Em 19/07 o post 19 DEMOLIÇÕES, O NOVO NO LUGAR DO EXISTENTE E O PATRIMÔNIO CULTURAL CARIOCA relacionou, entre outros aspectos, a renovação urbana e o adensamento populacional exacerbados pelos incentivos à construção civil. Dizia:
“As demolições de imóveis na cidade com vistas à renovação urbana são o melhor indicador do adensamento populacional efetivo a que determinados bairros da cidade estão sujeitos, considerando-se que, invariavelmente, as construções existentes são substituídas por outras de maior porte (…)” e “Não se aborda neste texto o caso da cidade informal, que cresce sem controle, nem os incentivos à ocupação de áreas vazias, como é o caso da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, região das Vargens e, em breve, Guaratiba”.
Sob a ótica estrita da construção civil há semelhanças entre o que ocorre nos bairros oficiais e aquelas áreas.
O PARQUE OLÍMPICO – BENESSES NAS ALTURAS |
br.freepik.com |
As iniciativas dos empresários do mercado imobiliário que atuam na primeira contam com índices urbanísticos especiais, leis que regulam obras ilegais como a ‘mais valia’ e, recentemente, a ‘mais valerá’ (!), perdão de dívidas, benefícios fiscais e até a vergonhosa doação de área pública para um Campo de Golfe!
Aos empreendedores da segunda ‘cidade’ falta o carimbo oficial.
O Globo |
Exemplo atual é a proposta de um complexo gastronômico e de exposições de grande porte na Floresta da Tijuca – reserva ambiental tombada – como ampliação do antigo Hotel das Paineiras: terá 395 vagas, dois restaurantes, botequim, loja e dois centros de exposições. E não será hotel!
Internet |
Tal como no caso da Marina da Glória, novamente o órgão de Patrimônio Cultural ‘aprova’ um projeto sem considerar a lei de uso do solo. Em que diferirá das várias ocupações irregulares com favelas/comunidades no Alto da Boa Vista? A origem da iniciativa, a concordância do poder público, alguma lei urbanística específica a ser feita – nem as leis prejudiciais do “Pacote Olímpico 1” amparam a proposta –, e as assinaturas oficiais (v. o artigo Hotel Paineiras – Mais um projeto mal intencionado).
Que essas reflexões possam reacender os debates institucionais e da sociedade civil sobre a questão urbana e habitacional na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e sobre as prioridades das políticas públicas que têm sido adotadas usando-se como pano de fundo os grandes eventos que vimos recebendo, e que ainda chegarão.
Os eventos passarão. O futuro do Rio é o que interessa.