Ou, o Bem e o Mal
O debate sobre o futuro do Buraco do Lume, no Centro do Rio, ganhou força após o lançamento de uma campanha contra a construção de um condomínio no local. A proposta, duramente criticada por movimentos sociais e parlamentares, é vista como um risco para a preservação do espaço histórico e simbólico da cidade, que há décadas funciona como palco de manifestações políticas e culturais. A mobilização busca impedir que o interesse imobiliário se sobreponha ao direito coletivo de manter áreas públicas vivas e acessíveis à população.
Não há qualquer justificativa plausível para transformar um espaço de referência em mais um empreendimento privado. O Lume simboliza resistência, memória coletiva e vida pública em uma cidade que já sofre com a falta de áreas de encontro e expressão. Avançar com esse projeto seria uma afronta ao direito da população de preservar o pouco que resta de espaços verdadeiramente democráticos no Centro do Rio.
Enquanto isso, iniciativas realmente úteis estão sendo postas em prática. O antigo prédio da Caixa Econômica Federal será transformado em moradia e comércio, num modelo que reaproveita estruturas existentes e ajuda a repovoar o Centro sem ferir sua identidade. Esse tipo de projeto mostra que é possível revitalizar a cidade com inteligência e respeito, em vez de ceder à especulação imobiliária. O contraste deixa claro: o Buraco do Lume não precisa ser ocupado por concreto, e sim protegido como espaço de convivência e memória.
Nesse mesmo movimento positivo, a volta da ESPM ao Centro reforça a importância da educação e da presença de jovens para dinamizar a região. Escolas, universidades, moradias e comércio são iniciativas que trazem vida e movimento, em sintonia com o espírito de revitalização que o Rio tanto precisa. Diante disso, insistir em um condomínio no Buraco do Lume não é apenas desnecessário — é um retrocesso. A cidade clama por projetos que valorizem a coletividade e respeitem sua história, não por mais muros que segregam e apagam símbolos de luta e identidade.
Urbe CaRioca
Deputado lança campanha contra construção de condomínio no Buraco do Lume
Tempo Real – Link original

O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) lançou uma campanha contra a construção de um condomínio no Buraco do Lume, no Centro do Rio. O parlamentar e outras pessoas contrárias ao empreendimento fizeram um protesto no local, nesta sexta-feira (29).
“Aquele espaço verde ali é respiro e ventilação para uma área já densamente urbanizada. Não cabe uma torre de mais de 20 andares. Vai descaracterizar toda a função que aquele espaço desempenha no Centro”, disse o político.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento (SMDU) autorizou o projeto para a construção de um condomínio residencial no Buraco do Lume, localizado entre as ruas São José, Nilo Peçanha e Graça Aranha. O site Diário do Rio divulgou inicialmente a informação.
O empreendimento no Buraco do Lume, apelidado popularmente de “novo Balança mas não cai”, em referência ao tradicional residencial na Avenida Presidente Vargas, terá 720 unidades — todas studios de 25 a 35 m² — e será o maior aprovado até agora pelo programa Reviver Centro, que busca atrair mais moradores à região.
O prédio não terá vagas de garagem, mas oferecerá áreas coletivas, como piscina, churrasqueira, espaço gourmet com vista para a Baía de Guanabara e o Morro de Santo Antônio, além de bicicletário e academia no térreo. Apesar das críticas de urbanistas, arquitetos e empresários, o terreno é privado e registrado na matrícula 46.729 do 7º Ofício do Registro de Imóveis.
A obra ocupará 2.500 m² de uma área arborizada de 6.000 m², podendo resultar na remoção de cerca de 40 árvores. O terreno, formalmente privado, já passou por negociações controversas, motivando polêmica e oposição de entidades comerciais.