Minha casa, minha vida?
Seu projeto, minha vida?
Mais conjunto é desdita,
Casa ou prédio, outro erro.
Uma ideia antiquada,
Minha vida isolada,
Outro gueto que se habita.
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Minha casa, minha vida?
Ou comuna apartada?
É asneira revivida,
Minha vida, preterida.
Moradia separada,
Minha origem, esquecida,
Muita gente repelida.
Sai governo, entra governo, e erros comprovados se repetem. Do ponto de vista urbanístico, os projetos mais recentemente batizados de Minha Casa, Minha Vida – sejam conjuntos de casas ou de edifícios de cinco andares – repetem o modelo existente há décadas no Brasil e na Cidade do Rio de Janeiro, aqui intimamente relacionados ao deslocamento da população que morava nas favelas da Zona Sul – casos mais conhecidos – e da Zona Norte, como foi o do espaço que recebeu a construção da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, nos anos 1960/70.
A construção sistemática de tais conjuntos urbanos ditos “populares”, em geral afastados do centro da cidade, em bairros dotados de pouca infraestrutura, formou verdadeiros guetos, sem a presença do Estado e sujeitos a toda sorte de problemas. Exemplo é a Cidade de Deus, retratada em livro e filme como lugar violento onde não há lei, mesmo que a grande maioria dos moradores seja de pessoas comuns, trabalhadores, cariocas de bem.
Mais recentemente, os conjuntos Nova Sepetiba – no bairro de mesmo nome – e Frei Caneca – onde ficava o antigo presídio, repetiram o modelo de isolamento, embora o primeiro seja distante de tudo, e o segundo fique no coração da cidade.
O Prefeito recém-chegado acena com a construção de mais um conjunto popular, no bairro de Benfica, no lugar do belo prédio industrial onde funcionou a antiga Fábrica de Sabão Português. É próximo ao Centro, é verdade, mas também à beira de uma via expressa, a Avenida Brasil, como foi a Vila do João. A se concretizar, que não seja o embrião para mais problemas insolúveis em pouco tempo, fruto de bolsões não integrados à cidade, onde só moradores passam.
O que diz o Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB? O que diz a Academia?
Urbe CaRioca