Presidente Vargas : por uma avenida humanizada

Arquivo/Prefeitura do Rio

Durante a Era Vargas, o país atravessou um processo de mudanças, incluindo sobretudo, entre as suas pautas, incentivos à “modernização”. E, nesse contexto, levanta-se a ideia de criação da Avenida Presidente Vargas, no intuito de se promover o “progresso”, exigindo, porém, a demolição do ícones do patrimônio cultural então existente.

Entre esses, diversas construções coloniais, a exemplo da Igreja São Pedro dos Clérigos, um dos primeiros prédios tombados do Rio. Na época, houve uma proposta de substituição da parte inferior das paredes da igreja por concreto e a utilização de rolos para deslocá-la para o outro lado da avenida, processo que já era feito de forma semelhante no continente europeu com rolos de aço. A sugestão, porém, não foi adiante devido à impossibilidade técnica de realização.

Hoje a Avenida Presidente Vargas serve como via de passagem para milhares de veículos diariamente, contribuindo de forma inquestionável para o acesso ao Centro do Rio e a outras regiões. Ao mesmo tempo, vale lembrar que o preço de sua criação, incluiu a derrubada de vários outros imóveis representantes da riqueza cultural da Cidade, perda irreparável talvez contornável, conforme feito para preservar a Igreja da Candelária, local onde as pistas da grande avenida se separaram e a envolvem.

No estado atual em que se encontra, a Presidente Vargas clama por uma manutenção e intervenções que há muitas décadas deveriam ser atendidas pelos administradores públicos, para torná-la mais humanizada.

Recentemente foi anunciada a previsão de implantação de pavimento em pedras portuguesas no canteiro central da Avenida Presidente Vargas (cruzamento com a rua Uruguaiana) e a recuperação do guarda-corpo no mesmo cruzamento. Há mérito. É pouco. A enorme via é inóspita. Atravessá-la é aventura. No verão é tortura. Há de haver mais a ser feito.

Abaixo, registros da primeira metade do século XX no Centro do Rio de Janeiro. É possível observar-se um cenário que reflete as mudanças dramáticas da paisagem e um pouco da rotina daquela época. Em destaque, a triste demolição da Igreja de São Pedro dos Clérigos (1733) em estilo rococó, que ocorreu em 1940 para a construção da Avenida Presidente Vargas.

 

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