Em 2017, publicamos os posts “Cais dos Mineiros – Mais sobre o Novo Museu da Marinha” e “Áreas da Marinha continuam em foco: Novo Museu e nova polêmica à vista” sobre o projeto para a construção de um “novo museu” na Cidade do Rio de Janeiro, onde funciona o Espaço Cultural da Marinha.
No último dia 20 a Agência Marinha de Notícias divulgou a notícia abaixo, sobre o assunto. O texto não informa se o projeto foi aprovado pelos órgãos de Proteção do Patrimônio Cultural e pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, condição preliminar para que a proposta seja viável. A análise dos Projetos de Alinhamento vigentes sugere que as visadas a partir da orla devam ser livres, o que tornaria o local non-aedificandi caso o prédio atual viesse a ser demolido. Com a palavra, as autoridades.
Urbe CaRioca
Museu Marítimo do Brasil dará maior visibilidade à história marítima e ao poder naval no País
Agência Marinha de Notícias
Brasília, DF
Primeiro-Tenente (RM2-T) Luciana Santos de Almeida
Mirando em cultura, história, cidadania, acessibilidade, inclusão e sustentabilidade, o futuro Museu Marítimo do Brasil (MuMa) almeja oferecer ao público um entretenimento de qualidade, integrando a cidade e o mar.
A ser construído no Espaço Cultural da Marinha, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), esse novo polo cultural dará maior visibilidade à história marítima e ao Poder Naval no País, circunscrevendo a brasilidade como identidade e a multidisciplinaridade como discurso para provocar, desenvolver e difundir a consciência marítima em nossa sociedade. O MuMa será o primeiro museu marítimo público do Brasil e o terceiro do gênero da América Latina.
O projeto, que está sendo coordenado pela Marinha do Brasil (MB), por meio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), em parceria com o Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro, está na fase de elaboração de um Projeto Executivo de Arquitetura e de Projetos Técnicos Complementares para a sua construção. Por meio desses projetos é que serão definidos, de forma minuciosa, os parâmetros arquitetônicos e estruturais necessários para a realização da obra.
A proposta arquitetônica preliminar, vencedora do concurso realizado em meados de 2021, prevê a construção de dois prédios. Um deles ficará próximo ao passeio público, na vertical, e outro, no píer, na horizontal. No primeiro, com cinco andares, haverá uma ampla área térrea para recepcionar o público. O local terá auditório, espaço para recepção de escolas, área administrativa e restaurante panorâmico com vista para a Baía de Guanabara. No segundo, onde efetivamente ficará o museu, a construção sobre pilotis (térreo livre) contará com dois pavimentos, onde serão feitas as exposições.
De acordo com o diretor da DPHDM, Vice-Almirante José Carlos Mathias, o museu “é motivo de grande satisfação para nós, da Marinha, por destacar o nascedouro de nosso País: o mar. O mesmo mar que revelou o Brasil ao mapa da história e por ele a história foi e continua sendo escrita; o mar pelo qual foi consolidado nosso processo de Independência. O mesmo mar de pescadores, que tiram dele o seu sustento; o mar das plataformas marítimas de petróleo, de nosso pré-sal. O mesmo mar que abraça a costa desse País continental, atraindo turistas de todo o mundo em nossas prais; o mar que é responsável por mais de 95% do nosso comércio exterior”.
Concurso para a escolha do projeto
Em 2021, a Marinha do Brasil promoveu um concurso público nacional para a escolha do estudo preliminar de arquitetura, que levasse em consideração a geografia e a história do local da construção. Foram 191 inscritos de 17 estados brasileiros no certame, planejado e executado pelo Departamento do Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/RJ). O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) também teve papel importante como incentivador da criação e construção do museu ao estimular a realização de concursos para a escolha do projeto arquitetônico e da identidade visual desse empreendimento cultural.
O projeto vencedor foi de Rodrigo Messina e sua equipe, uma parceria entre os escritórios Messina/Rivas Arquitetura, de São Paulo (SP), e Ben-Avid Studio, de Córdoba, na Argentina. Os arquitetos e urbanistas Messina, Francisco Rivas e Martin Benavidez desenvolveram as ideias em conjunto com uma equipe formada pelos colaboradores Stefanía Casarin, Alen Gomez, Emanuel Fara, Franco Fara e Facundo Rasch.
Para Rodrigo Messina, o museu será um espaço de encontros. “A sociedade pode esperar um espaço que revele hospitalidade e encontro com o outro, bem como a convivência socioambiental necessária com a cidade do Rio de Janeiro”, afirmou.
Na opinião de Rivas, o projeto foi desafiador. “Está clara a responsabilidade institucional, educacional, econômica, sociocultural e ambiental que a construção desse espaço exige. Mas a atividade da arquitetura, enquanto modo peculiar de conhecimento capaz de articular uma série de saberes por meio da técnica e construção, procura responder — não sem antes convocar a imaginação — a esse desafio”, pontuou.
Para o Presidente do IAB-RJ, o arquiteto e urbanista Igor de Vetyemy, o projeto vencedor, além de cumprir as especificidades exigidas, destacou-se das demais propostas arquitetônicas por oferecer, entre outras particularidades, um percurso que possibilita a cada visitante adquirir conhecimentos não apenas sobre os objetos expostos, mas sobre o espaço onde o museu estará inserido.
Vetyemy detalha os espaços do novo museu: “Primeiro, o visitante vislumbra ao longe o museu emoldurando o molhe histórico, como se flutuasse sobre ele. Depois, o percurso convida-o a atravessar uma ponte de acesso que mimetiza a experiência da entrada em grandes embarcações pelo seu casco. Atravessando o salão, uma circulação se coloca externa a ele e, só então, é possível voltar a ter contato com o horizonte marítimo, através de janelas redondas que se assemelham a vigias náuticas. Ao final, esse percurso convida a um passeio livre sobre o molhe, com um bar na ponta que promete uma das mais belas vistas do Rio de Janeiro.”
O grande diferencial em relação aos demais museus, cujas temáticas são relacionadas ao mar, é que o MuMa reunirá várias perspectivas sobre a cultura marítima, explica o Presidente do Ibram, Pedro Machado Mastrobuono. “Além do acervo histórico e documental pertencente à Marinha, o museu contará com acervos de ciência, tecnologia e arte, que pretendem apresentar ao público a biodiversidade marinha da costa brasileira, tratar sobre questões para a sua preservação, e abordar diferentes aspectos da atividade econômica e social em torno do mar.”
Desafios do MuMa
O principal desafio, segundo explica o diretor da DPHDM, Vice-Almirante Mathias, é financeiro, visto que um museu desse porte demanda elevada soma de recursos para sua execução. “Até aqui, já obtivemos êxito em dois grandes desafios. O primeiro deles, em novembro de 2020, com a conclusão das obras de recuperação das fundações do píer do Espaço Cultural da Marinha, local das futuras instalações do Museu Marítimo do Brasil. O segundo, a realização do Concurso Público de Estudos Preliminares de Arquitetura, em 2021”, comemorou.
Ele ainda assinalou qual é o foco atual do Projeto Museu Marítimo do Brasil: “Cientes da relevância do Projeto Executivo de Arquitetura e dos Projetos Técnicos Complementares, envidaremos esforços, em 2022, para captar recursos que viabilizem sua execução por intermédio do programa de mecenato ‘Patronos da Cultura Naval’. Seja por meio de leis de incentivo fiscal ou de patrocínios diretos, buscamos reunir parceiros que, como nós, entendem o papel de protagonismo da cultura.”
Explicou também que ter um projeto arquitetônico, ainda que preliminar, ajuda os envolvidos a vislumbrar as possibilidades e potencialidades do futuro museu, cujo início da construção está previsto para 2024. “Torna-o mais tangível num horizonte próximo e injeta ânimo em nossos profissionais, da DPHDM e do Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro, para angariar investimentos que viabilizarão sua construção, bem como na coordenação e realização das diferentes etapas do projeto”, avaliou o diretor.
Fonte: Marinha do Brasil