MARIO MOSCATELLI – CARTA ABERTA AO GOVERNADOR E AO PREFEITO

Rio Jacaré e Lagoa da Tijuca
Foto: Mário Moscatelli

Mario Moscatelli acompanha há algumas décadas as más condições ambientais de rios, lagoas e da Baía de Guanabara, bem como a devastação de faixas marginais e encostas devido às ocupações irregulares, na Cidade do Rio de Janeiro. O quadro encontrado se agrava a cada dia, como comprovam as diversas imagens que o biólogo publica nas redes sociais, e as várias explicações apresentadas em entrevistas, e os noticiários no rádio e na televisão.

A Carta Aberta reproduzida a seguir foi compartilhada no último dia 20/11 com o pedido de divulgação geral para que chegue aos endereçados: o governador do Estado e o Prefeito do Município, solicitação ora atendida por este blog.


Urbe CaRioca




SENHOR GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO JANEIRO

SENHOR PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Gostaria de alertá-los para a bomba relógio ambiental que os senhores e os demais moradores da Baixada de Jacarepaguá estão gestando.

Praticamente nada do que foi acertado sob o ponto de vista ambiental, foi executado, com vistas às “Olimpíadas à la brasileira“, como disse sarcasticamente o presidente do Comitê Olímpico Internacional – COI.

Internet


Os rios continuam podres como há seis anos – época da indicação da cidade para sediar o evento -, a recuperação das lagoas continua travada pelo preciosismo da avaliação dos experts do Ministério Público Federal – MPF, e as consequências para esse quadro são:

.   Proliferação de cianobactérias que, dependendo da espécie, podem causar câncer de fígado;
.   Proliferação de marcófitas aquáticas em canais e rios, aumentando a presença de insetos hematófagos – o que potencializa problemas como o da dengue reduz a drenagem dos mesmos, potencializando inundações;
.   Contaminação das praias da Barra e da Joatinga durante os períodos de maré baixa de sizígia por meio de todos os resíduos e contaminantes que saem das lagoas;
.   Mortandade de peixes como a ocorrida no mês de agosto passado no entorno do parque olímpico;
.   Mau cheiro insuportável, fruto da liberação de gás sulfídrico e metano, nas imediações do parque olímpico, proveniente dos rios podres;
.   Agravamento de todos esses problemas em consequência da continuação do crescimento desordenado sem freio.
Poderia me alongar com mais alguns itens, mas considero que esses já sejam suficientes. No “pior dos mundos” prováveis, além do fiasco ambiental da Baía de Guanabara, poderemos ter um fiasco ainda mais retumbante no sistema lagunar se entrar uma frente fria, de moderada a forte, que crie as condições de desestabilização ambiental necessárias para a eliminação de gases do fundo pútrido das lagoas e com a consequente mortandade de peixes, aliada a inundações, caso as chuvas sejam mais intensas.

Portanto, senhores, espero que prevaleça o bom senso, e os senhores com o pouco tempo residual que temos, façam efetivamente algo que possa nos gerar ao menos um mal estar menor diante de todo o mundo, bem como uma melhoria mínima das condições ambientais do sistema lagunar, atualmente e nos últimos 30 anos, uma grande “latrina e lata de lixo” em nossa cidade.

Destaco que todas as instalações olímpicas na Baixada de Jacarepaguá estão sob a influência direta da Lagoa de Jacarepaguá.

Conto mais uma vez com os atentos assessores de imprensa governamentais para que essa postagem chegue às autoridades o quanto antes.

Agradecido.

Biólogo Mario Moscatelli
Obs.: Solicito aos que comungam das minhas opiniões e alertas que repliquem a postagem a fim de que a mesa chegue aos tomadores de decisão enquanto há algum tempo.


Foto: Mário Moscatelli
Foto: Mário Moscatelli


NOTA DE ESCLARECIMENTO AOS “RICOS” E “POBRES” (v. as duas próximas imagens)

Diferente do que muitos pensam e escrevem, A DEGRADAÇÃO É DEMOCRÁTICA, isto é, ela permeia todas as classes sociais das mais diferentes formas, umas degradam mais, outras menos, mas sem dúvida, todas degradam. Esclareço isso, pois insistentemente, algumas pessoas investem no discurso do “fascismo verde” ou do “socialismo verde” onde dependendo de qual classe social e ou local que vivam, a culpa da degradação ou é do “favelado” ou é do “rico”.
Infelizmente a DEGRADAÇÃO É DEMOCRÁTICA e surge da relação coflituosa, parasitária, predatória que temos com os recursos naturais, amplificado principalmente em sociedades de baixa qualidade de educação, onde o analfabetismo funcional é quase regra e onde discursos segregacionistas se espalham como água pelas forças políticas que com isso só tem um interesse: desunir para mais fácil dominar.

Portanto aos “pobres” e aos “ricos” que fique claro que no conjunto da obra, nessa história não tem mocinho, todos somos bandidos, principalmente quando democraticamente selecionamos candidatos que em absolutamente nada acrescentam na melhoria da qualidade ambiental e de vida de nosso ambiente e sociedade.

Detalhe do lançamento de esgoto tanto da “comunidade” Alfa Barra na lagoa de Marapendi, como do “condomínio” da Muzema na lagoa da Tijuca – não tem mocinho nessa história e infelizmente nos igualamos sempre por baixo quando o assunto é ambiente!

Mario Moscatelli

Condomínio Alfabarra, Barra da Tijuca
Foto: Mário Moscatelli
Muzema, Jacarepaguá
Foto: Mário Moscatelli

Comentários:

  1. Não se preocupe, Lúcia, "Quem gosta de pobreza é intelectual", já dizia Joãozinho Trinta. Há décadas apostam na favelização do Rio, como solução para moradia de baixa renda e calam a boca dos que realmente gostam dos pobres, aqueles que creem na obrigatoriedade do estado em resolver a questão da moradia, do saneamento e da urbanização. E vem aí mais uma dupla tentando se eleger para governar o Rio, apostando na favelização do Jardim Botânico, porque isso é que é legal! Meus pêsames, conterrâneos.

  2. Há anos alertei a degradação do Recreio dos Bandeirantes com a expansão das favelas sobretudo do Terreirão poluindo o Canal das Taxas e a Lagoinha. Cheguei mesmo a fazer um site sobre o favelabairro com fotos e mostrando que nenhuma providência foi feita para despoluir o Canal e a Lagoinha. Agora desisti de me expor. Alegaram que eu não gostava de pobre. Vargem Grande está sendo destruída. Pobre cidade.

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