ARCO METROPOLITANO, MARACANÃ, FAVELAS, e o AMANHÃ

Recentemente reservamos algumas notícias publicadas na grande imprensa sobre obras públicas de interesse deste blog urbano-carioca para comentar em postagens específicas daqui a alguns dias.

Curiosamente, os acontecimentos divulgados em entrevista coletiva, ontem, pela Polícia Federal, Ministério Público Federal (Paraná e Rio de Janeiro) e Receita Federal posteriormente à prisão de mais um ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, mencionaram duas daquelas obras: a construção da estrada chamada de Arco Metropolitano e a reforma (na verdade reconstrução) do Estádio do Maracanã.

Por isso antecipamos os comentários neste Post.

Sobre a nova via que atravessará oito municípios da Região Metropolitana do Estado e contorna o município do Rio, trata-se do Editorial do Jornal O Globo de 16/10/2016, apontando os riscos de que a nova ligação abrisse caminho para a ocupação desordenada – favelização – da enorme área ao longo dos 71km inaugurados há dois anos (concluído, o “arco” terá 145km):
UVA – trabalho de graduação



O Maracanã e a inexplicável e inaceitável obra que praticamente o demoliu – restando apenas os grandes pilares modernistas que o identificavam junto com a espetacular marquise de concreto armado em balanço, ícone e também símbolo de uma conquista da engenharia civil na época – frequentaram assiduamente as páginas virtuais deste blog, inconformado com a destruição, com o parecer favorável do IPHAN à demolição, com a revogação, pelo atual prefeito do Rio, em 2012, do ato do seu antecessor que tombara o Complexo do Maracanã em 2007.

Não entramos no mérito dos gastos públicos absurdos e muito provavelmente desnecessários que dessa decisão viriam, hoje comprovados. Há vários posts além de: 

MARACANÃ: MAIS MUTILAÇÃO (23/10/2012)


Comentário Elio Gaspari, O Globo, 13/11/2016




Quanto às obras do chamado Plano de Aceleração do Crescimento – PAC das Favelas, também mencionadas pelos procuradores, referem-se às favelas da Rocinha, Manguinhos e Complexo do Alemão. Não houve posts específicos sobre tais obras. 

Escolhemos um artigo de Julia Michels de 2012 sobre o Complexo do Alemão, publicado em Rio Real, blog de sua autoria, que ilustra um período em que parecia haver alguma esperança de que territórios apartados fossem integrados de fato à urbe oficial e dotados de serviços públicos eficientes:

MAIS UM GRANDE LANCE, QUASE DOIS ANOS APÓS O ALEMÃO, de Julia Michaels (14/10/2012)



Note-se que foram mencionadas apenas três obras!

O que poderá surgir ainda sobre as terras cariocas que abrigaram a Copa das Confederações, diversos jogos de futebol e a final da Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e tantas outras obras de grande porte como a Falsa Linha 4 do Metrô, a demolição do Elevado da Perimetral, as vias expressas “Transtudo”, as obras de reurbanização da Zona Portuária, os caminhos do BRT, e a megalomania (só isso?) que fez surgirem tantas pontes estaiadas, entre outras? Sem esquecermos, é claro, das inúmeras leis urbanísticas que beneficiaram o mercado imobiliário com o aumento expressivo do gabarito de altura das construções e de outros índices urbanísticos e construtivos!

Resta aguardar o que O Tempo dirá.

E que se evitem as futuras favelas do Arco Metropolitano, embrião para algum “PAC” do amanhã.


Urbe CaRioca

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