Não é a primeira vez que a Enseada de Botafogo e seu entorno – parte da paisagem urbana que deu título da UNESCO ao Rio de Janeiro – são ameaçadas por elementos estranhos.
Houve quem quisesse instalar uma dupla inesperada na beira d´água – estátuas de Mané Garrincha e de Machado de Assis lado a lado, próximo ao Morro da Viúva que ninguém vê -, salpicar o piso do calçadão de estrelas pretas, e instalar um chafariz no espelho d’água. Por ali também foi cogitada a instalação do monumento às vítimas do Holocausto, objeto desta postagem.
A Roda-Gigante que concorreria com o Pão de Açúcar e o Morro da Urca quase foi espetada na outra ponta do calçadão. Estaria também em uma das visadas do Morro do Pasmado, atrapalhando a vista de quem estivesse no mirante criado no lugar onde existiu uma favela, removida nos anos 1960. Houve reação contrária geral e, em especial, dos moradores de Botafogo. Por enquanto é assunto esquecido.
Felizmente esses projetos não foram adiante.
Mesma sorte não teve o espaço do antigo Pavilhão Mourisco, substituído por uma construção oval onde funcionavam equipamentos esportivos do Clube Botafogo de Futebol e Regatas, mais recentemente substituído por um prédio espelhado que eliminou a visão do Pão de Açúcar a partir da saída de uma das principais artérias do bairro, a Rua Voluntários da Pátria.
Há algumas semanas voltou à tona proposta para criar um monumento às vítimas do Holocausto no alto do Morro do Pasmado. Em maio passado o post MORRO DO PASMADO – A FAVELA, O PARQUE, O QUIOSQUE, O MONUMENTO, E A PAISAGEM MACULADA teve grande repercussão neste blog e nas redes sociais com manifestações contrárias ao local escolhido pela prefeitura devido à interferência negativa na paisagem carioca.
Hoje o noticiário informou que o Prefeito lançou a pedra fundamental da futura construção, o que demonstra total falta de sensibilidade em relação ao principal motivo de orgulho que a Cidade do Rio de Janeiro desperta: a nossa paisagem.
As vítimas do Holocausto merecem respeito e todas as homenagens, vale repetir: tal horror jamais pode ser esquecido.
Porém, qualquer proposta nesse sentido não deveria trazer como contraponto o desprestígio ao Rio, o que demonstrará total falta de sensibilidade dos gestores públicos responsáveis quanto a cuidar da cidade e desrespeitá-la.
O que dizem os órgãos de Patrimônio Cultural?
Urbe CaRioca