Artigo: RISCO AMBIENTAL EM COPACABANA, de Carmen Sá Barreto

  

Foto 1

O artigo de Carmen Sá Barreto* aponta problemas causados pelas obras de construção de um edifício destinado a hotel, na Rua Barata Ribeiro, Copacabana, em substituição a um pequeno prédio de dois andares.
É certo que o número de hotéis vem crescendo expressivamente desde a criação das leis urbanísticas que ficaram conhecidas por PACOTE OLÍMPICO 1, aprovadas em 2010.


Conforme explicamos em vários posts, incentivos fiscais e o aumento de índices construtivos criados especificamente para aquela tipologia de edificação – HOTÉIS, POUSADAS, RESORTS E ALBERGUES – provocou o que chamamos de ‘enxurrada hoteleira’ na Cidade do Rio de Janeiro, tema analisado em RIO DE JANEIRO – HOTÉIS EM REFORMA, EM CONSTRUÇÃO, EM PROJETO OU EM ESTUDOS, em DEMOLIÇÕES 3 – OS HOTÉIS E O PACOTE OLÍMPICO 1, e em ZONA PORTUÁRIA SEM HABITAÇÃO + HOTÉIS = PACOTE OLÍMPICO 1 , quando mencionamos as leis urbanísticas aprovadas pelo atual prefeito e pela Câmara de Vereadores na gestão 2009-2012.

Porém, o caso trazido ao blog pela engenheira-química está focado nas consequências do método adotado para construir as fundações, o que independe do uso a que o prédio se destina. A menção à tipologia de hotel nesta apresentação é apenas um alerta para que se verifique o respeito aos parâmetros construtivos do bairro, conforme preconiza a Lei 108/2010**, uma das três que criaram benesses para o setor hoteleiro.
Nota: Todas as imagens foram cedidas pela autora.

Urbe CaRioca

Foto 2


RISCO AMBIENTAL EM COPACABANA

Sobre poluição de lençol freático


Carmen Sá Barreto


Na Rua Barata Ribeiro, 173, Copacabana, em frente à Praça Cardeal Arcoverde, a Construtora Engeziler demoliu um pequeno prédio de dois andares, onde funcionava uma Farmácia Popular, para construir, no local, um prédio de 13 andares. (Foto 1)



Foto 3

Retiraram as fundações singelas do antigo prédio, cavaram o terreno para implantação das novas estruturas, monstruosamente maiores, e atingiram um lençol freático da Praia de Copacabana, suponho, de maneira inesperada.




Foto 4

O tratamento que estão dando para o problema é o bombeamento de cimento, através de uma sonda (Foto 2)para o subsolo, onde corre o lençol freático. Mas a Natureza não aceita, de forma passiva, o ataque humano e tem se rebelado, do jeito que pode, jogando o cimento, com água subterrânea, de volta para a superfície. A situação do canteiro de obras é lamentável – um mar de cimento e água – conforme as Fotos 3, 4 e 5. As Fotos 6 e 7 mostram o canteiro de obra, em sua totalidade, com e sem zoom, respectivamente.


Foto 5

Pergunto às autoridades competentes, Prefeitura e aos setores responsáveis –Secretaria Municipal de Urbanismo e Secretaria Municipal de Meio Ambiente – e quaisquer outros órgãos afins:

1) A licença para a construção do prédio considerava a possibilidade deste tipo de procedimento: injeção de cimento em lençol freático?
2) Se não foi considerado este procedimento na licença inicial para a construção do prédio, as autoridades estão cientes do que vem acontecendo e estão de acordo com este procedimento?
3) Foi feito um Relatório de Impacto Ambiental levando em consideração a possibilidade da existência de lençol freático e a injeção de cimento no subsolo?
4) Qual o impacto nos lençóis freáticos de Copacabana, inclusive aqueles que são utilizados nos “chuveirinhos” da praia?
5) Qual o impacto de um produto cáustico como cimento nas águas subterrâneas da praia de Copacabana?

Na Wikipédia, encontramos a seguinte citação: A proteção do lençol freático é uma preocupação dos ecologistas. Por incorporar todo o líquido que vem da superfície e ainda os elementos hidrossolúveis, diversas práticas humanas oferecem riscos de contaminação deste importante recurso hídrico.
Sem dúvida, a injeção proposital de cimento no lençol freático causará um dano incalculável a todo o sistema freático da região.
Afora estas questões ambientais extremamente preocupantes, ainda há o fato de que a sonda (Foto 2), que precisa injetar o cimento no subsolo em altíssima pressão, faz um barulho altíssimo, incompatível com uma região urbana. Copacabana é o bairro do Rio de Janeiro, e talvez do Brasil, com a maior densidade de população idosa.
É inconcebível a permanência desta obra, que vem produzindo poluição ambiental e sonora nesta região tão querida, que é a nossa Princesinha do Mar, cartão postal do Rio. 
No aguardo de uma manifestação das autoridades e até mesmo da sociedade engajada na preservação do nosso meio-ambiente.


Foto 6

Foto 7

*Engenheira química, atuou nas áreas de petroquímica, petróleo e gás. Formada pela UFRJ em 1976, é pós-graduada em Gerenciamento de Projetos Petroquímicos do IBP; Economics of Petroleum Refining e Supply and Transportation of Oil and Refined Products– Financial Analysis, Business Processes and Performance Measurement – The College of Petroleum and Energy Studies – Oxford.
**Art. 12. Na V Região Administrativa – V RA – Copacabana e Leme – fica permitida a construção de edificação destinada a serviço de hospedagem, não afastada das divisas, respeitando os gabaritos máximos determinados pelo Projeto Aprovado de Loteamento – PAL 22.351 e PAL 33.100 e pela legislação específica para as Áreas de Proteção Ambiental e Cultural, devendo obedecer à volumetria definida para hotel e à Lei Complementar nº 47, de 1º de dezembro de 2000.

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