.(9 anos): Papai Noel, como você não esquece todos os endereços e os caminhos? _ Ah, já estou acostumado, são muito anos fazendo isso, mas quem sabe mesmo são as renas, elas é que me levam.

Os adultos entram no papo: _Agora é mais fácil, tem GPS, Waze…

E. (5 anos, com as mãozinhas espalmadas e um sorriso largo): – Viu, B.? Eu disse que ele tem mapa!

D. (6 anos): Papai Noel, quantos anos você tem? _Dois mil, responde o velhinho diante dos olhos arregalados das quatro crianças alegres e curiosas.

M.E. (2 anos, com o rostinho escondido no ombro da mãe): _Nauquelo vê papanueu.

Com o saco cheio – de presentes – e com muito calor, apesar dos leques e abanos que B. e E. providenciaram, começa a distribuição dos mimos com a ajuda dos pequenos. Gritinhos de alegria: -Ele leu a minha cartinha! M.E. ousa chegar mais perto para a foto. Foi cativada pela magia e pelos embrulhos coloridos, quem não gosta?

Ganharão presentes os que se comportaram bem e estudaram durante o ano. _Mais ou menos, respondem os sinceros. Por isso já são merecedores. Papéis rasgados, o Bom Velhinho, quase esquecido pelos que veio presentear, diverte os mais velhos.

Hora de se despedir, Noel dança com todos ao som de músicas animadas! _Tchau, Papai Noel, obrigada, até o ano que vem! _Muito obrigada, crianças e… Até 2023!

….

B., nove anos, está intrigada. O raciocínio em formação vislumbra o quão difícil é a logística para percorrer tantas casas em uma noite.

D., seis anos, percebe que com cabelos e barbas tão brancos e tão grandes aquela figura deve ser muito antiga.

E., cinco anos, é a autora da cartinha que ilustra este pequeno relato natalino. É alegre e curiosa. Interessada, tudo quer saber. Adultos ensinaram a ela as letras do nome antes que conseguisse segurar um lápis com firmeza. Depois vieram letras e sílabas várias, em associação com as dos nomes de familiares, de bichos, e de textos em livrinhos infantis. E eis que apresenta a cartinha à mãe. Escreveu sozinha. Tradução: NOEL. BONECA DA ELZA QUE ANDA. LEGO DA ELZA. CELULAR. COLA. Desenhos: EU. PAPAI NOEL SEGURANDO O SACO DE PRESENTES.

_E., existe boneca da Elza que anda? _Deve existir. Papai Noel acha.

A experiência singela pode nos ensinar coisas grandiosas. Vidas em desenvolvimento são esperança. Atenção, lógica e deduções em mentes ainda tenras são promessas de transformações – para melhor, esperamos. Garra e determinação para aprender algo novo criam, inventam, movem o mundo. Compreender que no mundo haverá o certo e o errado é início de aprendizado – até que de modo próprio, farão suas escolhas sob sua única responsabilidade:

Livre arbítrio foi o que Ele, que nasceu em um longínquo dia 25 de dezembro, veio nos ensinar.

Acervo pessoal Urbe CaRioca

A magia que envolveu as quatro crianças nesta Véspera de Natal deveria ser um direito de todos os pequenos neste mundo tão diverso que insiste em guerras e desequilíbrio entre os povos; que insiste no ‘Olho por Olho e Dente por Dente’ em vez de ‘Amai-vos uns aos Outros’, também ensinamento do Menino que aniversariou ontem.

A hora de mudar passou há muito. Que chegue logo. Feliz Natal.

Urbe CaRioca

Imagem obtida na internet em redes sociais

 

 

 

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