PÉS-DE-MOLEQUE AGORA NA PRAÇA XV


NA ZONA PORTUÁRIA DO SÉCULO XX, NA AVENIDA RIO BRANCO, NA RUA DA CONSTITUIÇÃO E, AGORA, NO CORAÇÃO DO RIO, PALCO DO BRASIL COLÔNIA, DA REALEZA, E DO IMPÉRIO

Antigo Mercado Municipal, Praça XV
Internet
O post O PASSADO RESSURGE NO CAMINHO DO VLT, do último dia 10, teve grande repercussão. O tema do artigo do historiador Marcus Alves foi uma descoberta na Rua da Constituição, Centro do Rio de Janeiro, divulgada por ele e demais membros do grupo S.O.S. Patrimônio nas redes sociais: o belo piso “pé-de-moleque” que ficou à mostra depois das escavações para retirada dos antigos trilhos de bonde do século XX capeados pelo asfalto quando aquele meio de transporte foi eliminado na cidade nos anos 1960, exceção para o bairro de Santa Teresa. Ironicamente a obra se deve à instalação dos novos trilhos que receberão os trens do VLT – Veículo Leve Sobre Trilhos, um bonde no século XXI.
Depois do Cais do Valongo, da Avenida Rio Branco, e da Rua da Constituição, novidades também surgem na região da Praça XV de Novembro.

No último dia 24 as professoras do DHT – Departamento de História e Teoria da UFRJ Niuxa Drago, Maria Clara Amado, Helenita Bueno, Silvana Nicolli e Juliana Guerra visitaram as obras nas imediações da Praça XV. Niuxa Drago, também membro do grupo S.O.S. Patrimônio, fez o seguinte relato:


Na altura do antigo terminal, ao lado do Museu Histórico Nacional e em frente ao Museu da Imagem e do Som, há uma escavação muito profunda, onde é possível ver vários estratos arqueológicos.

A obra foi feita rapidamente, pois havia passado ali poucos dias antes e nada chamava a atenção. As várias estruturas aparentes que podem ser vistas nas duas fotos que tirei são intrigantes.

Praça XV de Novembro, Centro, Rio de Janeiro
Foto: Niuxa Drago, 24/08/2015

Na primeira foto há três pisos identificáveis – um de ladrilho, outro de paralelepípedo e, mais abaixo, o de pé de moleque. No fundo há uma espécie de muralha ou quebra mar (antigo porto?).



Praça XV de Novembro, Centro, Rio de Janeiro
Foto: Niuxa Drago, 24/08/2015
A segunda foto mostra um pequeno pátio de pé de moleque com uma escada ao lado e uma grande peça de granito pousada ali, que pode ter pertencido a uma edificação. Salvo engano, no local ficava o antigo Largo do Moura, e como a escavação está muito profunda, podem ser estruturas do século XVIII, pois parecem estar bem abaixo do nível do antigo mercado (talvez o piso de ladrilhos mais acima seja do antigo mercado).

É importante que historiadores, arqueólogos eou outros especialistas visitem na área o mais rapidamente possível, pois as obras feitas “a toque de caixa” farão essa parte da memória urbana do Rio, agora visível, desaparecer mais uma vez.

Em meio a tantas obras realizadas em nome dos Jogos Olímpicos 2016, muitas polêmicas e questionáveis é inegável que a demolição do Elevado da Perimetral e as respectivas obras de reurbanização fizeram o Rio Antigo aflorar. Espera-se que os gestores públicos tenham sensibilidade e respeito para com a memória da cidade e aproveitem essa oportunidade única.

Os elos coloridos dos Jogos são temporários. A ser mantido, o elo com o passado do Rio revivido pelos achados arqueológicos talvez seja o verdadeiro legado das muitas intervenções “pra Olímpíada”!


Urbe CaRioca
Rua da Constituição, Centro, Rio de Janeiro
Foto: Marcus Alves, 12/08/2015

  1. Entre o RIO450 e a Mui Heróica e Leal Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiros, varias fundações foram assentes.?Varios caminhos foram rompidos e pavimentos lhe deram consagração, temporárias permanências enquanto servindo houvesse. E várias foram as camadas superpostas, transpostas e até repostas, neste eterno jogo de produzir no presente o Futuro sobre os passados. Várias as rupturas Institucionais que lhes deram origens ãs varias descontinuidades espaço-temporais, apenas reveladas num rasgo transversalmente disposto a várias delas; Quais? Onde? Até quando? Reviver a experiência do passado não vivido no presente em busca de estabelecer o futuro, é algo deveras inusitado, desafiador e ao mesmo tempo impactante sobre o destino das obras que visam edificar no aqui agora, as metas do daquí há pouco! Buscar sempre o Espaço do Real ajustado aos diferentes tempos em que a Urbe existiu e por sobre os quais se assentam as estruturas do futuro parece inevitável, a ser mantido um mínimo de racionalidade para que a linha do tempo cumpra os seus desígnios !

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