Marcelo Copelli
O novo-velho prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse nesta terça-feira, dia 5, que a Floresta do Camboatá, no bairro de Deodoro, na Zona Oeste do Rio, não será casa do polêmico autódromo planejado para a Cidade. “Não vai ter autódromo em Deodoro. O meu compromisso com os ambientalistas, com o Partido Verde, que me apoiou nas eleições, é de identificar uma nova área para esse autódromo, um novo local”, disse Paes em entrevista concedida para a Rádio Bandeirantes.
Apesar de o alcaide anterior, Marcelo Crivella, ter sido um dos mais inclinados cabos eleitorais do projeto de autódromo entregue nas mãos do consórcio Rio Motorsports, e que conta com a anuência do governo do Estado e da própria Presidência da República, é fundamental rememorarmos os fatos que antecedem a declaração do recém-empossado prefeito, já que a ideia de colocar abaixo o Autódromo Nelson Piquet, em Jacarepaguá, para a construção do Parque Olímpico, e a proposta de construir um novo circuito em área de Mata Atlântica, foi justamente de Paes.
Em 2012, em virtude de todas as licenças necessárias, Paes chegou a dizer que “queria sempre buscar um acordo”, mas que lutaria se preciso fosse. Ainda naquele ano, já se anunciava que a construção do novo autódromo poderia parar na Justiça. Em reunião presidida pelo secretário municipal de Meio Ambiente e vice-prefeito, na época, Carlos Alberto Muniz, o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Consemac) enviou um parecer para Eduardo Paes com o pedido de alteração no local previsto para a construção da instalação, citando que o principal problema era o de que a localização escolhida para a construção impactaria diretamente o Morro da Estação, considerado, por lei, Sítio de Relevante Interesse Paisagístico e Ambiental Municipal.
E, mais, a sugestão do Consemac era a de que a instalação fosse erguida em um terreno situado também em Deodoro, mas distante um quilômetro do local escolhido. Ou seja, não teria sentido arrancar milhares de árvores e ameaçar dezenas de espécies, se existiam outras opções.
Paes, entretanto, reagiu e informou que não acataria o parecer, e que iria até o Consemac para detalhar o projeto e fazer os ajustes necessários para adequá-lo à legislação ambiental.
Neste contexto, a questão foi debatida incansavelmente por vários grupos defensores do meio ambiente por anos, atravessando gestões e ameaçando diuturnamente a área de Mata Atlântica.
Evidentemente, o atual prefeito declarar o recuo diante da proposta aparenta ser um bálsamo após tanto empenho da sociedade civil, mas é importante não esquecer todos os ativos envolvidos e que exigiram anos de luta por uma proposta na qual o atual prefeito tem fundamental parcela de participação.
Se esse “filho” tem pai, certamente carrega em Paes o seu sobrenome, pois em sua primeira gestão foi o autor da Lei Complementar nº 108/2010 que previu a construção do autódromo na Floresta de Camboatá, e previu índices construtivos generosos do mesmo modo que na área do Parque Olímpico – onde existia o Autódromo de Jacarepaguá, demolido “pra Olimpíada”.
Esperamos que o Prefeito cumpra a sua palavra.
Urbe CaRioca
Na mídia:
MPF questiona licitação de autódromo no Rio; empresa e Prefeitura negam favorecimento
Sobre o autódromo e o sambódromo
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No blog Urbe CaRioca:
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No blog Sonia Rabello:
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