Um dos ícones da Zona Portuária do Rio de Janeiro, o imóvel da fábrica do Moinho Fluminense foi vendido neste mês para um grupo paulista. São 53 mil m² de área construída em um terreno de 27 mil m².
Inaugurado em 1887, o Moinho Fluminense foi a primeira fábrica de moagem de trigo do Brasil e sua história tem episódios relevantes, como o fato do seu alvará ter sido concedido pela Princesa Isabel, e no caso em que serviu de esconderijo para o então ministro da Fazenda Ruy Barbosa, em 1893, que precisou fugir de marinheiros durante a Revolta da Armada.
O terreno ocupa quatro quadras entre a Rua Sacadura Cabral e Avenida Venezuela. Conhecida pela beleza arquitetônica de uma autêntica fábrica inglesa, foi tombada pela Prefeitura em 1987. Conheça mais sobre a história do Moinho Fluminense nesta matéria do Diário do Rio.
Urbe CaRioca
História da fábrica Moinho Fluminense
Por Felipe Lucena
Na cidade do Rio de Janeiro, muitas vezes, passado e futuro se encontram. São muitos os casos que isso aconteceu. O Moinho Fluminense é mais um deles.
Quem passa por um trecho da Zona Portuária da Cidade Maravilhosa se depara com uma grande fachada, como se fosse um arco, no alto de uma via comum, por onde passam carros e pessoas. Nessa estrutura está escrito: “Moinho Fluminense”, no Porto do Rio.
Moinho Fluminense foi a primeira fábrica de moagem de trigo do Brasil. Inaugurado em 1887, o prédio faz parte da história da nossa cidade e do nosso país. Além de ser fundamental para o comércio nacional, a fábrica Moinho Fluminense tem suas memórias marcadas por importantes fatos históricos.
“Quando a Fábrica foi inaugurada, a cidade do Rio de Janeiro ainda tinha uma estrutura precária, pequena, até. A inauguração foi, de fato, um marco“, frisa o historiador Maurício Santos.
No ano 1893, Ruy Barbosa (então ministro da Fazenda) se escondeu dentro da Moinho para evitar a ira de alguns marinheiros que aderiram à Revolta da Armada, contra o governo do presidente Floriano Peixoto. Anos mais tarde, outra manifestação popular passou perto da Fábrica. Em 1904, a população montou barricadas em frente ao prédio durante a Revolta da Vacina.
Em 1914, a Bunge, multinacional de alimentos e agronegócios, assumiu o comando da Moinho Fluminense e segue até hoje em dia à frente desta grande fábrica brasileira.
Já em 2011, a Bunge chegou a reformar o prédio da Moinho Fluminense. Contudo, decidiu negociar a área em 2013 e se mudou para Duque de Caxias no ano passado.
Duas empresas de engenharia compraram a área da Bunge e decidiram fazer um grande e moderno complexo empresarial, residencial e hoteleiro, aproveitando o recente destaque da Zona Portuária. Os trabalhos já começaram e a tendência é que no próximo ano algumas obras estejam concluídas, como um hotel com aproximadamente 200 quartos e um prédio de 20 andares de salas comerciais.
Unindo tradição e inovação, o Rio de Janeiro constrói ainda mais história.